Affliction +JiKook

Affliction

Existe algo bom quando você reconhece algo que gosta só pelo sentir.

Um vento fresco.
Fracos raios de sol na pele.
O cheiro da chuva.

Sentir aqueles braços entorno de si e reconhecer o dono deles no exato mento traz uma gostosa sensação de conforto... De amor.
Era isso que Jungkook era para Jimin. Amor.

Amor, mas também aflição.

Suspirou. Sabia que não adiantava se chatear com o rapaz de cabelos pretos. Ele não o deixaria. Por mais que Jimin estivesse extremamente chateado, Jungkook se aproximaria e faria exatamente o que estava fazendo naquele momento. O encontraria no jardim de casa, lugar que Jimin apreciava ir quando chateado, e chegando até ele pelas costas, passaria seus braços em torno dos de Jimin e apoiaria seu queixo no ombro do mesmo. A pouca diferença de altura o permitia fazer isso.

- Me desculpe. - Ele disse.
- Você sabe o quanto isso significa pra mim, não sabe?
- Eu sei, amor, mas pensa comigo... Adoção é algo difícil, ainda mais na nossa situação. - Kook dizia pesaroso.

Jimin se afastou do homem de cabelos negros se virando para o mesmo, olhou no fundo dos olhos de Jungkook soltando um suspiro pesado, parece que o lance de não ficar chateado não ia rolar.

- Que situação? Quantos casais homossexuais por aí já não adotaram uma criança, Jungkook? Porque com a gente seria diferente? - falou irritado.
- Porque eu tenho medo. Tá legal? Tenho medo desse bando de pessoas maldo...

Jimin não esperou que Jungkook terminasse a frase, passou reto pelo homem indo em direção a casa enquanto sentia os finos pingos de chuva começar a cair. Ouvia os passos de Jungkook atrás de si enquanto adentrava a sala e seguia até o banheiro que havia no quarto que o casal dividia. Apoiou as mãos no balcão da pia e respirou fundo.

- Você não vai ao menos me ouvir? - Jungkook soou amargo,a angustia presente em sua voz. - Eu posso aguentar que as pessoas nos olhem com cara feia, posso aguentar que nos xinguem e que até nos batam, mas eu não sei se posso aguentar que nossa orientação sexual despeje coisas ruins em um filho nosso. Eu não sei se eu vou conseguir lidar com uma situação dessas! Não sei se vou dar conta de ver uma pessoa olhar feio pro nosso bebê porque os pais dele são gays!

Jungkook andava de um lado para o outro em frente a porta do banheiro. Sentia um aparto tremendo no peito, essas discussões com Jimin vinham acontecendo frequentemente e isso o deixava completamente desajustado e temia que isso afetasse tanto seu relacionamento ao ponto de chegar ao fim. Não conseguia entender o ponto de vista do homem de cabelo alaranjado, tão grande era o medo que sentia.

- Não é que eu não queira, eu só... eu só... Eu tenho medo de não conseguir defender ele de uma sociedade homofóbica, de... de... - levou a mão ao rosto, logo a deixando escapar. Olhou para o reflexo do esposo no espelho e viu o rosto antes rígido se suavizar. – Meu Deus, Jimin! É só uma criança!

- E é por isso que estamos nessa juntos, não? Para apoiar um ao outro. Você é meu pilar e eu sempre vou ser o seu, Kook. Eu sei que é só uma criança, mas nós vamos protegê-la...

Jimin virou-se para Jungkook, a mão pequena acariciava-o, o polegar direito trabalhando uma carícia nos lábios do mesmo, que mantinha os olhos fechados para sentir o toque do mais velho. Para Jimin, observar o homem ao qual sempre admirou, enxergar que aquele que sempre se mostrava tão forte também tinha fraquezas, era uma receita de como fazer amá-lo mais.

- Ou eu não me chamo Jeon-Park Jimin. E nós também teremos apoio do Nanjoom e do Jin. Veja como eles se saíram bem com a adoção, Kyungsoo não tem problemas nenhum em ter pais homossexuais. Nós podemos levar isso de várias formas.