Pabo (Idiota)

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      Com todas suas pintas, ironias e seus olhos molhados por uma perda tão boba, como esse rapaz pode ser real? Está bem na minha frente e eu não posso tocar... Ou eu posso?

     Estico minha mão. Deve ser uma miragem. Isaac sentado na calçada, levanta o rosto e me pergunta do jeito mais natural possível:
     "O que foi? Nunca viu um homem chorar?", sorriu limpando as lágrimas.
      E se levantou para ir andar para longe.
      "Só estava checando", digo me justificando.
      "Checando o que?", ele me pergunta de boa vontade parando em frente de um pet shop para olhar os cães. Molho os lábios nervosa e digo:
       "Se é só um sonho. Se é como aqueles sonhos que se eu fizer qualquer movimento ativo demais posso acordar e nunca mais sonhar com a mesma coisa"
        "Parece mesmo um sonho?", Perguntou rindo um pouco.
        Assenti. Demos uma pausa olhando os cães brincarem.
        "Se eu fizer algo ativo demais... Você sumirá?", Perguntei inquieta.
        "É claro que não", respondeu confiante franzindo as sombrancelhas.
       Vindo dele parece verdade. Suspirei aliviada mesmo que parecendo boba. Tomei um gole de confiança e virei todo o meu corpo de frente a ele. Ele, curioso, virou também. Com minhas duas mãos, segurei suas bochechas geladas do tempo frio, pus meu rosto perto dele e dei um beijo de esquimó apertando-o. Soltei Isaac e o rosto dele era como o de um cão com o dono. "E-eu... Eu acho você totalmente idiota'', falei, ''Idiota quando chora; Idiota quando sorri; Idiota quando me chama de menininha; Idiota quando não me leva a sério: Quando diz que está bem com o seu pai, quando na verdade não está e eu sei disso; Idiota quando some; Idiota quando se esconde por vergonha; Idiota mesmo! Sabe, eu sei que nos conhecemos só a uns meses, mas eu te conheço como ninguém! E você sabe disso, então eu realmente posso dizer... Que você é um idiota! Você é realmente um idiota!", Digo confiante largando ele e pondo minhas mãos nos bolsos do meu casaco.
       Bufo fazendo uma fumaça branca no ar frio. Ele sorri triste e diz "Eu sei", mas acho que ele entendeu o que eu quis dizer. Ele não é um idiota, ele é incrível. Ele chorando me dá vontade de ter filhos e morar com ele pra eu cuidar dele pra sempre. Cuidar dele e de todos os pequenos ''nós'' que teremos correndo pela casa. Argh! Não posso confiar esse trabalho a mais nenhuma pessoa! Só eu conseguiria o amar com todas as forças e sinceridade! Quem daria mais amor que eu? Quem cozinharia com mais amor que eu? Quem amaria mais do que eu? Quem colocaria ele mais acima de tudo do que eu? Se não eu, quem? Por isso é um idiota. E ele sabe disso. O pior de tudo... Ele sabe. E sempre será um idiota e um dia isso tudo será um sonho o qual eu acordarei. Idiota.
         ''Oque você está fazendo, Rose?", ele sorriu vermelho olhando pra baixo, depois olhou nos meus olhos e, ainda sorrindo, fez carinho no topo da minha cabeça bagunçando meu cabelo todo.
      "Como uma menininha consegue ser tão fofa?'', ele perguntou feliz, mas brincando, infelizmente, brincando.
      "Me leve a sério, Isaac...'', fiz a cara mais séria que consegui.
      "Hahaha, tudo bem, tudo bem"
       E fomos andando.
       Talvez ele não seja um idiota, mas goste de se fazer como um. Inúmeras vezes nos declaramos, dizemos quantas vezes que amávamos um ao outro? Quantas? Tantas... E mesmo assim ele se nega até o fim em me pedir em namoro. Ele é 7 anos mais velho do que eu, talvez esse fosse o maior problema... Mas eu tenho 20 anos, então tenho quase certeza que era neurose dele.
