Peguei, Peguei, Está Com Você!

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Dizem que depois da tempestade vem a calmaria, então não há como escapar da dificuldade.... há? Infelizmente a tempestade tem sido minha acompanhante desde os meus dezesseis anos, ela anunciou sua chegada com um vendo gélido em meu rosto. Entretanto, a chuva torrencial daquela trágica noite específica jamais seria esquecida. Eu não imaginava o quanto a minha vida já tão ruim, podia piorar ainda mais.

Eliza não esperava nada pior do que ser obrigada a casar-se com quem não amava, que pelo contrário, tomara desprezo. O seu pai (seu próprio pai) Rogerro, a forçara a se casar com um completo desconhecido com sorriso no rosto. Naquele dia ela viu se tornar real o pesadelo no qual se casaria com John Westminster.

No exato dia em que completou dezesseis anos, seu pai e sua mãe, Melissa, comunicaram-na que ao completar dezenove anos, ela teria de se casar com este homem, cuja ambição e desejo pela jovem loira eram maiores que qualquer coisa para ele. Desde este dia ela o repudiou com todas as suas forças, ele era vinte anos mais velho que ela, enquanto ela tinha apenas dezesseis anos, ele já possuía trinta e seis, ela não conseguia entender o motivo de seus pais aprovarem este absurdo. Além do óbvio, Eliza, como qualquer pessoa, almejava um casamento por amor, mas antes disso ela tinha muitos planos: queria ser independente e sonhava em ser professora de crianças.

Ainda havia isto, a jovem queria ser mãe um dia, gerar filhos, vê-los nascerem dela e dar-lhes todo o amor que pouco recebeu de seus pais. Infelizmente com John essa possibilidade não existia, ela não poderia ser mãe, pois John era estéril.

Quando a festa de noivado chegou, no dia do aniversário de dezenove anos de Eliza (claro, John não poderia esperar um dia a mais), ela fugiu. A loira tinha tudo arquitetado em sua cabeça desde o terrível dia da notícia de seu casamento. Ela implorou para que Christian, seu melhor amigo, a levasse para o mais longe possível no dia do noivado, pois deveria tentar fugir quando seus pais menos esperassem. Eles estiveram sustentando vista grossa em cima dela, mantendo-a como prisioneira em sua própria casa contra os protestos constantes da jovem, mas, no dia do noivado, eles achariam que ela havia finalmente aceitado e era que Eliza colocaria fim naquilo tudo.

Para onde iria? Ela não sabia. Mas qualquer lugar era melhor que um conúbio com um ser tão desprezível como John.

Durante o dia, Eliza havia arrumado tudo, colocando em uma pequena mochila apenas o estritamente necessário, como dinheiro e três mudas de roupas limpas e itens de higiene básica. À noite, antes de ir para o salão de festa, ela assegurou de que Christian já tivesse levado sua bolsa para o carro e, enquanto não punha seu plano em ação, a loira fazia sala para os convidados, vendo o olhar nojento de John sobre seu corpo, ele sequer disfarçava o quanto ansiava por ela. Era como se seu vestido de seda azul marinho não existisse.

John observava o quanto o corpo de sua noiva tinha se desenvolvido desde que colocou os olhos nela pela primeira vez quando ela tinha apenas quinze anos, em sua mente estava gravado cada detalhe e cada curva dela. Desde o momento que pôs seus olhos sobre ela, o moreno alto e esguio tramou para que Rogerro entregasse sua filha de bandeja para ele, exigindo que a moça nunca tivesse um namorado e que nunca fosse sequer beijada, para que fosse apenas dele quando chegasse a hora. John queria ser o primeiro em absolutamente tudo. E ele tinha muitos planos para a pobre jovem.

Em um instante, John finalmente desviou seu foco de Eliza e parecia entretido em uma conversa com um casal em uma parte distante do salão. No momento em que percebeu escapar dos olhares indiscretos de seu noivo, a loira saiu de fininho pela porta e correu para o estacionamento escuro e vazio.

