Meu Inferno

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  -  Me acorde por dentro, e me salve dessa nada que eu me tornei.
   
       Autor desconhecido.

         Eu  estava sentada no chão ao lado de minha cama. Nem percebi que passará a noite ali, mais não. Meu corpo não estava dolorido. Eu não sentia nada. Pra ser sincera não sei qual foi a última vez que sentí alguma coisa... além é claro do vazio que me corruia por dentro destruindo qualquer vida em mim. Eu estava destruída. Acaba. Mais eu nem me importava mais. Meus olhos ardiam querendo chorar mais minha reserva de lágrimas havia secado, deixando apenas minha camisa encharcada. Restou apenas a agonia. Aquela vontade insuportável de gritar até cuspir sangue. Até suas corda vocais e seus tímpanos estourarem. Eu nem mesmo posso dizer que queria morrer... Eu já estava morta.
         Alguns raios de sol entrava pela janela do meu quarto, mais meus olhos já nem encheravam a luz de tanto arderem pelo choro. Tudo era apenas rastro de cor luminosa que parecia dar vida a sepultura que era meu quarto. Tao sem vida quanto eu. Eu havia passado a noite tentando morrer mais aqui estava eu "viva" no dia em que eu faria tudo para não ter que respirar. 23 de setembro. O dia em que eu definitivamente me tornei nada. O dia em que perdi o pouco que eu tinha. Depois dele  eu simplesmente deixei de viver e passei a sobreviver cada dia. Existindo como um zumbie daqueles de filme de terror.
             Um barulho no andar de baixo me disperto do meu transe.
  "ela está acordada Hayle".
    Uma voz na minha cabeça dizia. Eu nem mesmo sabia se ela estava ou não dentro da minha cabeça. Mais ela sempre estava comigo. Me lembrando e rindo do meu inferno. "Ela" a quem essa voz se referia era minha madrasta Sara Willians. Um verdadeiro demônio na minha vida. Ela tinha dois filhos,  Erick e Daniel Williams. Ambos não tinha ao menos chegado a puberdade ainda. Erick tinha 5 anos, e Daniel 8. Estavam longe. Apesar de odiar Sara, eu amava meus irmãos. Eles eram o motivo de minha insistência patética em continuar existindo e enquanto eles respirarem o ar da vida. Eu estava decidida a também respirar.
      Me levantei do chão sem sentir minhas pernas. Caminha em velocidade tartaruga até o banheiro. Parei em frente ao espelho. Meu Deus eu estava horrível. A marca roxas ao redor dos meus olhos pela noite em claro pareciam buracos. Meus olhos não estava atrás, estava completamente inchados e vermelhos. Até o verde deles pareciam vermelhos de tanto Chorar.. Meus cabelos loiros estava uma desgraça, desgranhados em nós que eu levaria uma eternidade para desmanchar. E minha pele. Se antes já parecia pálida, agora dava pra dizer que estava morta. Mais enfim. Depois de avaliar tudo eu simplesmente escovei meus dentes e lavei o rosto. Não queria ficar bonita. Não queria chamar atenção de ninguém. Eu queria mesmo era ficar invisível e Ñ não ser incomodada.
      Voltei ao meu quarto peguei uma calça jeans rasgada e uma camiseta do asking alexandria ( que pra quem não sabe é uma banda de rock pesado) e peças íntimas. Voltei ao banheiro tirando a camisa para me trocas, mais enquanto tirava a roupa me vi novamente no espelho. Eu estava mesmo um trapo e lavar o rosto não ajudou a disfarçar, eu teria que fazer melhor se  não quisesse todo mundo me olhando, uns com cara de dó, outros apenas curiosos querendo saber da vida alheia e a maioria com um olhar como se eu fosse alguma maluca doente. E depois como sempre viria as perguntas "oi, tudo bem? Voce parece mal?" e outras do tipo. A realidade é que ninguém realmente se importaria, e se eu me deixasse deslumbrar com a possibilidade de desabafar e alguém me compreender, eu acabaria com todos me olhando como se devesse estar em um manicômio. Então não! Eu não sair desse quarto assim! Eu não ia dar esse gosta a minha madrasta de me ver destruída, nem ser o alvo de idiotas sendo taxada de aberração, múmia, zumbie, estranha, e por aí vai. Eu ia tomar um banho, arrumar o lixo do meu cabelo e passar um maquiagem leve pra sumir com as olheiras. Não! Eu não queria ficar Bonita. Só queria não parecer o que realmente sou. Um lixo.
      Tomei meu banho, me vesti e dei um jeito no cabelo e no rosto tomando coragem para sair e enfrentar a vida la fora. Abri a porta do meu quarto que dava para um corredor, caminhei até a escada que dava na sala que levava a cozinha onde todos estavam. Respirei fundo e fui até lá.

Objetos cortantes-Manuela CorvinosOnde histórias criam vida. Descubra agora