        Uma vez (das milhares de vezes) que nos declaramos,tomei coragem e o beijei... Estávamos no quarto dele, até porque éramos melhores amigos, então deitei na cama dele e fiz beicinho e ele olhou pra mim sorrindo com um olhar doce e gentil que só ele sabia fazer, era bom pensar que eu era a única pessoa com quem ele olhava daquele jeito. Com toda a minha inocência e toda minha perversidade também, o chamei pra deitar na cama comigo, ele deitou ainda sorrindo com o melhor olhar do mundo, e eu disse quase em um sussurro rouco:
     ''Fecha os olhos, Isaac'', e ele fechou sorrindo ainda.
      Continuei:
     ''Uma das coisas que você me ensinou foi quando eu querer muito algo, contar até 10 e ai então respirar e ter os meus 30 segundos de coragem... Certo?'', ele assentiu ainda sorrindo. ''Então aqui vai'', e suspirei, dando um celinho demorado nele, ele me correspondeu e eu toquei o rosto dele, até que ele me segurou pela cintura e me apertou no corpo dele, mas de um jeito carinhoso e nada pervertido. Eu estava segurando tanto isso, que queria o tocar por inteiro, tocar todo o seu corpo, mas depois que eu tentei pôr a mão dentro da sua blusa, ele segurou ela, sorriu e falou animado: ''Acho melhor pararmos, menininha, hahaha'', eu ri junto, envergonhada. Então paramos e ficamos ali, deitados nos olhando... E ali, naquele momento entre vários, eu me relembrava que eu era a garota mais sortuda do mundo.
        O tempo se passou e ele não tomou muitas atitudes, estávamos próximos como sempre e ele me evitando a avançar... Talvez pela diferença de idade.
         Foram tantas vezes que falamos que queríamos ter filhos... Eu dizia que queria uma filha chamada Melody e ele disse que queria ter uma que tocasse violino e fosse gentil... Dizem que quando se ama alguém, você consegue ler a mente da pessoa. Eu sei que ele estava pensando em um filho nosso, como eu também estava. Não, não é ilusão minha de jeito algum. Não minta, Isaac... É tão difícil ser sincero?
         Parando pra pensar... Talvez, para Isaac fosse difícil, mas eu aprendi que os namoros são fáceis, as pessoas que dificultam... Se ele queria que fosse fácil, pra quê dificultar tanto? Se gosta de mim, me diga; Se quer me beijar, me beije; Se quer ver o mar comigo, me siga; Se quer largar tudo e me abraçar, venha. Ele foi um dos rapazes mais idiota que eu conheci na minha vida e eu não conseguia parar de estar apaixonada por ele.
        Ele saia do trabalho no mesmo horário que eu saia do curso, então ele saia do trabalho, me buscava, quando chegava na casa dele, ele entrava e ai eu ia embora pra minha que era dois quarteirões depois.
       Uma vez eu dormi na casa de Isaac. Fui na casa dele depois do curso, mas inesperadamente teve uma tempestade tão forte, que meus pais me ligaram avisando pra ficar lá até acabar ou se continuar, perguntar se posso dormir só por aquela noite. Eu fiquei surpresa, meus pais não são disso. Fingi não estar feliz com isso pros meus pais, mas fui correndo em cima do Isaac o abraçando e falei:
      ''Meus pais me deixaram dormir aqui'', e então dei o melhor sorriso pro melhor garoto do mundo.
     Ele ficou vermelho, pôs a mão no rosto e falou surpreso:
     ''Sério? Oh...'', e ele olhou em volta pensativo e continuou:
     ''... Bem, tudo bem, pode ser divertido e eu posso dormir na sala'', sorrindo.
