Hoje,está frio,está chovendo e está escuro também.O Chalé não é tão quente assim,até porquê moramos em cima de um planalto. Me sinto sozinha aqui,Victor não vai voltar tão cedo,tenho certeza.
Estamos só eu,e o Moço... Eu realmente não tenho nada pra fazer aqui,nada além de estudar,ler,apreciar o campo,a floresta,e cuidar dos bichos. Mas não posso sair lá fora,a janela está coberta por gotas d'água,e eu,aqui sentada no chão,perto da lareira,cujo o fogo está quase se apagando com a ventania que consegue passar pelas frestas da madeira do Chalé.Esse Chalé é uma velharia,mas eu o amo.Hoje à tarde,tentei fazer um pouco de contato visual com o Moço,mas ele nem notava que eu estava lá,olhando. Eu fiquei bem curiosa em relação a ele,nós não sabemos de onde ele veio,e eu não sei a idade dele,nem o nome dele,isso é frustrante!
Está decidido! Vou tentar falar com ele,hoje! Ele deve estar no Chalé ao lado...Fui até o Chalé e o vi,lá sentado,na chuva,do lado de fora,ele parecia tão tranquilo...
Ele (finalmente) olhou para mim,com um olhar calmo e intimidador. Logo em seguida,tomei coragem e perguntei: “Você... Por que você... Você... Por que você está aqui no frio?”
Ele continuou me encarando,e depois de uns segundos,desviou o olhar,e respondeu: “Eu gosto de sentir a chuva”Então,eu fiquei completamente confusa,porque a chuva era tão interessante pra ele? Em seguida,o respondi: “ Você pode ficar doente,sabia? Entre agora mesmo!Vou ter que te preparar um chá!”
Eu mal podia acreditar nas minhas próprias palavras,eu havia mesmo criado coragem pra fazer isso?
Depois que eu disse isso,ele voltou a me encarar,mas agora,com um olhar mais suave,e disse: “ Pois bem... Vamos entrar.”
Eu estava trêmula,quando ele se levantou,percebi; Ele era enorme,parecia um poste humano.
Eu me sentia uma criança perto dele,minhas pernas estavam bambas.Eu só conseguia sentir naquele momento,arrependimento,com um belo toque de conquista.
Assim que entramos,tirei meus sapatos molhados,e ele também tirou os dele.
Ainda curiosa,perguntei a ele,me dirigindo a cozinha para preparar o chá; “Err... Afinal,qual é o seu nome?”
Ele então,com calma,respondeu: “Alexy”
Eu realmente estava espantada,ele me respondeu! Então eu disse: “Que nome...bonito”,sorrindo levemente.
Ele me encarou e começou a perguntar: “Afinal, qual o seu nome?”
Eu respondi: “Anne”
E eu o perguntei: “Quantos anos você tem?”
E ele gentilmente respondeu:“Logo farei 20!Mas é você?Quantos anos tem?”
E eu respondi: “15,apenas 15”
E ele disse: “Você é nova... Tem muitos amigos?”
“Não” - Respondi.
“Ora,Ora... Como uma garota tão fofa como você não tem amigos?”-
(Ele me elogiou?)
“Eu não acho necessário,e além do mais,a escola que eu frequento,deve ter no máximo 50,60 alunos. Na minha classe,ao todo,somos apenas 8.”
“Entendo...”
Comecei a acha-lo interessante,não era uma pessoa ruim,aparentemente.
Logo nos distraimos olhando para a chuva,que só aumentava.
“Meu Deus! Essa chuva não vai parar? Como vou voltar pro meu Chalé? ” - Disse.
“Talvez você não consiga voltar hoje,olhe só esses relâmpagos,quem vai pegar resfriado é você se percorrer longos 800 metros até lá nessa chuva" - ele respondeu.
“ Você tem razão,o que posso fazer então? ”
O clima começou a ficar tenso,nós dois já imaginávamos a resposta mais óbvia..
“Acho que você terá que dormir aqui hoje” - Ele disse.
E eu,totalmente insegura perguntei:
“ Terei de dormir com...você? ”
“ Vou dormir no sofá,durma na cama,afinal,aqui só tem uma”
“M-mas que bobagem! N-não se preocupe,olha,eu trouxe um guarda-chuva! Posso voltar para o Chalé tranquilamente se for bem ligeira!”
Me dirigi a porta bem rápido para voltar ao Chalé,peguei o guarda-chuva e caminhei até a saída.
Ele rapidamente,me segurou pelo braço,pegou o guarda-chuva da minha mão,e disse:
“Você é teimosa,hein? Agora mesmo estava me xingando por estar na chuva,está se auto contradizendo?O que quer provar com isso?”
Estava sem palavras. A única coisa que fiz,foi tirar as galochas,coloca-las de volta no canto da porta,e voltar para dentro,de cabeça baixa. Olhei para ele,e Disse: “ Me desculpe...”
E ele respondeu: “ Terei que cuidar de você enquanto seu avô e sua tia não estão?”
Neste momento,senti meu rosto esquentar. E respondi:
“C-Como assim? Eu sei me cuidar sozinha,e sei cozinhar,e cuidar das minhas tarefas...”
Ele me olhou,e em tom de irônia,disse:
"Sim,consigo ver isso,nitidamente ”
Depois dessa conversa,ele disse que deveríamos dormir,então, apagou as luzes da sala. Fui para o quarto,e de lá, continuei o observando,até ver ele deitado no sofá,dormindo. Uma cena agradável, eu confesso. Depois disso,caminhei em direção a aquela cama, a cama do "Moço", a cama de Alexy,a cama da pessoa que eu tanto queria conhecer,mas isso não chegava a ser uma conquista,nem nada do tipo. Mas no fim das contas,consegui dormir confortavelmente... Aquela noite chuvosa,não foi tão entediante quanto pensei que seria.
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Um Outono Demorado
Short StoryApenas um Conto de Outono,contado e escrito num Chalé,antigo,mas bem conservado...