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Estou com medo de ir ao ginecologista, visto que sempre tive medo de hospitais. Eu estava com um corrimento e procurei em alguns sites da internet sobre. Li poucos artigos que indicavam não ser nada sério; poderia ter sido causado por uma roupa mal lavada, um assento contaminado no ônibus ao qual eu sentei, ou um banheiro público – definitivamente não poderia ser este último, pois meus cuidados com banheiros públicos são gigantescos, só uso em último caso mais precisamente se estiver na beira da morte. Entretanto, eu que não vou ficar satisfeita com um diagnóstico feito através da internet, por isso, marquei uma consulta amanhã às nove em ponto. Espero que esse doutor não se atrase, odeio esperar.

"ATENÇÃO, (SEU NOME E SOBRENOME), COMPAREÇA À SALA CINCO", a voz do robô que saia pelas televisões da sala de espera anunciava que era minha vez de entrar na sala do médico.

- Com licença. – Falei após entrar na sala do doutor.

O homem de bochechas fofas, olhos apertados e mãos pequenas indicou a cadeira a sua frente para que eu me sentasse. Droga, como ele é bonito e jovem. Desde quando um médico era tão bonito dessa forma? Ficarei nervosa se ele precisar me tocar lá embaixo. Espero do fundo do meu coração que ele não precise me tocar lá embaixo. Fazem alguns meses que não tenho nenhum tipo de relação, então, estou muito sensível.

- Então, senhorita... – O doutor tinha um sotaque carregado proferindo o português. Olhou na tela do computador e continuou. – (SEU SOBRENOME). O que houve?

- É que estou com uma espécie de corrimento. Não tem cheiro, nem cor, mas me deixou preocupada.

- Bem, se não tem cheiro nem cor, provavelmente deve ser um corrimento vaginal normal. Não se preocupe, isto ocorre porque o estrogênio é estimulado e, portanto, pode ter seu volume aumentado em períodos onde há maior estimulação hormonal, como na gravidez, uso de anticoncepcionais à base de estrogênios, no meio do ciclo menstrual, perto da ovulação...

- Ainda bem! – Suspirei.

- Mas, preciso lhe avaliar. Por favor, me acompanhe. – O homem de pele clara, que tinha bordado em seu jaleco o nome Park Jimin apontou logo atrás de minhas costas uma cama onde eu deveria deitar-me para que ele me examinasse. – Tire sua roupa e vista isso. – Entregou-me uma roupa de paciente muito frouxa e fina.

Que droga. Eu teria que me deitar e abrir minhas pernas para ele. Fiquei tímida, mas tentei pensar que ele era o meu médico e estávamos ali para que eu me curasse. Só espero que minha sensibilidade não me traia e permaneça firme e forte. Seria muito vergonhoso se algo que não deve ocorrer em uma consulta, acabe ocorrendo.

Me deitei da forma que o doutor pediu e ele então veio sentar-se em minha frente, após lavar suas mãos. Eu estava terrivelmente tensa, o coração batia acelerado, senti que ia fraquejar se sentisse qualquer toque que fosse em minha intimidade.

Park Jimin encostou o dedo na superfície de meus grandes lábios e eu então engoli seco. Urfa, aguentei sem que ele notasse nada de anormal. Ele os levantou e então esfregou um cotonete. Houve um espasmo em minha perna, o que obviamente ele percebeu. Olhei para o doutor que estava de máscara, usadas em cirurgias, e pensei que ele estivesse rindo, mesmo sem poder ver sua boca. Como ele ousa rir de mim nesta situação? Isso é tão antiprofissional. Revirei os olhos e tentei relaxar novamente pondo minha cabeça para trás.

Senti um dedo me penetrar e não aguentei ficar só com um simples espasmo na perna. Mordi os lábios violentamente impedindo que um gemido saísse. Respirei ofegante por alguns segundos e fitei o doutor novamente, ele havia parado o que estava fazendo e me encarava. Levantou sua mão até a altura de seu rosto e pude notar em seus dedos um líquido, pois ele fez questão de mostrar-me através de movimentos esfregando seu indicador e seu polegar.

Que vergonha. Que vergonha. Que vergonha. Eu estava molhada. Tudo bem, isso deve acontecer o tempo todo. Definitivamente, ele sabe que isso é normal. Não! Não! Não! Por mais que eu tentasse pensar que isso foi normal, a vergonha era demasiadamente grande.

- Acabamos, (S/N). – Ele me chamou pelo primeiro nome e não pelo segundo como fez antes.

Depois de vestir minhas roupas, sentei-me com muita vergonha novamente na cadeira em frente à mesa do doutor e ele ficou estranhamente me encarando por alguns segundos. Ele sorriu e seus olhos ficaram exatamente do modo que eu os tinha visto quando ele usava a máscara – tive certeza que ele estava sorrindo quando minha perna teve um movimento involuntário.

- E então?

- Colhi um pouco de material para exames. Preciso que você retorne ao meu consultório particular no final desta semana para que eu possa lhe explicar. Enquanto isso, use esse remédio três vezes ao dia. – Jimin escreveu algumas coisas em um papel, carimbou e assinou.

- Seu consultório particular? Por que não posso vir nesse?

- Terei que lhe explicar algumas coisas a respeito do seu corrimento e minha agenda neste hospital já está fechada, só terei uma consulta livre no próximo mês. Você não pode esperar tanto assim. – Ele encarou meus olhos, o que me fez morder meus maxilares.

- Tudo bem.

Depois que o médico me passou o endereço e a receita, fui imediatamente comprar o medicamente que ele me receitou. Queria me livrar daquele corrimento o mais rápido possível.

Os dias da semana passaram rapidamente e o corrimento realmente havia ido embora.

(...)

O dia que a consulta estava marcada havia chegado. O horário era um pouco inconveniente: meio-dia. O sol impedia que usássemos calças compridas e andássemos de cabelos soltos.

Ao chegar no endereço, esperei menos de cinco minutos na sala de espera e então, a senhora de seus 40 anos, que ficava na recepção informou-me para entrar no consultório de Jimin.

- Você veio. – Ele falou em pé encostado em sua mesa, Park passava uma caneta entre seus dedos e a outra mão estava no bolso.

Deveria ser proibido um doutor tão sexy assim.

- Sim senhor. – Falei tímida enquanto fechava a porta.

GinecologistaOnde histórias criam vida. Descubra agora