       Eu pulei de alegria e disse que ia fazer a pipoca pra vermos filme, ele levantou a sombrancelha pra mim e perguntou:
      ''Ei, isso tudo não foi uma trama sua pra dormir aqui, né?''
       Olhei pra ele com deboche e falei:
       ''Não te contei? Im God, fui eu que fiz chover''
       ''Oh, excuse me, God, mas sua pipoca está queimando''
       ''Eita!!'', gritei me virando tentando salvar um pouco dela.
       Rimos juntos, com a melhor combinação de risadas do mundo.
       Eu realmente era sortuda.
       E nessa mesma noite, teve trovões fortes. Isaac estava dormindo no sofá e eu na cama dele no quarto... Mas eu não estava satisfeita. Fui até a sala, agachei do seu lado e o cutuquei, ele acordou em um salto gritando e falou:
        ''Meu Deus, Rose! Quase que você me mata! Está tudo bem? O que houve??"
        Envergonhada, falei:
        ''Não quero dormir sozinha''
        ''O-Oque?'', ele gaguejou.
        ''Quero que você durma comigo''
        ''A-Ah... Que constrangedor, menininha... Como pode dizer isso? Hahaha''
       ''Anda...'', falei mole puxando ele pela manga do casaco, quase fazendo beiço.
       ''Por causa dos trovões?...'', perguntou.
       Assenti.
       ''S-Só por eles?...''
       Fiquei vermelha.
       ''C-Claro!'', quase gritei
      ''H-Hum... Ok'', ele assentiu e foi se levantando indo para o quarto.
     Ultrapassei ele correndo para cama igual uma "menininha" ganhando um doce e sentei, olhei ele na porta com a mão no rosto, todo vermelho, com uma touca preta e um casaco cinza e dei dois tapinhas na cama como se estivesse o chamando. Como eu estava na ponta da cama, ele teve que passar por cima de mim pro outro lado, o corpo dele passou tão próximo do meu corpo que não pude não ficar vermelha.
      Fui até o pé da cama e desliguei a luz do quarto. Deitei do lado dele, nossos rostos próximos e eu sentindo seu hálito fresco por ter escovado os dentes a pouco tempo... Era como um convite a um beijo, pela brecha da porta, passava feixes de luzes dos carros que passavam na rua, assim nos permitindo ver nossos rostos por breves instantes... Um feche de luz, estava olhando nos olhos um do outro... Outro feche de luz, olhávamos pra boca um do outro... Outro feche, fechei os olhos... Mais um feche, fui chegando perto da boca dele e ele da minha...
        ''Argh...'', ele suspirou como se segurasse e me abraçou forte me balançando.
       Tentei de leve me soltar resmungando.
       ''Oque foi, Isaac?'', perguntei ainda resmungando.
      ''Nada, só vamos dormir assim agora''
     ''Hã!? Poxa! Porquê?'', resmunguei.
     ''N-Nada, só vamos."
     ''Parece até que não quer me beijar...'', sussurrei decepcionada.
     ''Não é isso...'', ele disse quase sussurrando ainda me abraçando forte.
    ''Oque é então?''
    ''O-Olha...'', ele me soltou, olhou nos meus olhos e continuou:
    ''Você... É uma menininha. E eu sou um cara mais velho, tenho minha necessidade de cara mais velho, sabe?''
    ''Mas eu posso satisfazer sua necessidade...'', eu entendia o que ele dizia, claro, e não estava brincando e nem querendo ser indireta, indiretas nunca funcionaram com ele.
      ''M-Mas...'', ele suspirou, ''...Você não entenderia, Rose."
     ''Então me explica, Isaac..."
     ''Vamos dormir, ok? Amanhã você ainda tem curso e eu trabalho."
    ''Mas amanhã é sábado!'', levantei uma sombrancelha pra ele.
    ''M-Mas precisamos dormir pra ter um ótimo dia, então boa noite.'', disse com pressa, claramente tímido e com vergonha, virando pro outro lado da cama.