- Christian! - A moça chamava, tentando não ser ouvida, mas não ouviu resposta. - Christian, estou aqui!

Eliza ouviu um estalido fraco e se virou, encontrando John no seu encalço.

- O que está fazendo aqui sozinha, meu amor? - John deu ênfase no "meu amor" para que Eliza soubesse bem que ela o pertencia. O olhar que ele recebeu era de nojo. – Esperava alguém, Eliza? - John segurou o braço da jovem e a forçou a encará-lo. - Me responda!

- Não... ninguém! - Eliza falou alarmada, gotículas de água ameaçando cair de seus olhos. O aperto de John ficava cada vez mais forte enquanto ele a encarava, raiva chispava de seus olhos com a possibilidade de que ela estivesse esperando alguém. – John, você está me machucando!

- E vou machucar ainda mais, verá quando se tornar minha... - Às lágrimas finalmente desceram dos olhos dela, encarando-o em choque absoluto. Ela já sabia que nada de bom viria dele, mas que futuro os pais dela lhe obrigaram a ter? Entregando-a de bandeja à um homem como Westminster?

- Me solte! - ela grita, irritando ainda mais o homem alto em sua frente.

- Está valente. Deixará de ser depois que eu domar você. Você será minha submissa, Eliza... - Ele observa seu olhar assustado e confuso. – Na melhor das palavras, você será minha escrava sexual. – Ele ri e segura a cintura da jovem com força e desce sua mão apertando a bunda dela. A loira soluça, temendo o pior que está por vir e implorando para todos os deuses que ajudem.

- A regra era que me tocasse apenas depois do casamento... – A menina tenta contê-lo. Onde está Christian? Será que John o pegou? Deus, isso não pode acontecer, pensa. O homem solta uma risada alta e diz:

- Você já é minha de qualquer forma Eliza Clark, posso fodê-la agora ou depois, não importa. – John inclinava-se, enfiando seus longos dedos por detrás de sua cabeça, puxando-a para perto. Ela sentiu o momento em que os lábios gelados dele grudarem com força nos seus.

A jovem permaneceu estática, aturdida, ouvindo as batidas do seu coração ficarem cada vez mais audíveis. Sentia medo, pânico, desespero, tristeza e completo asco, tudo misturado, enquanto John tentava entreabrir os lábios dela com sua língua, forçando-a com mordidinhas e grunhidos.

Em um momento John a agarrava a força, em outro, ele foi arremessado para longe, onde manteve-se caído e desacordado no chão, foi tão rápido quanto uma batida de coração. No momento em que deu por si, Eliza não esperaria para saber o que foi aquilo.

Assustada, começou a correr o mais rápido que pôde no meio dos carros, o salto fino não ajudava na corrida, então a moça os tirou, acelerando as passadas, pisando no concreto frio até encontrar a rua molhada pela chuva, saindo do estacionamento.

Eliza não poderia correr para dentro do salão, agora todos deveriam estar procurando pelo casal, eles a prenderiam e qual seria sua explicação? John acordaria, ela sabia que sim, pessoas ruins não morrem tão fácil. Ela não voltaria para ele, de jeito nenhum!

Seu pensamento tornava a voltar para Christian: "e se ele fosse descoberto ou pior, se Christian estivesse morto? Por Deus, seria minha culpa!"

Infelizmente, ela não podia voltar para descobrir, teria que continuar o plano.

Ela correu por uma rua escura e deserta, percebendo que a chuva engrossou. Pensava em se esconder, em achar algum lugar, mas não conseguiu terminar o raciocínio. Algo duro como uma parede esbarrou-se nela, fazendo-a cair e arranhar o cotovelo e as mãos com a queda, na tentativa de que não batesse seu rosto no chão.

Foi tudo tão rápido que, quando a jovem tentou se levantar, teve a leve impressão de tivesse alguém parado em sua frente, no instante em que levantou a cabeça tudo apagou, mas antes, pôde ouvir apenas um sussurro ecoando no ar que dizia:

- Peguei você.

Para Sempre MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora