Depois de anos viajando, Lia finalmente chegou em sua nova casa. Um lugar bonito e aconchegante, mas que a fazia sentir falta da sua antiga casa.
Seu pai estava bem animado com a nova oportunidade de emprego que surgira na cidade. Aquilo faria com que sua vida voltasse ao normal desde o divórcio, o qual foi o maior motivo para a mudança, mesmo tentando convencer a si mesmo de que foi apenas por causa do trabalho.
Lia estava passando por momentos difíceis naquele tempo. Mil coisas rodavam em sua cabeça todo o tempo, não conseguia se manter sorridente nem mais por um segundo. Ela tinha esperança da nova cidade. O processo de divórcio não tinha sido fácil para nenhum dos membros da família, toda essa luta com a justiça pela guarda dela tinha feito com que a menina sorridente esquecesse o que era sorrir.
Ela andava com remédios por toda a parte, eles eram a sua única fonte de energia restante e seu pai a fazia ir ao psicólogo pelo menos uma vez na semana.
A escola nova parecia legal. Lia tinha esperança de que sua vida voltasse a ter sentido, e que suas lágrimas finalmente secassem. Tinha esperança de que o recomeço fosse melhor do que a antiga vida, mesmo todas as suas memórias de infância sendo as melhores possíveis.
Na manhã do seu primeiro dia de aula, Lia acordou animada. Ela acreditava seriamente que algo bom poderia acontecer, e acabou esquecendo da maioria dos outros problemas.
Ela tomou um banho breve, colocou suas roupas preferidas, uma calça levemente rasgada nos joelhos e uma camiseta com uma frase meio nada a ver, mas que servia perfeitamente nela, arrumou seu cabelo seco com uma tiara maravilhosa e desceu as escadas para buscar seu sapato e tomar café.
– Bom dia, querida! – Disse seu pai enquanto fazia panquecas.
– Bom dia, pai. Você fazendo panquecas? Achei que não gostava de tomar café.
– Eu gosto de tomar café, só nunca tinha tempo. E além do mais é uma data muito especial – Seu pai estava muito animado pela sua filha, há muito tempo Lia não se sentia tão feliz.
– Você viu minha sapatilha com laço rosa? – Faltavam alguns minutos para sair e Lia não fazia a menor ideia de onde sua sapatilha podia estar – Eu não a vi em nenhuma das caixas.
– A sapatilha com laço? Eu entreguei a sua mãe. Achei que pertencia a ela, me desculpe.
– Não acredito! Com o que eu vou então? – O humor de Lia mudou rapidamente de uma garota sorridente para uma irritação medonha.
– Escolhe outro sapato, no sábado eu te levo e compramos uma nova. – Ok, mas eu adorava aquela sapatilha – Lia subiu para o quarto procurar o que calçar.
Ela acabou escolhendo um AllStar preto com cadarços cor de rosa que ela mesmo tinha personalizado. Ficou triste por causa da sapatilha, porque com certeza sua mãe devia ter tacado fogo nela ou algo assim.
Ela pegou sua mochila cor-de-rosa e entrou no carro de seu pai. A caminho da escola ela podia ver todas as casas da vizinhança e imaginar quem poderia estar naquelas casas, se essas pessoas fariam ou não parte das lembranças dela.
Ao chegar na escola, Lia foi recebida pela diretora, que a levou para sua primeira aula do dia. A sala 103 era a sala de artes, que não era tão cheia assim, já que todas as pessoas queriam fazer matemática ou esportes.
Ao adentrar a sala foi recebida com vários olhares, o que a deixou aterrorizada por alguns segundos.
– Alunos, deem as boas-vindas a nova aluna da escola. O nome dela é Lia Carter, ela veio de outra cidade então sejam pacientes e educados por favor – disse a diretora aos alunos.
Lia se perguntava onde sentar, todos os lugares estavam ocupados, porém havia um lá no fundo, ao lado de uma pessoa estranha, a qual Lia não conseguia diferenciar o gênero certo.
Ela se sentou ao lado da estranha e tentou uma breve socialização.
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How long can you forget?
Teen FictionLia se muda para uma nova cidade, onde não conhece ninguém, porém em sua nova escola ela faz amizades que se tornam bem mais profundas do que ela imagina, fazendo com que ela conheça muito mais sobre si mesma do que achava que sabia.