Eu Gostaria de Nunca Ter Dito

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Caindo... no mais profundo e imenso vazio, na escuridão, solitude e em completo silêncio aterrador. Não há ninguém ali, não há nada, só a gigantesca sensação de dormência. Eu sabia que não estava morta, mas, quando abri os olhos.... queria muito estar.

Eliza olha ao redor lentamente, buscando qualquer reconhecimento do lugar que estava, ela temia as duas opções que tinha: reconhecer o lugar como a sua casa e então aceitar que estava presa novamente; não reconhecer e então ter certeza de que estava presa, mas por John ou por "algo" ou alguém que o derrubou como se fosse papel ao chão.

De todas as formas possíveis o desespero tomou conta de seu peito. Um nó se formou em sua garganta, apertando forte, quase a estrangulando no momento em que seu estômago gelou. Eliza queria chorar e vomitar ao mesmo tempo.

A enorme cama com lençóis e dossel cor vinho na qual ela estava depositada, não deixou dúvidas de que ela estava em um quarto. Com exceção da cama, do piso amadeirado e da mesinha de canto, o quarto era branco.

A loira tomou coragem e se levantou, mas ao fazer isso percebeu que o corpo inteiro doía, suas mãos, sua cabeça, seus joelhos e pés. Sem escutar nenhum barulho, começou a caminhar pelo grande cômodo procurando a saída. Ela abriu a primeira porta que viu e se deparou com um closet enorme, a primeira coisa que chamou sua atenção foi seu reflexo no grande espelho central.

Ela se observou: vestido rasgado e sujo; o coque que esteve lindamente preso em sua cabeça, agora era um emaranhado sem sentido; seu joelho tinha um arranhão superficial, mas dava para ver as linhas de sangue seco, assim como em suas mãos e, por fim, ela estava descalça. Tudo no ambiente era incrivelmente limpo e arrumado, o que a deixou como um contraste naquele lugar.

Ela saiu do closet e andou mais um pouco em direção a outra porta. Ao estender o braço a fechadura da porta se moveu, abrindo-se lentamente. Eliza correu para a parede mais distante e esperou, respirando com dificuldade.

O primeiro pensamento de Eliza ao ver o homem que entrou pela porta foi de achar nunca ter visto espécime mais bonito em toda a sua vida - não que ela tivesse muito o que comparar -, mas naquele segundo Eliza teve certeza de que ninguém no mundo seria capaz de ser tão lindo quanto. Entretanto, após a surpresa e encantamento, ela viu que a expressão em seu rosto era hostil, como se ela o tivesse ofendido de alguma forma, coisa que ela sabia que não, pois tinha certeza que aquela era a primeira vez que o vira.

- Quem... é você? - Gaguejou temerosa. "O que este homem quer com comigo?" Eliza pressionava as costas com tanta força na parede que seria capaz de fundir-se a ela.

- Sem perguntas. - A voz grossa, ligeiramente rouca e firme do homem lhe pegou de surpresa.

Ele parecia tão jovem e ao mesmo tempo, parecia que teve uma longa vida, ademais, parecia cansado. Vestia-se quase que completamente de preto, sobretudo preto, calça e sapatos da mesma cor, o que destoava um pouco era sua camisa, que tinha um tom azul ou verde tão escuro que Eliza achou estar vendo cores onde não tinham.

Ele era loiro como ela, mas o cabelo do homem era mais escuro, curto e sua barba por fazer tinha a mesma cor dourada de seus fios capilares, destacando lindamente seu maxilar marcado. Os olhos dele eram azuis como o oceano e ele era alto, ainda mais alto que John e muito musculoso (coisa que John não era), era perceptível toda a sua opulência mesmo com aquele sobretudo. Perto dele era não era nada, era só uma faísca.

- Mas... – Ela tenta falar. – Por que me trouxe aqui? Olha... se foi para me salvar de John... eu agradeço, mas... - O homem sorriu de canto, um sorriso que não alcançou seus olhos e isso a fez parar. O jeito que ele sorriu foi como uma água gelada jogada nela.

Para Sempre MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora