Capítulo 1

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Era final da tarde, quando o telefone tocou.

"Guardião Belikov?"

"Sim?"

"Hans Croft. Tenho alguns assuntos para tratar com você, será que poderia encontrar comigo, no meu escritório, em uma hora?"

"Claro, Até mais."

Desliguei o telefone e fui até a janela. Estávamos em pleno outono e o vento soprava forte, espalhando as folhas secas que insistiam em cobrir todos os jardins da Corte. Já fazia três semanas desde que eu tinha retornado para cá e que esperava por uma nova designação.

Meu antigo protegido, Ivan Zeklos, havia sido morto em um ataque de Strigois. Eu o conhecia desde criança, nós estudamos juntos na mesma Academia e nos tornamos muito amigos. Quando me formei como guardião, ele me requisitou para sua proteção e eu o guardei por quase seis anos. Todo esse tempo, minha vida foi quase que inteiramente dedicada a ele. Eu era totalmente focado nisso. Sempre, sempre ele vinha em primeiro lugar. Raramente eu tinha um dia de folga e férias, era uma coisa que eu nem pensava em ter. Ivan era uma pessoa extraordinária, com muito senso de humor e um bom coração. Qualidades difíceis de encontrar em pessoas da realeza, era muito bom trabalhar com ele. A vida de Ivan era muito agitada. Ele cuidava dos negócios da família, trabalhava muito, mas nem por isso deixava de se divertir bastante. Sua vida social era intensa, regada a festas, muitas garotas e muitos amigos. Ele confiava tanto na proteção que eu lhe dava, que chegava ao ponto de esquecer que Strigois existiam.

Certo dia, após meses de muito trabalho, Ivan insistiu que eu precisava tirar uns dias de folga. Eu realmente não tinha tal necessidade, mas percebi que não seria bom nem para mim e nem para ele prolongar uma discussão daquelas por muito tempo. Ivan me garantiu que não sairia de casa, dizendo que tinha uns relatórios para analisar, por isso fui despreocupado. Raramente eu tinha uma folga e, mais raramente ainda, eu usava essa folga para me divertir. Mas naquela noite, encontrei um grupo de guardiões amigos meus, e saímos. A diversão durou pouco, pois logo recebi a notícia que Ivan estava morto. Ele tinha decidido sair, para um encontro com uma garota, acompanhado por seu outro guardião que estava em serviço e, na primeira parada que o carro fez em um sinal de trânsito, eles foram atacados fatalmente por dois Strigois.

Apesar de ter plena consciência de que estamos sujeitos a estas fatalidades, eu não consigo deixar de me culpar pelo ocorrido. Eu havia defendido Ivan de Strigois em outras ocasiões, poderia ter livrado a vida dele desta vez. E além do mais, com a morte de Ivan, o meu foco desapareceu e eu me sentia muito vazio. Após o funeral, eu retornei à Corte e fiquei na espera de uma nova designação. Eu sabia que Hans queria tratar sobre isso. Pelo que eu tinha ouvido falar, muitos estavam me requisitando, mas isso não me envaidecia. A procura era tanta, que os guardiões estavam tendo dificuldades em escolher para quem me mandaria. Eu, pessoalmente, era indiferente quanto a isso.

Uma hora depois eu estava cruzando as ruas da Corte em direção ao prédio onde funcionava o quartel-general dos guardiões. Segui até a sala de Hans, que era o chefe da segurança da Corte. Ele já estava me aguardando, naquela pontualidade típica dos guardiões.

"Olá Belikov, sente-se" ele falou, assim que entrei na sala, me apontando a cadeira em frente à sua mesa, sem se preocupar com formalidades "estas últimas semanas, recebi incontáveis solicitações lhe requisitando como guardião. Você construiu uma boa reputação, Belikov."

"Acredito que você já tenha um posicionamento a respeito da minha nova designação." Falei indo direto ao ponto, ignorando o comentário dele. Eu sabia que Hans era um homem de pouca conversa, assim como eu.

"Claro, claro." Ele falou abrindo uma pasta e folheando alguns papéis "A Rainha havia lhe requisitado para fazer parte da guarda real; e já estava quase tudo acertado para isso, já que a Rainha tem prioridade sobre os demais, quando recebemos um relatório do nosso serviço de inteligência..." ele me entregou um conjunto de papéis presos por um elástico amarelo "Eles localizaram a Princesa Vasílisa Dragomir. Ela estava desaparecida há dois anos."

Eu conhecia a história. Ao que tudo indicava, a Princesa Vasílisa ou havia sido sequestrada por uma dhampir que tinha ambições de ser sua futura guardiã, ou havia fugido de bom grado com ela. Independente de qual fofoca fosse verdadeira, o fato era que elas duas conseguiram driblar os guardiões por muito tempo.

"Como todos sabemos, não fazemos a proteção de Morois enquanto eles ainda estão nas Academias, mas a Princesa é a única de sua família, portanto raríssima. Temos uma enorme responsabilidade com ela, não podemos deixar que uma família real tão antiga entre em extinção. E a Rainha, particularmente, tem muitos interesses políticos nela, por isso lhe designou para sua proteção, abrindo mão do seu próprio pedido. Sendo assim, nada mais natural você, juntamente com o grupo de guardiões da St. Vladimir, monte a operação para resgatar a Princesa."

Embora não demonstrasse para os outros, eu tinha passado os últimos dias mergulhado em uma tristeza pela perda de Ivan. A perspectiva deste novo e importante trabalho começou a me revigorar novamente. A Princesa havia perdido os pais e o irmão em um acidente de carro, poucos meses antes da sua fuga. A família Dragomir, que antes já era pequena, acabou se resumindo a ela. Era sempre uma grande honra para um guardião ser designado para Morois da mais alta realeza, este era um cargo destinado aos melhores. E, particularmente, eu me sentia entusiasmado pela missão de resgate. Montar estratégias era uma coisa que eu gostava muito de fazer.

"Quando poderei partir para a Academia St. Vladimir?" perguntei, disfarçando minha empolgação.

Hans fechou a pasta e me olhou com um pequeno, mas expressivo sorriso nos lábios.

"Agora mesmo."

O Beijo das Sombras - Dimitri BelikovOnde histórias criam vida. Descubra agora