     Soltei um riso, ele era bem fofo. O abracei por trás, beijei suas costas e disse:
    ''Boa noite."
     E pegamos no sono.
     Isaac sempre me evitava, sempre guardava suas vontades comigo. Sempre e por muito tempo. Eu acabei me cansando, pois parecia que nunca iríamos pra frente. Ai cometi o meu primeiro erro...
      Eu e Isaac erámos como carne e unha, pão e ketchup, lasanha e mostarda... Ok, combinações estranhas que só eu e ele gostamos... Mas então, sem bater na porta, chegou um garoto, eu e ele começamos a namorar e gostar um do outro... Me desculpe, mas estava cansada do Isaac evitar tudo o que eu fazia diretamente... E também queria causar ciúmes, qualquer coisa que fizesse ele demonstrar, eu queria tanto...
      Isaac caia igual um patinho, dizendo que estava tudo bem, mas eu via em seus olhos. Um dia, eu e aquele garoto terminamos, na verdade, eu que terminei... Oras, eu não gostava dele. Foi um erro.
     Um péssimo dia, Isaac me disse que encontrou uma ex colega de turma que ele era super afim nos tempos do ensino médio, mas nunca tinha notado ele, e então eles bateram papo, até que ela pediu o número dele, e aí foi indo tudo naturalmente e muito rápido. Em um dia começaram a se falar, em uma semana gostavam um do outro, e eu me perguntava o que estava acontecendo... Em um mês ele disse que ela foi visitar ele na casa dele, nesse mesmo dia se beijaram, e uns dias depois ele veio me contar com o maior sorriso nos lábios...
     "Você não vai acreditar! Fizemos amor!''
     Me senti mal, mas ao mesmo tempo fiquei me perguntando se ele sabia o quão broxante essa palavra era, mas fiquei em silêncio.
    "Foi tão lindo, ela é tão linda!", Continuou.
     Eu ouvia tudo quieta e tentava apoiar... Quer dizer, eu fiz o mesmo com ele antes e ele tentou me apoiar, mesmo que triste... Talvez eu estivesse colhendo o que plantei, ou pagando pelo meu erro.
     Outro dia ele, agora sempre sorridente, quis me mostrar uma foto dele... Na foto, ele sorria nela com os olhos brilhando, o rosto todo cheio de marcas de batom vermelho pelas bochechas, testas, queixo... Alguém tirou aquela foto e foi ela, ele disse que ela que quis tirar. O olhar, o melhor olhar do mundo, que antes era só pra mim, agora era pra outra pessoa também.
     Senti tanta inveja. Poderia ser eu, será que ele realmente nunca me quis?
    Aconteceu tudo rápido e em uma explosão, senti tanta emoções, eu tentava aceitar mas não queria, mas eu só podia aceitar...
    Um dia passando em frente a casa dele para ir embora, ouvia saindo da casa dele uma música bem alta do One Direction tocando, uma que toda hora passava na rádio. Achei estranho, pois o Isaac nunca demonstrou gostar das músicas desse grupo. Fui andando devagar olhando até que vi uma silhueta feminina, levei um susto e parei na calçada olhando. Caroline era alta, até mais do que ele, aparentava ter 26 anos, acima do peso, loira, olhos azuis lindos, e usava uma maquiagem azul toda torta ao redor dos olhos (uma tentativa falha de destacar a cor dos olhos); ela estava dançando e cantava animadamente a música do One Direction. ''Ela realmente não faz o tipo dele'', a julguei na minha cabeça. Fiquei a olhando por uns 5 segundos até que Isaac apareceu na sala e nossos olhares se encontraram por 1 segundo, ele sorriu para mim, parecia que queria dizer algo...
