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2 | Gota d'água |

— Ei, você soube do Ricardo? — Felipe perguntou se jogando na cama de Vitor e se esticando.

— Não. O que aconteceu? — Vitor se deitou ao seu lado e juntos ficaram encarando o teto transparente que dava para ver o céu estrelado.

— Ele engravidou o Pablo, aquele menino que vive com aquele casaco azul-claro. — Felipe sorriu ao se lembrar da cena do Pablo todo errado enquanto tentava explicar para seu namorado que ele iria ser papai.

— Eu sabia que ia dar nisso. Eles sempre faziam sexo sem camisinha. Eu avisava: "Ei, é melhor usar camisinha para não contrair DST, e nem engravidar." mas me ouviram? Não. — Vitor falou cruzando seus braços e fazendo um biquinho.

— Eu acho que eles tem sorte. — Felipe suspira e Vitor o empurra com o cotovelo.

— Claro que você acha isso. Você quer ser pai. — O garoto de olhos pretos deixa escapar um sorrisinho malicioso. — Falando nisso, eu te vi correndo da cozinha, onde estava meu irmão, para a porta quando cheguei. Quer me contar alguma coisa?

Felipe gargalhou alto, sentindo sua barriga doer pelo esforço.

— Claro que não. Ele é seu irmão, não consigo me imaginar fazendo algo desse tipo. — uma careta surgiu na face do moreno, o que faz Vitor sorrir triste.

Ele sabia da queda de Rafael por Felipe desde sempre. Mas ele também sabia que Felipe é lerdo em entender as coisas, ou seja, ele não perceberia que Rafael está apaixonado por ele nem que o mesmo o falasse.

— Bem, o Rafael também não se importaria se você desse em cima dele. Ele esta com a cabeça cheia. Um amigo da família engravidou à duas semanas, enquanto uma prima nossa engravidou também. — Vitor deu de ombros e começou a ler seu quadrinho dos x-men.

— Como assim? Tá todo mundo engravidando. — Felipe perguntou com uma expressão indignada em seu rosto.

A risada alta de Vitor encheu todo seu quarto, fazendo Felipe suspirar com raiva.

— Vou pegar uma garrafa de água. — Felipe se levantou e saiu do cômodo, descendo as escadas e entrando na cozinha, onde Rafael ainda dançava, mas agora com seus fones de ouvido o impedindo de perceber que o moreno o observava com luxúria.

Acontece que Felipe estava totalmente hipnotizado pelos movimentos da cintura do menor. Para ele, funcionava quase como uma dança do acasalamento. Felipe balançou sua cabeça, fazendo que esses pensamentos saíssem de sua cabeça. Faz seis meses que o moreno esta sem fazer sexo, então ele deve apenas estar na seca.

Ele se aproxima devagar da geladeira, seu olhar na bunda cheia de Rafael, e a abre pegando uma garrafa de água e a abrindo para beber.

Quando Rafael olha para trás e encontra os olhos castanhos o encarando, ele toma um susto e cora quando o maior pisca um olho em sua direção.

E aquilo foi a gota d'água.

Felipe se aproximou de Rafael e ajeitou uma mecha de seu cabelo loiro que caia sobre sua testa, atrás de sua orelha. Acaricia suavemente a bochecha do menor e se afasta, saindo da cozinha com o coração na mão.

Rafael ficou estático no mesmo lugar. Ele não sabia o que fazer, pensar ou falar. Apenas ficou lá, olhando para o nada e sorrindo bobamente.

Ele pegou seu telefone e discou o número de seu melhor amigo, esquecendo completamente do estado médico do garoto.

— Luba? — ele murmurou quando atenderam o telefone.

— Que é, hein?! Tô comendo. — o garoto de cabelos cor-de-rosa respondeu enquanto assistia a mais um show gravado de Ed Sheeran.

— Adivinha? O Felipe acariciou minha bochecha. Foi o mais próximo que já ficamos. — o garoto falou feliz.

— E o que eu tenho a ver com isso? — Luba respondeu enquanto mordia seu pedaço de cachorro-quente.

— Eu vou fingir que você não falou isso, já que esta grávido.

— Há. Me lembra novamente que tem um parasita em minha barriga. — Luba revirou seus olhos e deu outra mordida em sua refeição.

— Tá bem, tá bem. Eu estou chegando aí agora. — Rafael desligou seu telefone e saltitou para fora da casa, depois de gritar "Estou saindo" e sumir atrás da porta.