Noite sem fim

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A noite havia caído como uma manta negra, escurecendo toda a cidade. Não havia mais eletricidade, Lucas tinha feito um ótimo trabalho em sua casa levando o gerador que havia pego da casa vizinha, isso o deixava ocupado distanciando de sua mente aqueles pensamentos do passado que lhe trazia lembranças dolorosas que ele preferia esquecer, encheu mais uma vez o copo de whisky.

Dentro em breve eles começariam sua canção fúnebre em volta de sua casa como que o chamando para fora ávidos por seu sangue, Lucas odiava as noites tanto quanto os malditos que começavam a chegar aos poucos enquanto a noite ficava mais densa, eles rodeavam grunhindo por entre os dentes incapazes de se aproximar devido aos holofotes que os queimavam a pele feito madeira ao fogo. Mantinha distância da casa, ainda assim o som que eles faziam chegava até seu ouvido através das paredes isoladas, nessas horas Lucas ligava o seu som e colocava seu pen drive deixando que o Rock de Ozzy invadisse seus ouvidos tentando não pensar no que estava se passando lá fora.

No relógio marcava 22:00 horas, Lucas levantou se e foi até o buraco de vigia que ele havia feito ao lado da porta para observar as criaturas, eles tinham olhos brancos como leite, andavam a trôpegos por entre os outros se esbarrando, não havia mais o brilho de antes nem consciência, só aquela voraz vontade de carne e sangue, alguns ainda mantinham suas vestes rasgadas outros jaziam totalmente nus. Feridas que não​ cicatrizava davam lhe uma aparência horrenda, membros multilados  por mordidas ou por projéteis que no auge da guerra contra as criaturas havia deixado muitos deles praticamente incapacitados de andar.
Mas queles desgraçados continuavam lá  se rastejando.

Lucas fechou seus punhos, voltou se para o aparelho de som e desligou a musica, pegou seu violão, presente de sua irmã que no seu 22° aniversário deu a ele junto com uma caixa amplificada que ele mantinha bem conservada desde então. Ele tocava um solo da banda Legião Urbana quando ouviu um barulho estridente acertando em cheio os holofotes, levantou deixando de lado seu violão, eles haviam chegado.

Chamava aquela raça de vampiros, diferente dos que chegavam aos primeiros horários dá noite, estes não apresentavam feridas eles tinham uma consciência mesmo que alterada pelo vírus, segundo sua teoria logo que o vírus foi espalhado o primeiros infectados adquiriram aquele aspecto mais complexo, o ódio e a fome por sangue estava lá evidente, mas havia algo mais, alguns dessa raça conseguia articular palavras e ele as ouvia quando o mais curioso deles gritava seu nome. - Sai pra fora Lucas!. Era seu vizinho, o maldito Oliver com quem antes era um amigo que o acompanhava em suas aventuras noturnas entre os bares da cidade, agora ele estava lá caminhando de um lado pro outro e gritava seu nome vez ou outra, haviam as mulheres também, que tentavam em atrai-lo com suas curvas delgadas para fora de casa, todas as noites era assim. mais uma pedra foi atirada, esta acertou a porta, Lucas ligou o holofote mais forte que ele tinha na varanda, esperava não ter que ligar ele aquela noite pra não sobrecarregar o gerador mais o malditos o obrigava.

Olhou mais uma vez lá fora, as mulheres, aquelas da raça dos "vampiros" se rebolavam e tiravam suas vestes tentando atrair ele através de sua libido, isso era demais pra ele. Foi ao bar com mãos trêmulas enchendo o copo, deu um trago enorme no líquido que desceu queimando sua garganta, bebia pra se manter inerte a realidade, Bebia cada vez mais pra não pensar em seus corpos os seios nus a mostra, o desejo que o consumia deveria ser reprimido, aquelas mulheres não eram mais humanas ele sabia disso, tudo que elas queriam era sua carne e seu sangue, mas porque então ele se sentia atraído ? Talvez aqueles 3 anos sem sexo sem uma parceira não havia inibido sua sexualidade  e ele tentava de todas as formas esquecer isso por isso os goles de whisky se tornavam mais urgentes. Sentiu seu sangue ferver nas veias
- Vão embora seus desgraçado​, me deixem em paz. Disse com voz alta, mesmo sabendo que eles não ligavam pro que dizia, só tinha um único desejo. O seu sangue.
Jogou o copo com toda força na parede vendo o líquido se espalhar no piso da sala.
- Maldição! É meu sangue que vocês querem!? eu os darei seus merdas!.
Foi até a porta começou a tirar as barras que o separava das criaturas. Parou no último instante fechando os olhos. Aquilo estava ficando insuportável, ele não se entregaria assim tão fácil, mesmo que seja o último homem na terra, mesmo que não haja mais uma cura, ele não se renderia.

Acendeu um cigarro, e ficou ali encostado a porta de costas, fumando e ouvindo eles gritarem e gemerem se pisoteando feito animais, sim, a raça humana agora não passam de simples animais alimentando apenas a sua sede e fome. Ele era o último de sua espécie e cabia a ele tentar encontrar uma cura. Com esses pensamentos ele foi se acalmando, pela manhã ele iria até a o centro da cidade em busca de livros que o ajudasse a entender essa doença, queria se agarrar a qualquer esperança que tinha, isso o tornava vivo e significava que não poderia desistir.

Foi para seu quarto fechou a porta rezou para que eles não quebrassem os holofotes e deitou na cama exausto bêbado, colocou o tapa ouvidos e aos poucos adormeceu. O sono veio rápido apagando sua mente levando a um passado esquecido, junto com sua namorada naquele verão de 2015 em uma praia os dois sentados na areia sem preocupação, apaixonados. Ele a amava tanto estavam planejando se casarem logo que comprassem sua casa. No sonho ela estava tão linda e serena, embalado por esses sonhos ele dormia pesadamente..

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Fim do segundo cap

Extinção - Fator alphaOnde histórias criam vida. Descubra agora