Pov – TravisNão dá para negar que Ella é uma moça bonita, mais do que isso, é charmosa, simpática e tudo nela parece bem natural, como se ela não ficasse pensando muito, não estuda os gestos, as palavras. Gosto muito disso.
Muito mais do que devia, vez por outra me pego pensando nela. O que é bem estranho e no mínimo inapropriado, é neta de um paciente e claro que no momento só tem em mente a cura do avô. Ainda mais do modo como os sinto ligados.
Afasto o pensamento. Olho o relógio. Amanhã o senhor Smith se interna, vou vê-la por aqui e preciso parar de ficar pensando nela.
Deixo o consultório quase sete da noite. Penso em minha mãe e suas armações, não sinto vontade de voltar para casa. Estaciono o carro no pequeno centro comercial da cidade. Vou dar uma volta, comer qualquer coisa e chegar em casa na hora de dormir. Casa não. Chegar na casa dos Adams, minha casa mesmo está parecendo uma zona de guerra.
Passo em frente a livraria. Quem sabe encontro algo novo. Entro sabendo que nada me distrai mais do que caminhar por estantes cheias de livros. Suspiro ao me lembrar que os meus estão todos encaixotados numa pilha no canto do apartamento enquanto paredes parecem ser derrubadas e depois reerguidas.
Procuro a prateleira de livros técnicos, um médico nunca deixa de estudar. Separo alguns títulos, depois sigo andando de modo aleatório, esperando algo me chamar atenção.
Quando menos espero vejo Ella, com um livro aberto nas mãos, lendo avidamente qualquer coisa que a fazia sorrir. Com a mão livre ela afasta os cabelos do rosto e coloca atrás da orelha.
Eu devia ser prudente e seguir fingindo não tê-la visto, mas algo em mim me impele e me aproximo.
─Boa noite! – Ela tem um pequeno sobressalto, ergue os olhos, vejo sua surpresa dar lugar a um sorriso educado.
─Doutor... Travis. Boa noite.
─Como vai Ella? – Pergunto parado diante dela.
─Tudo bem. Vim comprar uns livros, não sei quanto tempo ficamos no hospital então... – Ela não termina a frase.
─Não muito. É uma cirurgia razoavelmente segura.
─Razoavelmente me assusta. – Ela me sorri e que lindo sorriso, me deixa atrapalhado. Isso é outra coisa que me impressiona.
─Já escolheu? – Olho para sua cestinha com meia dúzia de livros, ela afirma.
─Já. Nunca é o bastante, sou meio compulsiva quando se trata de comprar livros, então é melhor sair logo.
Ela fecha o livro que tinha na mão e coloca com os outros na cesta. A arte na idade do metal. Ella acompanha meu olhar.
─Sou formada em história da arte. – Me conta quando caminhamos em direção ao caixa. – Eu tinha conseguido um emprego no museu em Mississippi, mas abri mão dele para vir com meu avô.
─Atitude corajosa.
─Errado, foi puro medo de perder meu avô. – Ela brinca quando chegamos ao caixa, faço sinal para ir na frente, ela paga, enquanto seus livros são guardados em uma sacola é minha vez de pagar.
─Toma um café comigo? – Convido sem resistir. Ela fica na dúvida, mas acaba por sorrir.
─Pode ser. – Saímos juntos, caminho a seu lado, vez por outra, aceno para homens e mulheres que cruzam nosso caminho, a maioria eu nem sei o nome.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Exceção (Degustação)
RomantikA exceção, é assim que Travis Adams se sente. Nascido em uma aristocrática família americana fundadores do estado da Virginia, Travis não se encaixa no modo de vida imposto pelos pais. Se forma em medicina quando todos esperavam que seguisse os pass...