Um sobrado na Lapa com uma longa fila na entrada. Dentro, pessoas dançando, das caixas de som saem hits dos anos 1990 e início dos 2000, passando por Raça Negra à Kelly Key. É mais uma edição da festa "Bagaceira", realizada mensalmente. Os homenageados da noite são a dupla Sandy e Junior e o grupo Molejo, o que garante muitos sucessos de "As quatro estações" e "Brincadeira de criança".
Sempre no primeiro sábado de cada mês, uma galera se reúne naquele cubículo de poucos metros quadrados para relembrar sua infância e adolescência, ouvindo suas bandas e cantores preferidos da época. Apesar de a faixa etária não variar muito entre os vinte e trinta anos, o público é eclético. Diferentes estilos marcam presença, desde os hipsters com sandálias de couro aos playboys de calças jeans e polo, incluindo uma variedade sexual de héteros, homos e bissexuais. Todos vivendo em aparente harmonia.
Já é quase meia noite quando uma menina negra de cabelos enrolados dá a identidade ao segurança depois de encarar uma considerável espera. No documento consta: Juliana Amorim, vinte e cinco anos. Frequentadora habitual do evento, tinha um motivo a mais para estar ali: um dos seus amores de infância estava sendo homenageado.
"Quem tá preparado para cantar 'A lenda' bem alto?", grita após pegar seu cartão de consumação.
"Só vim pra isso", concorda Rafael, amigo de muitos anos da jovem.
Junto a eles também estão mais duas garotas e um menino, amigos das faculdades de ambos. O grupo pertence aos cursos de Jornalismo e Artes Visuais, que Juliana e Rafael cursam respectivamente. Apesar da diferença entre as áreas, o grupo se veste parecido com blusas de estampas divertidas, saias longas, pulseiras e sandálias baixas.
A fã da dupla de irmãos formada pelos filhos de Xororó se destaca por uma beleza natural, sem muita maquiagem. Um cabelo cacheado volumoso marca sua personalidade forte que, pelo seu interesse em astrologia, ela gosta de justificar pelo ascendente em Áries e a lua no signo de Gêmeos. O que, de maneira prática, significa uma força impulsiva e certa confusão nos sentimentos. Muitas pulseiras e anéis compõem o visual que tem como maior destaque um vestidinho preto indefectível.
Já Rafael, é um garoto de vinte e quatro anos, baixinho de cabelo curto e roupas coloridas.
O grupo sobe as escadas logo após a entrada, e chegam a um salão pequeno, de piso de madeira e teto baixo. O lugar tem tudo para ser uma sauna, mas as largas janelas com pequenas sacadas trazem um pouco de ventilação, deixando o clima mais agradável. Dirigem-se direto ao bar e compram as primeiras bebidas da noite.
"Eu só aceito essa festa se tocar Rouge", diz uma das garotas que acompanha os dois amigos.
"Hoje a noite é da maior dupla que esse país já viu, então, apenas aceitem", Juliana não esconde sua paixão.
"Menos, né, querida! Sem comparação com a melhor girlband que você respeita", brinca Gustavo, namorado de Rafael.
"Meu amor sempre tem razão, mas não há comparações, ok?", Rafael faz o diplomático.
Lá em baixo, na recepção, chega a outra peça fundamental dessa história.
"Não acredito que trouxe a gente pra esse lugar", diz o mais alto dos três garotos sendo revistado pelo segurança.
O trio é formado por amigos do tempo da faculdade de Administração. Os dois de blusa polo estão irritados com o destino da noite, a culpa é do terceiro, Rodrigo Lacerda, responsável pela escolha da festa.
"Deixa de ser chato, moleque. Já falei que vai ser maneiro", insiste Rodrigo, um garoto um pouco musculoso, moreno de cabelos baixos, trajando jeans, camisa xadrez vermelha e um grande relógio dourado.
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A gente dá certo
RomanceLeia completo na Amazon: https://www.amazon.com.br/dp/B01MY9XH6L Um casal completamente diferente entre si. Um caso do passado mal resolvido. E apenas uma noite. O que é preciso para contar uma história de amor? Juliana e Rodrigo já foram amigos...