Meu caminho até você - Parte V

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"Eu que fui muito precipitada. Não devia ter despejado tanta coisa de uma vez só." Emma estava sentada na posição de lótus, e brincava com a faixa que cobria uma de suas mãos enquanto encarava o chão.

"Vamos fazer um trato? Sem culpados, ok? Agora sorria." Regina ergueu o rosto da loira pelo queixo suavemente, usando dois dedos. Ao encarar aqueles belos olhos castanhos cada vez menos borrados, Emma sorriu. A morena sentiu um calafrio gostoso subir e instintivamente aproximou seus rostos, depositando um selinho carinhoso naqueles finos lábios rosados.

Ao experimentar um sabor delicioso e doce de maçã, a moça saiu de sua posição e repousou as duas mãos firmes em cada lado da face da outra, buscando saciar a repentina e louca necessidade de prolongar o calor em seu peito.

Regina por sua vez sentia-se no olho de um furação. Havia perdido completamente o chão, era como se todos os seus sentimentos estivessem girando no ar ao redor de seu corpo e nada mais no mundo merecesse sua atenção. Durante aquele beijo teve a sensação de que tempo e espaço eram ilusões criadas sarcasticamente por seu cérebro. O ritmo descompassado em seu coração era a única coisa que lhe parecia real além do toque de Emma, que já estava com as mãos em sua cintura lhe dando o suporte necessário para que não caísse.

Por mais desagradável que fosse, a interrupção se fez necessária. Ofegantes, ambas se fitaram sorrindo. O que esse tempo todo não pode ser expresso em palavras, se manifestou naquela conexão feita através do encontro de seus lábios. E finalmente, plenitude era a palavra que melhor descrevia a energia que começava a fluir tanto em uma quanto na outra.

A morena engatinhou até seu lado na cama. Os olhos de Emma lhe acompanharam, e ela sorriu ao ver Regina deslizar a mão no espaço que lhe era reservado. Deitou-se, suas mãos ansiaram pelo contato da mão da outra, que logo foi estabelecido. Sua posição possibilitava o mergulhar no marrom daqueles belos olhos, por mais embaçados que eles agora estivessem. Uma pena que não pode admirá-los por muito tempo já que alguns segundos depois de um bocejo, já haviam se cerrado.

Relutante, Emma largou a mão de Regina, com cuidado para que esta não acordasse, se virou para o outro lado e ao desligar o abajur avistou um envelope com seu nome em letras suficientemente grandes para que pudesse ler. Encostou-se na cabeceira e tirou do pedaço de papel dobrado um bilhete. Mesmo com a pouca iluminação trazida pela lua através da grandiosa janela de vidro, conseguia reconhecer na reduzida folha, a letra bem desenhada da prefeita, mas nada conseguia entender. O álcool fazia com que as letras não passassem de rabiscos sem significado e por mais que o efeito tivesse diminuído, ainda era impossível decodificar aquilo. Seus olhos já pesados, finalmente se fecharam e a moça pegou no sono com o papel na mão que trazia os seguintes dizeres:

"Emma,

silêncio foi a resposta mais estúpida às coisas lindas que ouvi de você da última vez que nos vimos. Sei que este bilhete não te fará me perdoar, mas espero que estas palavras quebrem a tensão que se formou entre nós. Sentimentos não são meu forte, como você sabe, porém vou tentar resumir neste singelo bilhete o que não saiu no minuto em que você me olhava, ansiando por uma resposta:

Meu coração também acelera quando seus olhos encontram os meus.

Regina."

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