Texto Copyright © 2017 por Ariane Souza.
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Timothy estava voltando para casa de bicicleta quando um estranho parou à sua frente, bem no meio da rua, bloqueando seu caminho. Ele tentou desviar-se, mas o estranho abriu os braços fazendo-o frear bruscamente. Seus óculos escuros eram avermelhados e seus cabelos compridos eram palidamente grisalhos. "Cuidado com os pedestres na rua, criança", ele disse, inclinando levemente sua silhueta esguia.
Era fim de tarde e as poucas pessoas ao redor apressavam-se para chegarem logo em casa, pois as nuvens escuras se aglutinando no céu alaranjado cobriam o que restava do sol e anunciavam um forte chuva.
"Mas foi você que entrou no caminho!" Timothy respondeu com um tom de obviedade. E, enquanto ele olhava para aquela figura bloqueando sua passagem ele percebeu que, apesar do cabelo bastante pálido, quase branco, suas feições não eram as de uma pessoa envelhecida. Ele usava uma camiseta preta que terminava nos joelhos, com uma calça azul por baixo e sapatos pretos.
Alguns passantes já estavam começando a prestar atenção na cena, quando mais duas pessoas saíram de uma casa próxima. Os dois tinham cabelos curtos, mas o cabelo do que estava usando jeans escuros e blusa branca desbotada, era de um preto quase sólido; enquanto que o do outro, era de um cinza pálido, e ele usava roupas escuras que lhe emprestavam um ar de formalidade.
"Vamos Ed, não incomode os habitantes." O de cabelo cinza disse em tom de impaciência, puxando levemente um dos braços estendidos de Ed, e o levando em direção ao passeio. "Me desculpe por isso", ele disse para Timothy, já de longe. Mas antes que Timothy pudesse responder qualquer coisa, os três já estavam andando, de costas para ele.
"Eu não estava incomodando ninguém. Eu só estava checando uma coisa, Zian." Timothy ouviu o que se chamava Ed dizer, enquanto os três se afastavam.
"Ótimo, vai começar a chover." Ele ouviu do que tinha o cabelo solidamente preto, quando passou por eles já em sua bicicleta de novo, sentindo os primeiros pingos de chuva tocarem suas bochechas.
Nagranto estava no começo do verão. E aquela tarde estava muito quente e abafada. Tão quente, que houve uma pane na central de energia da cidade, por causa da grande quantidade de aparelhos como ventilador e ar-condicionado sendo usados ao mesmo tempo. E então, toda a cidade estava sem luz elétrica.
"É só água, Tevis." Ed replicou, mas dessa vez Timothy não estava perto para ouvi-lo. Ele já os tinha deixado para trás, pedalando ainda mais rápido por causa da chuva. Os três, contudo, continuaram andando normalmente, mesmo com as pessoas ao redor se apressando ou parando em algum lugar, esperando que a chuva passasse. Esses últimos, porém, rapidamente se aventuravam de novo na chuva, para chegarem logo em casa, assim que percebiam que aquela não era uma chuva passageira, mas o início de uma tempestade de verão.
"Vocês conseguiram falar com ela?" Ed perguntou a eles, enquanto tirava seus óculos salpicados de água da chuva.
"Não," Eles responderam quase ao mesmo tempo. "Ela não estava em casa", Zian complementou.
"Mas a porta estava aberta," Ed ressaltou, lembrando-se da casa que os dois tinham entrando enquanto ele esperava do lado de fora.
"Parece que ela ainda está aprendendo como as coisas funcionam aqui nessa cidade," Tevis disse.
"Amadores," Ed resmungou consigo. Depois adicionou:
"Parece que teremos que ficar por mais tempo nessa cidade." Mas os outros dois nada responderam a isso. E eles continuaram andando em silêncio, na chuva, ao longo da rua já deserta.
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Iliona e a Retomada dos Laços (Amostra de livro já publicado)
FantasyOs desejos humanos refletidos no céu de Iliona não são um incômodo para os seus habitantes, os ilions. Mas o isolamento no qual vivem é, para alguns. As areias escuras de Iliona, sua tecnologia peculiar, seus vales profundos com ventos cortantes e c...