     Corri por dois quarteirões até chegar na minha casa, e mesmo lá, olhei pra trás pra ver se ele me seguiu. Olhei... Ninguém. Eu tinha medo dele ter me seguido, mas eu realmente queria que ele tivesse feito isso. Queria que ele se importasse um pouco, queria que voltassemos a sermos quem éramos, mesmo que só um pouco... Completamente decepcionada por ele e comigo mesma.
       Entrei na minha casa, me joguei na cama abraçando a pelúcia do Pokémon Snorlax que um dia ele me deu e as lágrimas rolaram até eu pegar no sono, igual a uma idiota.
     Eu não conseguia parar de pensar nele, nunca consegui desde que o conheci. Eu me iludia pensando que ele começou esse relacionamento para me pôr ciúmes, mas cada vez mais eu via a realidade, cada vez era um tapa a mais no meu rosto e eu continuava a não aceitar e não saber o que fazer. Eu estava sumindo de toda sua vida e a cada parte minha que ele esquecia, sentia uma parte de mim evaporar.
     Uns meses com eles namorando e ele queria que ela morasse com ele. Ela disse que tinha problemas em casa, que ela odiava o seu corpo, que a mãe batia nela, que o pai a chamava de burra pois tinha repetido na escola várias vezes e não tinha um trabalho. Só consegui sentir pena dela... E ela foi morar com ele.
     Ele se gabava pra mim o quão era bom transar com ela, vocês têm idéia disso? E como uma boa trouxa, só ficava feliz com ele e fingia estar tudo bem. Eu já tentei mil vezes falar com ele, mas ele dizia que agora só tinha a namorada dele e queria que eu e ele fossemos amigos. ''Tudo bem, Isaac'', eu dizia...
     Um dia comecei a namorar outro cara. Isaac me apoiou, fingia se importar, dizia que esse meu novo namorado era excelente, dizia muita coisa boa, mas eu sei e ele sabia que só dizia isso pra eu esquecer ele e o deixar em paz. Eu passei a me tornar um fardo quando antigamente eu era tudo.
     Um ano de namoro e ele me disse que queria pedir ela em casamento. Me mandou foto pelo Facebook da aliança que ele comprou e meus olhos se encheram de lágrimas. Em um altar, onde eu me imaginava com ele, agora era a Caroline. Se eu fosse convidada pro casamento, seria sorte minha.
     Com lágrimas escorrendo, digitei:
     "Não está muito cedo, Isaac? Você pode se arrepender."
    ''Com ela eu sinto certeza. Isso vai dar certo."
     Comigo você não sentia?...
     No dia seguinte ele pediu ela em casamento.
    ''Ela aceitou, eu sou tão incrível! Quantos caras têm chance de namorar uma garota linda e incrível como ela? Nenhum! HAHAHA, eu sou tão sortudo!"
      Visualizei e não o respondi.
     "Ei, menininha, me leia, preciso divulgar isso para todos."
     Respirei fundo e respondi:
     "Parabéns, espero que dê certo!"
     "E vai dar!", respondeu.
    Passou-se umas semanas e as brigas vieram. Ele dizia que ela xingava ele e o quão ele se sentia triste, mas dizia que ''ela só estava em um dia ruim''... Mas todo dia, Isaac? Eu nunca diria as coisas que ela dizia a ele, nunca... E ele parece que esqueceu disso.
       Ele me dizia que eles brigavam por mim; ela sentia ciúmes porquê eu era a melhor amiga dele... Admito que isso me deixou um pouco feliz, mesmo sendo errado de minha parte.
      De nos vermos todo dia, passamos a nos vermos 3 vezes por semana, até que nos víamos quase nunca...
       A namorada dele não gostava de quando ele ficava perto de mim... O motivo é óbvio. Ele também nunca podia conversar comigo pelo Facebook perto dela, se não ela tomava o celular da mão dele e a briga começava. Era um namoro tão abusivo, pensei já mil vezes a discutir com ela.
