✴ C ✴

105 55 30
                                    

Neste capítulo irão perceber que a Chris vai contar a sua vida um pouco para trás, desde que a sua avó morreu.

Desde já também agradeço os vossos comentários super positivos!!

E já tenho uma data definida para a publicação dos capítulos: Aos sábados e quartas.


❝ Tenho em mim todos os sonhos do mundo. - Fernando Pessoa

29 de junho

Vou contar tudo o que aconteceu no último ano da minha vida, acho que todos merecem saber o que realmente se passou, não só comigo, mas também com a minha família.

Tudo começou naquela manhã de Verão, dia 29 de junho, estava um dia bastante quente era suposto ser daqueles dias de levantar cedo e ir para a praia, mas isso não aconteceu. Acordei bastante tarde, lembrando que o meu bastante tarde é pelas 10 horas da manhã, levantei-me com uma sensação estranha, ouvi barulho do outro piso e fui ter com os meus pais. Achei estranho, eles nunca estavam em casa, entrei na sala e vi a minha mãe sentada no chão a chorar e o meu pai a agarrar-lhe os ombros.

- O que é que aconteceu!? - Pergunto um pouco em choque.

- A avó, Chris... Desculpa filha... Tu tens de ser forte, ela está a sorrir e a olhar por nós. – O meu pai diz-me.

Não consigo controlar e deixo as lágrimas escorrerem pela minha cara, ela estava tão bem, a minha avó era uma mulher muito forte e nada lhe afetava, como é que isto foi acontecer??? Não estou em mim.

- Chris... Eu e o pai gostamos muito de ti e a avó certamente estará num lugar melhor! Temos de pensar positivo.

- Mãe... Eu preciso de vê-la. – Dou um beijo ao meu pai e abraço a minha mãe e subo para o meu quarto.

Sinceramente? Nunca tive a dor de perder alguém que amasse, sempre tive tudo o que queria e sempre fui feliz. Eu também sei as dificuldades da vida, mas perder uma pessoa que nós amamos é tão chocante. Amo a minha avó e ela para mim era uma segunda mãe, não consigo pensar em mais nada, se não ela.


3 de julho

Sinto-me insuficiente, eu não fui capaz de ir ao funeral e nem sequer ainda fui ao cemitério. Não estou a lidar bem com a situação, os meus pais já começaram a fazer a vida normal, mas eu não tenho nada para fazer e também por isso estou sempre a pensar nela.

Ando também com problemas respiratórios novamente, o meu pai disse-me para passar lá pelo hospital para ele me fazer uns exames, mas estou sem vontade para isso. A minha avó dizia para colocar sempre a família e a saúde em primeiro lugar. Lá estou eu a pensar nela, se calhar devia seguir o conselho dela, ainda que é difícil e para ser honesta tenho algum medo, mas de certeza que é só ansiedade.

Depois de fazer centenas de exames, eles ainda me disseram que eu não podia ir para a minha casa e eu que só queria a minha confortável cama. Eu continuava a insistir que não era nada, mas aquela dor no peito afligia-me, segundo o meu pai, eles detetaram algo no exame e que "não iria ser nada de especial", espero que ele tenha razão, não quero ficar aqui muito tempo.

Desde pequenina que soube o que queria ser no futuro, não nego que o meu pai me influenciou desde muito cedo a virar para o caminho da medicina, ele trazia-me muitas vezes para o hospital e dizia-me sempre "tens sempre de ajudar para um dia possivelmente seres ajudado também." Embora também tenha um pouco de receio de seguir esta profissão, tenho medo de afinal não surpreender as minhas expetativas e de não ajudar da melhor forma as pessoas, sei que o meu pai também tem medo disso, medo dos meus próprios medos.

Nunca tive problemas de saúde sem ser aquelas gripes normais, a varicela, aquelas enxaquecas, mas de algum tempo para cá tenho sentido grandes fortes dores no meu peito que não me deixam respirar, mas nunca tão fortes como hoje, quero acreditar que não seja nada de grave e apenas seja ansiedade. Não quero ficar durante muito tempo internada no hospital... O meu pai ia tentar saber os resultados dos exames o mais depressa possível, ele parece-me desconfiado com alguma coisa ou se calhar é apenas cansaço, perdeu a sogra há alguns dias atrás, tem a filha no hospital e ainda tem de tratar dos assuntos do trabalho. Ele e a mãe merecem sem dúvida algum descanso, só eles os dois, sem mais ninguém a chatear, mesmo sem mim.



O que a vida nos der... | wattys 2017Onde histórias criam vida. Descubra agora