Capítulo IV - Conversas

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CAPÍTULO IV - Conversas (ou sobre bilhetes misteriosos e um encontro marcado).

Na manhã de sexta-feira Lily decidiu que era idiotice deixar de fazer suas refeições no Salão Principal. Principalmente porque as pessoas notaram a sua ausência e quando encontravam com ela nos corredores lhe faziam perguntas irritantes. E como não tinha paciência para responder, resolveu que era melhor não agir de forma que levantasse comentários. Sem contar que era muito mais confortável comer em uma mesa com mais opções de comida e bebida do que apenas sanduíches.

Havia acabado de colocar um pouco de açúcar no seu mingau de aveia quando Hugo surgiu.

— Ei, o que você está fazendo? — Ele perguntou, sorrindo, e sentou-se em frente a ela.

— Tomando o meu café da manhã. — Lily respondeu, em um tom de "não é óbvio, dã?".

Hugo apenas deu risada e abanou a cabeça.

— Eu sei, bobinha, é só que eu não estava esperando te ver aqui. Alguém andou meio sumida essa semana.

— Você parece que acordou animado hoje. — Lily rapidamente mudou de assunto, pouco disposta a contar para o Hugo o motivo de não ter aparecido nas refeições por quatro dias.

— É sexta-feira. — ele respondeu, servindo leite quente em uma xícara. — Motivo suficiente para acordar animado.

Lily quase revirou os olhos, mas se conteve.

— Tenho horário duplo de poções agora de manhã. E depois transfiguração. Não tenho motivos para estar animada.

Hugo balançou a cabeça em desaprovação.

— Se continuar reclamando desse jeito vai acabar se enchendo de rugas cedo. — ele retorquiu e tocou no canto do olho de Lily. — Eu até já estou vendo algumas bem aqui.

— Hugo! — ela protestou, afastando a mão dele com um tapa, mas acabou rindo. — E o que é que você está fazendo na mesa da Corvinal? Pelo o que me lembro a sua é a dos texugos.

O garoto deu de ombros e bebeu um longo gole do leite, fazendo ficar com um bigode branco de espuma, antes de responder:

— Eu estava devendo um favor ao meu amigo e ele me pediu para te perguntar se você não quer sair com ele. Finja que eu estou usando o meu privilégio de primo com você.

— Sério? — Lily arqueou uma sobrancelha, achando patético. Qualquer garoto que precisava de um mensageiro para falar com ela não estava pronto para sair com nenhuma garota. — Diga a ele que serviços terceirizados definitivamente não dão certo, em especial nesse caso.

— Vai partir o coração dele. — Hugo disse, em um tom fingido de pena.

— Às vezes eu não posso evitar. — Lily piscou os olhos, forçando uma expressão culpada, fazendo os dois abrirem sorrisos cúmplices.

— Bom, pelo menos eu tentei. — ele declarou por fim, dando de ombros, e colocou algumas panquecas no seu prato despejando bastante mel nelas, o que fez Lily fazer uma careta com tanta caloria reunida.

Eles ainda estavam meio sorridentes quando Dominique apareceu e se sentou ao lado de Lily.

— Bom dia, Lily e... — Ela olhou para o primo, meio surpresa. — Hugo?

— Eu sei, eu sei, estou na mesa errada. — ele se adiantou a dizer e enfiou um pedaço particularmente enorme de panqueca na boca.

Dominique deu de ombros.

— Eu não ia dizer nada, mas já que você notou... O que está fazendo aqui?

— Acho isso besteira. — Hugo disse, com a boca cheia e levantou o dedo pedindo um instante. Mastigou rapidamente a comida e tomou um gole de leite para engolir tudo antes de continuar: — Tudo bem dividir as casas no banquete de abertura, em eventos e no encerramento. Até eu reconheço que isso é importante. Mas no dia-a-dia? Qual é? Não vejo problema nenhum em me sentar aqui ou na mesa da Sonserina, por exemplo.

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