      Resolvi ir conversar com ele, falei pra ele largar ela, perguntei se ela era mesmo o que ele queria, que eu estava ali e ele podia repensar... Ele disse que tinha certeza, que eram só tempos ruins, e ela só é assim porquê o namorado antigo dela era um psicopata que batia nela e estuprou ela uma vez... Fiquei sem palavras.
      Um dia eles dois brigaram feio, ela bloqueou ele e não queria conversar de jeito algum com Isaac, ele ficou tão mal que eu consegui parar de sentir pena de mim, para sentir pena dele... Então tomei coragem e fui ao Facebook dela. Eu a disse o quanto ele ama ela, contei tudo de lindo que ele fala dela, o quão ele fala que é sortudo, o quanto fala que ela é linda, tudo... E ela começou a desabafar contando sobre tudo da vida dela. Ela disse que tinha desmaiado naquele dia por não estar comendo a 3 dias porquê queria emagrecer, que se sentia gorda e feia... Fiquei me perguntando como uma garota com olhos tão bonitos e um garoto tão incrível a amando, consegue se sentir um lixo tão grande... Eu dei uma bronca dizendo que ela tem que se amar, como o Isaac a ama, que ela é linda como é e quem não vê isso é um porco que devia olhar mais pro próprio umbigo... Eu realmente fui amiga dela naquele dia. Me esforcei muito. E depois ela se acalmou com tudo, desbloqueou Isaac e ele veio me agradecer. Depois de um tempo, voltei a me sentir mal.
      Mesmo depois disso, as coisas continuaram mal e só foram piorando. Mesmo depois de ajudar ela, ela continuava o afastando de mim sem motivo e só sentindo mais raiva de mim. Eu estava irritada com os dois e desesperada pelo meu amor não correspondido.
       Dei a idéia de eu e ele conversarmos pelo skype... Mas nessa altura eu estava tão desesperada por ele e tão triste, que vesti o meu pijama rosa claro, o qual tinha um short um tanto curto, fiquei em uma posição deitada um pouco insinuadora e liguei a câmera... Ele levou um susto, estava na cara dele. Me senti ótima comigo mesma por dar qualquer tipo de sentimento a ele, me senti notada. Começamos a conversar como se não houvesse nada de demais. Ele me disse:
      ''Oh, essa criança está tão fofa. Nem parece a mesma criança de antes, haha"
     "Estou?'', perguntei sorrindo fazendo carinhas fofas e empinando um pouco a bunda... E, óbvio, ele notou.
     Teve um momento que eu percebi que ele não parava de olhar pro meu corpo, foi por uns 5 segundos, até que ele falou ''Preciso ir'' e desligou a chamada. Acho que ele percebeu o quão errado isso era. Desculpe, Isaac, foi um ato de desespero.
      Logo que ele desligou, percebi o que fiz e me senti como um lixo, eu sou tão desesperada e patética, fui praticamente uma puta. Senti vergonha de mim mesma e fiquei sem falar com ele por muitos dias, quase um mês. Até que...
       Uns dias depois alguém me mandou mensagem pelo Facebook dele me chamando de puta e depois mandando letras aleatórias, ele disse que a Caroline que tinha mandado e ele me pediu desculpas, disse que era só uma ''brincadeira dela''. Ela deve ter descoberto de algum jeito a chamada no Skype. Só sinto mais vergonha.
      Um dia tomei coragem e pedi desculpas pelo ocorrido, ele me respondeu do jeito mais seco que estava tudo bem. O assunto morreu depois disso.
     Eu estava tão perdida, eu fazia mil perguntas pra ele e ele nunca me respondia. Ele passou a não visualizar mais, e se visualizava, não respondia. Até que um dia fui dormir e quando acordei, tinha uma mensagem no meu Facebook:
      "Desculpa, Rose. Preciso te bloquear, a Caroline não gosta de você e isso está atrapalhando muito o nosso namoro. Realmente, me desculpe. Não gostaria de ter que fazer isso :( ''
      Fui bloqueada antes mesmo de poder dizer alguma coisa, acredita? Eu só consegui sentir tristeza e arrependimento e me sentir um lixo...
