Capítulo 21

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LAURA MENDES

Os três primeiros meses de 2017 passaram voando por conta da quantidade de trabalho que vínhamos acumulando com a proximidade dos playoffs da NBB e NBA. A equipe inteira chegou ao ponto de perder diversas noites de sono quando acontecia de ter quatro ou cinco jogos marcados para o mesmo dia. Apesar de sofrer com o extremo cansaço todos os dias ao voltar para casa, eu nunca estive tão feliz profissionalmente e saber que grande parte dessa atual conquista tinha contribuição do Utah Jazz deixava-me ainda mais contente. 

Consegui ganhar mais espaço, reconhecimento e oportunidades graças às matérias que realizei com o time no ano anterior quando fui visitar Raul após sua lesão. Os números que eu carregava até o momento eram incríveis porque com apenas dois anos trabalhando no Esporte Interativo acumulei muitas transmissões ao vivo, matérias elogiadas por representantes importantes do basquete, e sem dúvida a maior delas, o cargo fixo de repórter da temporada.

Orgulho e satisfação, as duas palavras que definiam perfeitamente o que eu sentia, porém continuava sonhando cada vez mais alto e todos os dias traçava metas para alcançar meus sonhos.

- Laura? - Fernanda entrou na minha sala sem que eu notasse e estalou os dedos repetidamente na frente do meu rosto - Está no mundo da lua? Acorda. O André está te chamando na sala dele.

- Desculpa, não dormi muito essa noite - expliquei o motivo de minha distração e a loira riu - Você sabe o assunto da conversa?

- Não, ele disse que é particular - ela respondeu indiferente e sentou-se na poltrona que ficava no canto do local - O que vocês andam aprontando? Juro que eu te mato se souber que você está ajudando ele com algum projeto que nos obriga a ficar aqui por mais tempo e ouvindo palestras chatas.

- Prometo que não estou - disse e Fernanda sorriu satisfeita - Estou indo lá. Adiante meu lado, ligue para o Enrico e já combinem onde vamos almoçar hoje.

- Ninguém merece ligar para aquele idiota - rolei os olhos e encarei-a com reprovação por ainda alimentar raiva pelo rapaz - Farei esse sacrifício só porque é você quem está pedindo.

- Obrigada, sua linda.

O caminho até a sala do chefe estava decorado há muito tempo e eu conseguiria fazer de olhos fechados, porém tal segurança desaparecia quando André não deixava claro seus planos para uma conversa. Ele poderia anunciar uma promoção ou então entregar a carta de demissão porque necessitava fazer cortes na equipe. Por precaução, ao iniciar o caminho no corredor, rezei para todos os santos e deuses independentemente da religião. Naquele momento eu apenas queria saber logo do que tratava-se a conversa.

- Com licença, estou entrando - bati na porta e entrei após ele autorizar - Pediu para me chamar?

- Sim, senta aí - André disse sério e senti meu coração bater mais rápido de maneira descompensada - Precisamos ter uma conversa muito séria.

- Sobre o que precisamos conversar? - perguntei nervosa - Eu juro que não fiz nada de errado.

- Eu sei que você não fez - ele riu deixando-me confusa com a situação - Não é nada ruim, pelo contrário, acredito que você irá gostar bastante do que vamos falar.

- Se é você quem está dizendo quem sou eu para discordar, não é?

- Exato - André abriu a gaveta ao seu lado e tirou alguns papéis bem semelhantes a formulários - Quero que você veja isso.

- O que é isso? - perguntei pegando as folhas com uma das mãos.

- Apenas leia.

Passei os olhos rapidamente pelas linhas ignorando a quantidade de cláusulas por não entender nada sobre o assunto. Meus olhos prenderam-se em duas palavras: seleção e a sigla NBA.

Fast Break ☑ CONCLUÍDA EM 2017Onde histórias criam vida. Descubra agora