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-Estás a olhar para onde?- perguntei franzindo as sobrancelhas e tentando esconder o meu sorriso

-P-para lado nenhum...

-Oh, pareceu-me que estavas a olhar para mim- pisquei os olhos de forma inocente aproximando-me

-Ah, n-não... Eu estava só a olhar p-para os cacifos

-Então estás a querer dizer que a minha namorada feia? És demasiado especial para ela, é isso?- O Brad apareceu e eu escondi-me atrás dele, fingindo estar triste

-N-não é isso, eu só...

-Então tu achas-me bonita?- perguntei num tom de voz baixo continuando atrás do meu namorado e colocando apenas a cabeça de fora para ver reação do chavalo

-E-eu bem...

-Ela é feia para ti, é isso?- O Brad grita, acertando com o punho contra os cacifos

-N-n-não, ela é linda!- o miúdo encolhe-se quase a chorar, visivelmente assustado e o Brad acerta-lhe um murro.

-Quem é que tu pensas que és para andares por aí a chamar as namoradas dos outros de lindas?- ele fala intercalando com risos e eu acompanho-o rindo também, encostando-o, logo de seguida, aos cacifos e enrolando as minhas pernas na cintura dele segurando-me no seu pescoço enquanto o beijo fogazmente e vejo, pelo canto do olho, o miúdo de antes correr entre choro.

-Logo à noite vens ter ao sítio de costume, né bebé?- o Brad pergunta mordiscando a minha orelha e beijando o meu pescoço enquanto eu solto um pequeno riso de prazer.

-Hum, acho que não, tenho de estudar para os exames.- ele ri beijando-me intensamente de novo

-Andas muito piadista tu.

-Posso saber porque ainda não estão nas aulas?- Thomas, o rapaz chato da associação de estudantes pergunta.

-Opah, parece que alguém aqui não tem amor à vida. Se correres rápido pode ser que eu não te faça nada.

-Fiquem com isto- Ele apenas nos entregou uns papéis com advertências ignorando a intervenção do Brad- É para entregar amanhã assinado na direção.

-Mas quem é que tu pensas que és?- o Brad berra irritado

-E já agora, segurança em primeiro lugar está bem? Usem protecção!- ele piscou o olho e saiu com um sorriso

O meu namorado preparava-se para lhe acertar com o punho no rosto quando ouvimos uma outra voz e vemos o Thomas ir encontrar-se com alguém no fundo do corredor.

-Thomas, o que está a fazer fora da sala a esta hora?

-Eu vim só fazer um favor à professora Anabelle mas acabei por encontrar um pouco de confusão por aqui.

-Vamos bazar daqui. Já arranjamos problemas suficientes com a directora nos últimos tempos- eu murmurei e o Brad pegou-me no colo saindo da escola a correr.- O que vamos fazer agora? A minha mãe está em casa e ela sabe que a minha escola só acaba depois das 18.

-Tu não tens de ir para tua casa princesa.-o Brad sorri e abraça-me pela cintura

-Epah, isso é um convite?

-Depende da resposta

-Só vamos- eu rio e nós vamos para casa dele

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Eu permaneço deitada com apenas os lençóis a cobrirem o meu corpo e o Brad está poucos metros afastado de mim, fora da cama, a fumar perto da varanda. Eu sento-me perto dele, nua e tento decifrar o seu olhar. Não percebo no que ele pensa mas na verdade também não percebo no que eu penso. De verdade, às vezes eu odeio muito o Brad por ele fazer o que faz mas depois eu lembro-me que eu sou como ele e isso só me faz odiá-lo ainda mais. Mas por outro lado ele é diferente de todos, ele não se preocupa em fazer perguntas chatas como todos os outros nem em como agir comigo, mas às vezes sinto que ele faz isso porque ele realmente não se importa com nada, nem mesmo comigo. O olhar dele é tão vazio que chega a ser doloroso olhar para ele. Pergunto-me se um dia verei o olhar apaixonado dele, se um dia verei um sorriso genuíno, se um dia o verei de fato e gravata a subir ao altar pronto para passar o resto do tempo comigo. De algum modo eu sinto que essas esperanças são reais, que ele me ama e só não sabe como agir porque me ama, mesmo muito, de verdade. Ainda assim eu não consigo entender o que ele faz, como o faz e muito menos porque o faz mas isso faz-me amá-lo mais. De algum modo o que conheço é tão cruel que o misterioso e tão surreal Brad me aquece o coração. Ainda assim eu não sei como me sentir, não sei se ele realmente me vê como mais do que o seu brinquedo... Eu só, eu só queria poder entende-lo um dia, ainda assim esse é, ao mesmo tempo, o dia que mais temo, o dia em que ele deixará de ser um mistério, o dia em que ele poderá simplesmente perder todo o charme e interesse e eu volte a não ter nada. Ao mesmo tempo sinto que todos estes medos são que me mantêm viva...

-No que estás a pensar bae?

-Nada.

-Está bem.- ele simplesmente encostou-se para trás, tirando o cigarro da boca.-Mas não deixes que esse nada te ocupe o pensamentos.-ele fechou os olhos e bateu levemente com o cigaro na ponta da mão apagando-o.- Vamos.

-Onde?

-Onde eu quero ir

E então ele simplesmente me deu uma sweatshirt e umas calças velhas dele e, vestindo-se ele mesmo falou:

-Podes ir ver se tem alguma langerie da minha mãe que te agrade mas não pegues nas de renda, ela prefere essas para o trabalho.

-Hum, ok

-Bae?

-Sim?

-Para de pensar tanto. O mundo tem muito pouco de bom pra nós termos algo realmente útil em que pensar o tempo todo e pensar em coisas más é inútil então...

-Brad?- eu interrompi-o

-Sim, bae?

-Hoje mais cedo... Tu chamaste-me de namorada... Tu nunca tinhas feito isso...

-Então é com esse tipo de coisas que as mulheres ocupam a mente... Deixa essas coisas, não têm importância

Eu concordei com a cabeça mas para mim, na verdade, tinha muita importância

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Do nada simplesmente apeteceu-me escrever uma estória que já tinha há muito tempo na cabeça mas que saiu meio mal por eu estar a morrer de sono, aff
É uma história de super heróis ok? Então não pensem que é outra coisa e desilidam-se no final :v MAS EU PROMETO QUE VAI SER BOM
Enfim... Espero que gostem anyway e é isso aí, tchau ;-;

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⏰ Última atualização: Apr 23, 2017 ⏰

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