Vejo os seus duros corações. São pintados de pinta, mancham por onde passam e me marcam com suas cores, negras. O que há de errado comigo? — penso. — O que eu fiz a vocês? — digo. Todos. Me odeiam. Fazem de mim, bobo da côrte! Sou um palhaço que de mim rirem!
Ninguém me enxergar por dentro, sou um eu não visto. Me julgam pelo que sou por fora, mas não querem me olhar por inteiro, o povo tão certeiro! Vejam, eu ainda grito. Vivo pelos cantos, eu estou sozinho! Vocês chegam de repente, fazem de mim brinquedo! Deixem em paz — eu digo. Mas não me ouvem. Ninguém vê o que ocorre, pois, são tão incansáveis.
Eu sou o injustiçado!
Um mero coitado que só quer estudar. E pedir muito? Meu Deus que sufoco é isso! Não aguento tanta afronta e tudo o que mais vem. Vão todos embora, povo de ninguém! Leve para si seus pulhados de problemas e não jogue em mim seus panos sujos em forma de faca que me atiram!
Eu preciso respirar.
Eu quero viver sem me preocupar com o que irei levar amanhã. Não aguento mais esse ódio! Tudo isso, doí! Eu só queria poder me livrar disso que me dão sem me apresentar quem eu sou!
Atenciosamente, alguém.

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cartas ao acaso
Poesíaremetente ao destinatário, que em carta lhe expressa o olhar de uma visão sobre o ''para'' do ''de''. poesias em forma de carta, de alguém que precisa dizer.