Eu havia acordado mais cedo hoje para arrumar as malas, havia um ano que eu havia me divorciado de Bryan e por mais que Jaqueline tentasse me animar eu acabava na cama me sentindo uma pessoa completamente inútil.
Esse casamento durou apenas 2 anos e apenas nos casamos quando eu disse a ele que estava grávida, e como o sonho dele sempre foi ter a familia perfeita me pediu em casamento, mas obviamente aquilo não deu certo pois durante esses anos nós apenas brigamos.
—Mamã? Putê você ta atoldada? —Clarice minha filha perguntou após acordar e se sentar na cama coçando os olhos.
—A mamãe ta fazendo as malas, meu amor, lembra que eu disse que iríamos viajar pra casa da vovó? —Eu sorri e me sentei ao seu lado passando a mão por seu cabelo castanho escuro amarrado em uma maria chiquinha agora desarrumada.
—Si mamã, nós vamos atola?—Ela perguntou sorrindo.
—Agora não amor, só mais tarde. —Eu sorri novamente pra ela e me sentei ao seu lado.—Não está com fome? —Ela fez que sim com a cabeça e eu me levantei.
—Telo aquele celeau totoso.—Ela disse animada batendo palma.
—Tudo bém amor, vamos para a cozinha? —Eu perguntei levantando minha mão em sua direção e quando ela segurou minha mão fomos para a cozinha.
O meu antigo apartamento era extremamente pequeno, mas dava para sobreviver ali. Havia dois quartos, um meu e o outro de Jaque, minha amiga, um banheiro que fica entre os quartos, uma pequena sala e no mesmo cômodo uma mesa e quatro cadeiras, perto da entrada uma cozinha pequena e ao lado da cozinha a lavanderia que só estava separada da cozinha por conta de uma divisória.
Jaque e eu nos conhecemos a alguns anos atrás e eu morei aqui por praticamente toda a minha vida, mas depois morei com Bryan e olha quem voltou pra cá?
Quando chegamos na cozinha, Clarice se sentou na cadeira mas ela estava virada pra mim, observando todos os meus movimentos, desde o bocejo até o derramar do leite em uma tapoé. Quando lhe entreguei a tapoé com a colher ela sorriu e começou a comer.
—Bom dia Abby. —Jaque saiu do quarto dizendo isso.—Bom dia princesinha.—Ela disse abraçando Clarice.
—Bo dia tia Jaqui.
—Bom dia. —Eu dei um sorriso de lado e ela veio até mim me abraçando.—Vou sentir sua falta...
—Não queria que fosse, mas se é o que quer, assim faça, só espero que não me troque hein? Se não rasgo sua cara.—Ri com ela e a abracei mais forte.
—Onde é que eu vou achar alguém como você ô? Idiota.
O humor de Jaque sempre foi ótimo, mas eu podia sentir uma pitada de ciúmes em suas palavras, eu nunca me imaginei indo pra longe dela, mas isso não significa que pararemos de nos ver. Mesmo com esse humor todo posso perceber sua tristeza eu tentei conforta-la dizendo que logo nos veríamos novamente mas isso só a fez ficar pior, talvez eu não seja boa nisso.
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O Olhar de Deus.
SpiritualAbby Calleman, tem 24 anos se divorciou no ano passado e nesse ano ela resolveu se mudar de Rio de Janeiro para São Paulo para morar com sua mãe. Além de ter que cuidar de sua filha ela terá que sustentar sua mãe e seu irmão mais novo, e mesmo que o...