O Dia Chuvoso

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Era só mais um dia aonde, todos preferiam ficar em seus quartos, lendo um livro ou tomando um chocolate quente, porém não era assim que Eleonor Bensfild pensava, dias chuvosos sempre traziam a tona a trágica noite do acidente que levou sua família e a deixou órfã, ela nunca esquecera o rosto do seu irmão Petter respirando fraco ao olha-lá, antes de desmaiar e acordar no hospital com diversos cabos passando por seu corpo:

- Ele só tinha 4 anos, pensou Eleonor novamente.

Retirada do seus pensamentos por três batidas exageradamente fortes na porta: TOC, TOC, TOC e logo em seguida por uma voz feminina que gritava pelo que parecia ser medo, Eleonor lembrou que no quarto ao lado dormia sua melhor amiga Clarice Edwin, a garota conhecida por seus ataques de pânico por conta de seu medo de trovões e raios durante noites chuvosas.

Eleonor cambaleou até a porta antes que Clarice voltasse a esmurrar mais uma vez:

- Calma Clarice, Já estou indo. (Será que a essa altura do campeonato, ela ainda não notou que raios e trovões só servem pra prever mais chuva?)

Ao abrir a porta entra o que se parece ser uma menina, que em dias de sol, parece uma matraca falante de pijamas cor de rosa com bolinhas brancas.

- Eu odeio dias assim Lenor, parece até que o mundo vai se acabar em água.

- Eu já pedi encarecidamente que não me chamasse de Lenor, Clarisse. (Lenor, apelido dado a Eleonor pela Clarice, ao se conhecerem, o mesmo também serve para disfarçar a única coisa que Clarice acha horrível na amiga: o nome)

- Há me perdoe senhorita, não me chame assim, mais você bem sabe que eu acho que seu nome deveria ser Catarina ao invés de Eleonor. Eleonor soa a coisa velha.

(E deveria era o nome dá bisavó materna de Eleonor, não que ela achasse ruim a homenagem, mais seu nome custou algumas torturantes vergonhas no colégio).

- Perdoe a minha querida mãe, creio que ela nunca pensou que meu nome a incomodasse tanto senhorita. (E ao falar isso, as duas caíram na gargalhada, mais Clarice sabia que ao falar a palavra mãe, a amiga sentia que ela ainda existia)

Eleonor nunca falou do acidente com ninguém, não em detalhes, sempre por alto e a amiga entendia, não gostaria de ver Eleonor que é sua melhor amiga aos prantos contando uma história que ela sabia que a machucaria. Por isso Clarice preferia falar de rapazes, sim, rapazes, outro assunto que Eleonor fugia muito de conversar, pois, toda vez que Clarice falava de rapazes, Eleonor só conseguia lembrar um nome: Toni Daniels e voltava todas as vezes ao passado, para reencontrar sua paixonite juvenil pelo garoto que era visto como o mais bonito, fofo e inteligente do bairro. Toni Daniels, Eleonor sempre se perguntava aonde será que Toni foi parar. Depois do acidente se mudou de estado e nunca mais soube nada dele. Mais não teria pra que pensar nisso ela concluía seu pensamento, Toni nunca a notou, nem se quer falou com ela,

- nunca, nunca falou comigo. Pensou Eleonor, Toni deveria estar namorando uma das Barbies que sempre estavam a seus pés, eu nunca tive nada diferente, nunca.

Eleonor nunca se notou, sempre se achava pior do que as outras, nunca notou que seu rosto era incrivelmente lindo, seus olhos verdes como esmeraldas carregavam uma grande doçura, sua pele era tão alva, mais tão alva que poderia ser confundida com um anjo e para completar o conjunto da obra, Eleonor tinha a única coisa que Clarice sentia inveja, longos e lindos cabelos ruivos, tão lindos que só viviam amarrados para não chamar a atenção de ninguém. Eleonor também tinha um corpo de dar inveja em modelos da Victória Secrets, alto, esguio e completamente escondido em blusas de malhas com nomes de Banda de rock estampadas, uma calça velha preta e uma bota que parecia ser a marca registrada de Eleonor, não à quem não conheça a garota de botas pretas de argolas. Viajando no seu mundo, Eleonor foi acordada com alguém estralando os dedos na frente do seu rosto. Eleonor voltou do seus pensamentos dando um pequeno salto para trás.

Em MeadosWhere stories live. Discover now