      Depois de semanas sofrendo, me lembrei que o tinha adicionado no Skype a muito tempo. Entrei lá, e pra minha sorte, ele estava online...
     ''Oi'', mandei.''
     ''Oi, Rose! Quanto tempo, menininha! Como está?''
    Meus olhos se encheram de lágrimas, era como que, mesmo que só por um momento, ainda fossemos o que éramos. Sorri e mandei outra mensagem:
    ''Estou bem, e você? <3''
    Fomos conversando com tanta felicidade, senti que nossa amizade podia voltar. Tudo estava tão legal.
    No dia seguinte, eu voltei de novo pra conversarmos, fomos conversando até ele terminar de se arrumar pra sair com a Caroline, mas estava tudo bem.
    Depois do dia seguinte, fui de novo e então tinha uma mensagem dele.
    ''Desculpe, Rose... Caroline realmente não quer que eu converse com você... Espero que você entenda... Rs... Sinto muito mesmo''
    Eu estava bloqueada.
    Chorei, chorei muito. Eu tinha parado de chorar naqueles dias, mas só foi um descanso pra chorar mais. Porque ele fazia isso? Porque eu fazia isso comigo mesma e com ele? Eu me senti como um lixo, realmente me senti.
      Passou-se meses e me lembrei que no meu Facebook tinha um amigo dele chamado Takeshi, mandei uma mensagem a ele e pedi para enviar ao Isaac, na mensagem eu dizia que queria voltar a ser amiga dele... Vocês têm idéia do quanto eu fui patética? Realmente, eu fui e sem limites. Estava perdida nos olhos castanhos de Isaac que eu não conseguia esquecer. Os tempos que ele fazia para mim o olhar apaixonado, agora fazia pra Caroline e eu não conseguia esquecer, não conseguia nem mesmo esquecer da sua touca do Bob Marley que eu tanto amava nele, e das suas ironias, e seu sorriso inocente, e seu corpo esquelético e alto, e do seu trabalho que era a beira-mar. Isaac, eu te amava de todo meu coração e com todas as minhas forças... E você sequer respondeu a minha mensagem. E ficou por isso.
     O tempo se passou e eu superei ele, na verdade, demorei uns 3 anos para superar 100% o Isaac. Amores como o que senti, demora muito e dói muito. Quanto mais você sente amor, mas vai doer para superar. Amar é como ficar vendado e se jogar de um penhasco esperando que a pessoa amada esteja lá embaixo pronta pra te pegar... E nem sempre está.
     Uma vez, depois de anos disso tudo, tentei ler nossas mensagens antigas no Facebook e não consegui, pois faz tantos anos que ele me bloqueou, que o Facebook resolveu que não era mais necessária as mensagens. Lembro como todo dia nós conversávamos por umas 5 horas sem parar; lembro como sempre tínhamos assunto; como as borboletas dançavam na minha barriga; como eu me sentia linda e uma ''menininha'' sortuda. Podíamos ser um mar, mas fomos água e óleo no final.
      Hoje em dia, como uma bela trouxa que sou, só consigo o desejar o melhor, de todo o meu coração e sentir amor de amigo por ele, de todo o meu coração também.
      Ele é um idiota, tenho certeza que até hoje ainda deve ser, mas eu também fui, então acho que pensar assim me ajudou a perdoá-lo.
      Pode ser que não deu certo pela diferença de idade, mas gosto de pensar que só não era pra dar certo mesmo...
     Para terminar, vou dar um conselho:
    Não implore amor, o amor não se implora, você só ganha ou da, com todo o seu amor e toda a sua boa vontade. Não mendigue amor, o amor é um sentimento nobre demais para isso.

Isaac PaboOnde histórias criam vida. Descubra agora