Capítulo único.

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Quando eu cheguei ao Rio de Janeiro não imaginei que conheceria alguém que fosse mudar minha vida completamente. E não, eu não me refiro a minha vida esportiva. Mesmo que eu estivesse cem por cento focado no meu objetivo como lutador, buscando sair daquela vida miserável, eu consegui me apaixonar. O problema no todo não foi ter me apaixonado, afinal, ela me ajudou a crescer e sempre esteve lá para me apoiar, o problema real é que ela não estava mais ali comigo.

— Pare de dizer que não é bom o suficiente. — ela pediu pela terceira vez naquela conversa — Ter perdido essa luta não te faz um mau lutador.

— Você não entende da mesma forma que eu. — acariciei sua bochecha — Se eu não ganhar todas, nunca vou sair desse buraco. — quando eu dizia 'buraco' eu me referia a minha vida.

— É claro que eu entendo. — rolou os olhos — Você ainda vai ser conhecido internacionalmente. — ela entrelaçou nossos dedos e sorriu — E eu espero que você me permita estar na sua vida para te lembrar de todos esses momentos ruins em que você deixou de acreditar em si mesmo.

— Você vai ser minha mulher pra sempre se você quiser, morena.

— A gente ainda vai casar quando tudo isso passar. — ela sorriu e então se sentou no colchão. Ela ficava bem pra caralho usando minhas camisas — Eu vou fazer algo para você comer, ok?

Esconder a verdade dela foi a pior burrada que eu já pude ter feito na minha vida. Eu, no auge da minha carreira, mais de dez vitórias consecutivas e casamento quase marcado. Passamos por quase doze anos juntos e eu ainda não havia tido tempo de pedir a mão dela em casamento. E quando eu tomei coragem foi que tudo aconteceu.

— Eu já disse que essa porra não vai dar certo.

— Ela não vai saber de nada, cara. — Fernando tentou me assegurar — E mesmo que souber, a gente explica que é sua despedida de solteiro.

— Não, é sério, eu ainda nem pedi ela em casamento. — disse, andando de um lado pro outro — Eu não quero uma despedida de solteiro cheia de stripers, caralho, é melhor você cancelar isso. Os outros caras nem vieram.

— Relaxa, pelo amor de Deus.

A Cléo ia me matar se aquela porra acontecesse. Ainda mais no nosso apartamento. O interfone tocou e Fernando levantou com um sorriso sacana para atender, ele falou por menos de um minuto e autorizou elas entrarem.

— Eu vou esperar essa merda acabar no meu quarto. — avisei — Pode ficar com elas pra você.

Ele começou a rir e me deixou ir, eu não sabia qual era o plano de bosta dele, mas eu teria que matá-lo se algo acontecesse comigo e Cléo por causa de uma merda daquela.

Escutei elas chegarem, e logo em seguida senti meu coração parar quando escutei a voz da Cléo. Não, não, não, mas que caralho.

Saí do quarto e encontrei minha namorada com o rosto vermelho na sala, enquanto Fernando estava sentado no sofá com duas stripers sentadas em seu colo.

— Ah, então você já estava esperando no quarto? — ela me questionou, começando a chorar.

— Não é nada disso, Cléo...

— Então é o que?! — gritou, passando as mãos no cabelo como se pudesse arrancar os fios a qualquer momento — Eu fico fora por algumas horas e é isso que acontece?

— Ele disse que você ia voltar só amanhã. — tentei argumentar e percebi a merda que havia dito. Fernando riu.

— To vendo que vai sobrar pra mim, vamos embora. — ele bateu na bunda de uma das stripers e elas levantaram para saírem com ele.

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