O Tempo, o seu tempo.

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O Tempo, o seu tempo.

O tempo, às vezes, sobra; o tempo, às vezes, falta. O tempo, às vezes, se esvai; o tempo, às vezes, fica. Ah, e este dói. Como dói o tempo que não tem despedida. Que não tem fim. O tempo que chega, vai ficando, e não tem tempo pra ir embora. Este é o tempo que dura tão mal e dura muito tempo. O tempo forte, forte como a dor de uma ferida de quem já gastou toda a morfina em tempos de dores pequenas. E, agora, a ferida é grande, a dor é uma, mas a soma de todas as outras que o tempo levou não são o suficiente para se a adaptar a esse novo tempo, o da ferida maior. E, a maior ferida tu bem sabes, é a da saudade. Ah, como o tempo de se ter saudade do tempo que não se pode mais ter dura. Dura. Dura, dura muito tempo o tempo de ter saudade do tempo que se foi, do tempo que faltou, do tempo que sobrou, e, que por isso, foi desprezado por todo o seu tempo. O desprezo do resto do tempo foi uma das feridas pequenas... Tu se arrependes de ter usado toda a morfina? Talvez se tu tivesses sentido mais aquele tempo, esse tempo duraria menos tempo e tu terias mais tempo mais viver no seu tempo.


DesarranjosWhere stories live. Discover now