pineapple

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lauren pov.

  saí da minha cama quente e bagunçada em direção ao guarda roupa, no intuito de escolher alguma roupa confortável para ir até o hospital. minha vontade era de ir de pijama, porém peguei um moletom um pouco maior que o usual e uma calça leggin.

  sem arrumar nada, peguei o celular e as chaves do carro jogadas em cima da minha escrivaninha inútil e saí voando. ouvi os gritos da minha mãe e respondi apenas que voltaria logo. a sorte de não sair e não fazer merda- na maior parte do tempo- é ter a confiança da sua família para ir para onde quiser, sem interrogatórios ou monólogos chatos.

  no carro, dei a partida e liguei o rádio, que tocava alguma música antiga. nunca gostei, mas como ficaria pouco tempo lá dentro nem me incomodei.

  o clima de LA pode ser bem frio quando quer e com muita ventania, obrigando-me a fechar as janelas e agradecer aos deuses por ter um aquecedor. por que caitlin tem que ser tão burra e viver caindo? se não fosse por ela estaria quentinha e só sairia daquela cama mais tarde para trabalhar.

  trabalho é uma coisa que nunca reclamei em ter que realizar, principalmente quando você apenas serve alguns clientes em uma pequena cafeteria pouco movimentada do centrinho da cidade e ainda é bem paga por isso. bem paga na medida do possível, é claro. como vou pra uma faculdade pública tenho como me presentear com alguns mimos e ainda ajudar a pagar contas em casa.

  infelizmente -ou felizmente- não sou famosa, então não tenho como me sustentar como meu amigo de infância, matthew. o garoto é de um sucesso que nem te conto, mas nunca perdeu sua humildade e êssencia. matt me apresentou os amigos que tenho hoje -menos a mula da caitlin- e ele dá festas praticamente toda semana, só que eu nunca vou.

a próxima prometi a mim mesma que vou e que vai ser muito divertido. mal posso esperar.

  quando me dei conta, cheguei ao hospital próximo da escola, estacionei e desci. do lado de fora o frio estava tão grande que quase levei um choque térmico, esfreguei minhas mãos e respirava ofegante até chegar ao lado de dentro do ambiente. cait estava com o pé esquerdo enfaixado e esperava sentada em uma cadeira na sala espera triste e sem cor.

  odiava hospitais, queria sair de lá o mais rápido possível, o local emanava morte e tristeza, frio, totalmente branco e com pessoas cansadas tanto fisicamente quanto mentalmente.

—fala aí, manca— cumprimentei minha amiga, fazendo ela se dar conta da minha presença.— como está o pé?

—oi,honey— apoiou-se no meu ombro, ficando em pé, era quase do meu tamanho apenas alguns centímetros menor— dolorido, mas o médico falou que logo ele estará bem.

—vamos então.

—espera, o taylor está no banheiro, ele veio também.— riu sem graça.

—ô sua filha da puta, por que você não me avisou? eu vim na maior bondade, saí da minha cama quentinha, sendo que a naja já estava aqui?— levanto a voz, um pouco indignada.

—não, calma, ele acabou de chegar também— sussurrou, tentando me acalmar inutilmente — pare de gritar, estão todos olhando.

—LOLOOO—uma terceira voz surgiu, atraindo a atenção de todos na recepção, como se todos já não estivessem olhando. se a caitlin já estava envergonhada, agora queria enfiar a cabeça dentro de um buraco,assim como eu.— que saudades.

—oi, caniff. também estava com saudades— nos abraçamos por alguns segundos— melhor nós irmos.

—obrigada, deus. você é top.

  do lado de fora, um problema. taylor também estava de carro e caitlin não sabia com quem ir.

—vai com ele, preciso passar no mercado e comprar abacaxi—digo.

—pra quê você quer um abacaxi?— taylor pergunta auxiliando cait a entrar no carro.

—pra enfiar no cu—ironizo— mas é cada coisa que eu ouço, viu.

—você ainda vai pagar pela sua boca, lauren.— taylor me dá seu olhar de desaprovação.

—ela está tendo sonhos com esse abacaxi faz semanas, então acha que se comer eles acabam.— caitlin enfim explica, eu apenas concordo com a cabeça.

—ahhhh—exclamou—vá em frente, então.

—vão para minha casa, minha mãe deve ter saído com meu irmão. por favor me esperem lá e comportados.— dou ênfase na última parte deixando bem claro que não quero bagunças, sou muito jovem para morrer.

—sim, capitã.— tay beija minha bochecha antes de entrar no carro e ligar o motor. faço o mesmo e manobro para ir na direção oposta, a caminho do mercado.

(...)

  entro no estacionamento e procuro uma vaga, pronta para fazer uma baliza e mostrar meus conhecimentos automobilísticos, note a ironia.

movimento o volante no sentido da esquerda e depois da direita, encaixando a frente do veículo entre os dois carros. para a parte de trás, dei alguma ré e virei-o aos poucos, olhando sempre os retrovisores.

  o meu carro era velho, estava quase caindo aos pedaços, precisava de força para mandar as coordenadoras e eu não sou tão abilidosa com o volante, me ajuda a te ajudar né querido. confiro a distância mais uma vez e a BMW branca parecia longe.

  nunca suei tanto em minha vida e minhas mãos escorregavam no couro, dificultando a locomoção. abaixei o volume do carro e dei total atenção ao que estava fazendo, cadê os manobristas que salvam vidas?

  perdi a paciência e fui indo, indo, indo...

"deve estar bom", penso e olho o retrovisor,"nah, posso ir mais um pouco".

até que ouço um barulho.

—ai caramba— levo o carro pra frente— espero que tenha sido apenas uma batidinha.—peço para todos os santos me ajudarem nesse momento enquanto tomo coragem para analisar o estrago.

  minha pressão foi até as alturas e desceu até o inferno em uma velocidade que deveria ser considerado um recorde, respiro fundo e abro as portas do carro ainda ligado.

a frente do grande carro branco era bem cuidada, mas agora tinha pequenos arranhões causados por mim e além disso, um amassado mediano em cima da placa.

  penso em sair correndo, não preciso mais de um abacaxi, maldito abacaxi. se não fosse pelo dono do carro sentado no banco e observado tudo eu iria embora fazendo a sonsa e fingiria que nada tinha acontecido.

ele saiu completamente tranquilo e caminhou até mim. eu to fodida.

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meu novo hobby é passar vergonha na internet.

mentira esse é velho já. eu comecei a ver videos de transformação feita no photoshop e é viciante, recomendo.

eu revisei essa merda umas vinte vezes e ainda deve ter coisa errada, mas tudo é com muito amor e carinho, prometo.

all the love, L

skyes- j.gOnde histórias criam vida. Descubra agora