Number 1

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O delicado garoto se revirava por sua cama, ansiando pelo fim de todo o seu desconforto.

Virava para lá, virava para cá, se deitava de todas as maneiras, e nada o fazia relaxar.

Ele já deveria ter se acostumado com o fato de que nada o faria ficar bem como antes.

Levantou-se e andou até seu banheiro, onde se trancou e desejou que quando saísse do cômodo, tudo estivesse normal novamente.

Mas sua mente, perturbada com pensamentos, gritou à ele que ele não deveria enganar a si próprio, que ele era o culpado de tudo ter ocorrido.

Respirou fundo e olhou seu reflexo no espelho do banheiro.

Ele estava acabado. Definhando aos poucos, e ninguém percebia.

Mas é claro... Faziam meses que ele não saia de casa. E agora, com seu estado deplorável, que não fazia mesmo, a mínima questão de mover sequer um passo para fora de casa.

Cruzou com o seu próprio olhar no espelho, e as lembranças dos meses passados apareceram em sua cabeça de repente.

Os abraços.

Os mínimos toques.

Os beijos.

O jeito no qual se olhavam.

E a dúvida no qual o seu sono se perdia.

Ele seria a grande decepção de Harry Styles ou Harry deveria ser a decepção para si?

Os motivos de ter sido abandonado eram mínimos, já que o maior não teve a mínima preocupação de explicar com maiores detalhes o porquê de tal ato.

Ele apenas foi.

O garoto se sentou no chão do banheiro e se pôs a chorar.

Se você acompanhasse o cotidiano dele, veria que esse feito já havia virado algo rotineiro para ele.

Chorar era o que ele mais sabia fazer.

E não era para menos.

Ele conheceu o amor da sua vida, o qual o prometeu amor eterno, prometeu o céu e o mar, e... De um dia pro outro, tudo desmorona em sua cabeça.

O homem cujo prometia amor eterno, o abandona.

Não tinha mais amigos, pois todos os que tinha, havia brigado por conta de burburinhos sobre seu namoro, que no final... Todos eles estavam certos.

Mas quem disse que o orgulho o deixaria ir pedir desculpas? JAMAIS!

Sua família morava longe. Longe o suficiente para acreditarem que a vida dele estava o perfeito mar de rosas.

Mas na verdade estava longe de ser um mar de rosas. Na verdade, estava mais para um tsunami.

Sua cabeça doía. Ele aguentou o quanto pode, mas decidiu sair daquele banheiro e ir em busca de algum remédio.

Foi até a cômoda de madeira ao lado da sua cama procurando por uma aspirina.

Achou um pacote, e começou a encara-lo.

Se ele estava pensando em suicídio?

Isso não seria surpresa, já que o mesmo pensava em diversas maneiras, todos os dias para cometê-lo.

Mas logo após, se insultava por ser tão covarde a ponto de não ter coragem de efetuar tal ato.

Tirou apenas um comprimido do pacote, e engoliu o mesmo com ajuda de um pouco de água que havia em sua garrafinha de água ali próxima.

Voltou a deitar em sua cama, agora com os olhos fixados no teto.

Não durou muito tempo, pois começou a se remexer novamente na cama.

Sentiu-se em vertigem, e resolveu comer um dos pãezinhos de queijo que ficavam na cadeira perto da janela que sua única companhia o trouxera no dia anterior.

Ele sabia que seus sintomas estavam piorando, e os motivos eram desnutrição.

Quase não comia, e se entupia de remédios, em busca do alivio da sua dor física, e ás vezes até da sua dor emocional.

Tudo ao seu redor o lembrava dos ocorridos, e assim, com o tempo, o fazia desistir de tudo aos poucos.

Mas no fundo, ele ainda tinha esperanças de que Styles voltasse para si.

Que a qualquer momento ele estaria em sua porta novamente, e o envolveria com seus braços em um abraço que poderia o salvar de tudo e todos. Que poderia o fazer esquecer tudo o que há de ruim nesse mundo.

E isso estava o matando.

Sim, matando.

A cada vez que seus olhos se fechavam, ele imaginara esse momento, que não viria a acontecer. E por um instante ele conseguira ter um breve e escondido sorriso.

Mas quando ele fazia qualquer movimento, e abria seus olhos, a vida o dava um choque forte de realidade, que o fazia despencar de um abismo dentro dele mesmo.

Olhou para um breve momento pela janela, e o clima chuvoso em Doncaster fazia tudo ficar mais triste do que já era.

Em busca de um mínimo momento de felicidade, fechou os seus olhos e colocou sua imaginação para funcionar.

Ele viajava pelo mundo de sua imaginação, e até poderia dizer que havia tido um sorriso interno verdadeiro.

Seus pensamentos que o deixara feliz foram interrompidos pelo som estridente da campainha na casa silenciosa.

Uma lágrima escorre, e ele a enxuga rapidamente.

Desce as escadas, e chega até sua porta.

Põe a mão na chave, e a gira, destrancando a mesma.

Respira fundo, põe a mão na maçaneta e finalmente abre com esperanças de que seu desejo reprimido em si, se tornasse realidade.

-Pronto para mais uma conversa, Sr. Tomlinson ? Trouxe mais pãezinhos de queijo – Disse Liam Payne, psicólogo do garoto, com ar alegre.

Sua única companhia.

E também seu outro choque de realidade.

Ele nunca voltaria.

Two GhostsOnde histórias criam vida. Descubra agora