The Shipper Brela

CAP. 2

POV Rafaela

O tempo foi passando e era incrível como eu e a Bêh, como decidi chamá-la, nos dávamos bem. Ela era madura e inteligente, e aquilo me chamava tanto a atenção.

Meu namoro com a Gabrielly estava de mal à pior. A cada dia nos afastavamos mais. Eu já estava cansada daquilo, mas não conseguia terminar.

Minha amizade com a Bêh só crescia. Era incrível a forma em que nos entendíamos mesmo nos conhecendo a pouco tempo. Era estranho o jeito em que eu sorria ao receber uma mensagem dela. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas a minha admiração por ela crescia tão rápido quanto o meu carinho pela mesma.

O tempo foi passando, e durante as férias do meio do ano, fui para a casa da minha irmã. Eu estava vendo televisão enquanto ela fazia o jantar, até que a Gabrielly me chamou para conversar. Já estávamos estranhas o suficiente uma com a outra, e como se não bastasse a distância por morarmos em estados diferentes, a cada dia ela se afastava mais.

-Oi.

-Oi... - Respondi rápido.

-Tudo bem?

-Não... -Disse sincera. -Vc não acha que estamos estranhas demais?! Eu estou cansada disso.

-É sobre isso que quero falar com vc. -Ela disse e eu já pressentia algo ruim. -Acho melhor a gente terminar. -Senti meus olhos se encherem d'água. Eu não me sentia bem com aquela situação, mas eu gostava dela. Não queria terminar. Respirei fundo e digitei.

-Pq? Eu fiz algo errado?

-Não. É que eu me apaixonei por outra. -Eu não acreditava naquilo. Eu já tinha notado o quanto ela estava estranha, mas jamais imaginei que fosse por esse motivo. Eu não sei porque fiquei surpresa, afinal, ela havia feito o mesmo com a ex pra poder ficar comigo.

-Pq não disse antes?! Evitaria que eu perdesse o meu tempo. -Eu estava triste e com raiva. Não conseguia entender como alguem podia sentir algo "forte" em um dia, e no outro estar apaixonada por outra pessoa.

-Olha...me desculpa. Eu entendo a sua raiva, mas podemos ser amigas.

-Não daria certo. -Eu já havia tentado antes, mas ser amiga de ex nunca deu certo pra mim. -Olha, me esquece tá?! Não fala mais comigo.

-Me desculpa. -Foi a última coisa que ela mandou. Eu apenas visualizei.

Eu estava com tanta raiva. Como eu pude ter sido tão idiota?! Como não percebi antes?! Por que aquilo sempre acontecia comigo?! O que raios eu tinha de errado?! Aqueles pensamentos estavam bombardeando a minha cabeça. Eu só queria correr para o meu quarto e chorar até desidratar, mas eu não podia, mesmo estando em casa, eu não iria poder. Como eu iria explicar para a minha família o motivo pelo qual eu estaria chorando?! Eles não podiam saber do meu namoro ou da minha orientação sexual. Nenhum deles me apoiaria, a não ser a Amanda. Minha sobrinha um ano mais nova que eu. Sorri ao me lembrar dela e resolvi ir até sua casa, já que minhas irmãs moravam próximas uma da outra. Nos abraçamos e ficamos conversando durante horas.

Ela não sabia do meu fake e muito menos do meu namoro a distância, e por um instante eu senti vergonha de contar pra ela, pois as pessoas têm um certo preconceito com esse tipo de namoro, e eu não sabia como ela reagiria. Não queria ninguem dizendo que eu era boba ou infantil. Pra mim o amor acontece independente de beleza, religião ou distância. E eu saberia que mais cedo ou mais tarde, encontraria a garota certa pra mim.

A Amanda sabia de tudo sobre mim. Ela era a única que me apoiava em tudo o que eu fosse fazer. Crescemos juntas e sempre nos demos bem. Ela era a minha sobrinha e também minha amiga.

Já era tarde quando eu disse que voltaria para a casa da minha irmã, mas aí ela me pediu pra ficar e dormir na casa dela. Eu não havia contado nada pra ela, mas tenho certeza de que ela sabia que eu não estava bem. Ela me conhecia bem.

Peguei minhas coisas e levei para a casa dela. Passamos a noite toda conversando e brincando. Eu, ela e a Isabela, que é a minha outra sobrinha.

Aquela noite havia começado ruim, mas depois de passar um tempo com as duas, me senti melhor.

Dormimos sem que percebêssemos.