Capítulo 1: Nós todos somos irmãos, mas nem todos são iguais

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Sempre tive uma sorte muito grande. Tive a oportunidade de desenvolver o meu talento e tive uma família maravilhosa, apesar da morte de meu pai. As vezes, penso como seria que tivesse nascido em outros países. Você já fez esta brincadeira? Creio que sim. O sonho é o melhor simulador que existe. A imaginação foi o maior dom que Deus nos deu, pois, não há limites. O desejo também, isso não vem ao caso.

Vou descrever-me a você. Sou, na época, um garoto de 14 anos, com óculos e cabelos encaracolados e um pouco rebeldes. Tinha um metro e sessenta, tinha poucas espinhas e curtia umas roupas transadas. Sou torcedor do Botafogo, dos mais fanáticos, tinha um cachorro chamado Bruno, em homenagem ao filosofo Guiordano Bruno, e um quarto que parecia uma garagem, tantas era as peças eletrônicas e mecânicas. Espere aí! Eu não disse que era um bagunceiro. O meu era muito limpo e organizado, contrario os dos jovens de minha idade. Havia uma estante com vários livros de eletrônica e mecânica. Também tinha livros comentando assuntos diversos como, Literatura, Artes, Religião, Filosofia, Matemática, Química, Astronomia, Psicologia etc. Não sou um louco, apenas, um curioso.

Na escola era diferente, os meus colegas não gostavam muito de mim. Chamavam-me de quarto olhos, CDF, ET etc. Pura inveja. Não por ser popular, que eu era, mas pela minha inteligência. Ah! Teve uma vez que uns idiotas quiseram me bater, mas, para o azar deles, a minha mãe me matriculou numa academia de artes marciais. Foi lá que aprendi, a inteligência é muito mais poderosa que a força. Não é preciso dizer que as meninas me adoravam, tive inúmeras namoradas, e assim acaba o mito que o menino inteligente é tímido.

Um dia, as minhas capacidades intelectuais ultrapassaram, de longe, aos dos meus professores. Tive pena, pois gostava muito deles, mas tudo que me ensinavam, de alguma forma, já sabia. O diretor do colégio não teve outra solução que indicar uma escola de superdotados, mas nos primeiros meses nesta instituição, tive que sair. Eu sabia demais.

O ministério da educação teve que me dar o aval para cursar o ensino superior quando completar 18 anos. Foi o fim. Eu adorava o clima estudantil. Fiquei deprimido. Como eles fizeram isso comigo? Adorava dar aulas de Matemática para minhas colegas e delirava aos dias que invadia os sistemas de segurança mais poderosos do mundo pelo computador ridículo do colégio. Pura diversão que acabou. Droga!

Depois de uns dias de tédio, conheci uma grande amiga que, posso dizer, infinitamente mais inteligente que eu. Vocês devem estar se perguntando, quem é essa mulher que tem esta capacidade? Meu caro leitor, vou mostrar-te esta história.

Quando completei 15 anos, a minha mãe me levou a um congresso cientifico onde estaria a nata dos maiores cérebros do mundo. Sinceramente, um saco! Todos eles eram um bando de arrogantes. Todos teóricos, sem criatividade e imitadores. Apresentei um teorema matemático um pouquinho complexo, pronto, todos se sentiram humilhados. Todos não! Exceto uma mulher, que veio das sombras, com um olhar de pura curiosidade e a sede de desafio. Eu conheço aquele olhar e o mesmo que fazia quando algo me intrigava.

Nem poucos minutos, ela resolveu o problema e me fez outro para que resolva. Solucionei o teorema e dei-lhe outro. Assim foi, sucessivamente, durante horas. Foi o dia mais feliz da minha vida. Melhor que o dia que derrotei o atual campeão mundial de xadrez, de uma forma humilhante na Internet. O melhor momento foi quando usamos peças de lego para solucionar problema de calculo geométrico superior, foi a glória! O desafio começou as 3 horas da tarde e só terminou as 1:30 da manha, quando fui derrotado. Não é preciso dizer que trocamos os nossos números de telefone e retornamos aos nossos lares.

A minha mãe ficou muito chateada, porque o desafio terminou muito tarde e tinha medo de dirigir naquela hora. Prometi a minha mãe que nunca mais isto iria repetir. Infelizmente, sou um péssimo mentiroso, pois ela fez uma cara de desdém.

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