Um começo com Deus

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- Malu, você poderia, por favor, sair desse banheiro? - perguntou a Jade batendo cada vez mais forte na porta. - Não dá nem mais tempo para você ensaiar, pois o culto já vai começar.

Eu nem sabia a quanto tempo estava no banheiro, mas sabia que era muito tempo.

Mas eu precisava justamente de tempo para pensar em tudo, eu estava muito confusa, o Alex precisava me dizer tudo. Exatamente tudo! Pois assim talvez eu conseguiria o entender melhor, e conseguiria entender o nosso quase beijo - ou um não beijo, talvez - e também podesse me compreender melhor.

- Jade, eu estou com vergonha de sair - falei baixinho, nem sabia se ela tinha escutado, mas eu estava com vergonha.

Eu queria poder conversar com o Alex, mas estava com muita de encarar ele depois do... bom... nosso momento.

- Malu, sai logo! Todo mundo tá preocupado com você! Sai logo! - disse a Jade - Olha, se você não sair daí em dez segundos eu vou começar a gritar que VOCÊ É MUITO APAIXONADA PELO AL... - ela começou a gritar e eu abri a porta antes que ela terminasse de falar o nome do Alex.

- Já sai Jade - eu disse saindo do banheiro.

- Você está com o rosto vermelho? Andou chorando? - a Jade perguntou.

- Não, só estou com vergonha - respondi.

- Nossa eu nunca acreditei nessa coisa de ficar corada mas vendo você com o rosto tão vermelho assim não tem como eu duvidar mais - ela disse. - Mas já que você está corada é por algum motivo, não vai me dizer que você e o Alex se beijaram?

Desviei o olhar dessa vez envergonhada de verdade. Como a Jade descobriu? Será que ela estava nos espiando? Porque isso é a cara dela.

- Malu que bom que você apareceu - disse a Yasmin aparecendo, não pude deixar de ficar aliviada por ela ter aparecido e evitado perguntas da Jade.

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Eu não consegui prestar atenção no culto até me chamarem para tocar, e assim que toquei pude me sentir aliviada pois já poderia ir embora.

Mas eu não queria por hoje ser justamente o culto. Então eu me sentei no banco em que custumo sentar sempre e prestei atenção na pregação até ver o Alex vindo em minha direção.

Ai meu Deus, por que o Alex tinha que aparecer justo agora?

Ele se sentou ao meu lado no banco e disse baixinho:

- Malu eu preciso conversar com você.

Eu nem sabia o que iria responder para ele, pois nem tinha passado pela minha cabeça que ele iria aparecer aqui e iria dizer que precisava conversar comigo. Então fiz a única coisa que eu poderia ser capaz de fazer, assenti e esperei que ele fosse embora.

Mas ele não foi, ele continuou sentado ali do meu lado fazendo com que eu só conseguisse prestar atenção nele e ficar incomodada com a sua presença.

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Quando o culto terminou e todos os irmãos estavam despedindo um do outro, eu e o Alex saímos da igreja sem dizer nada.

Eu não sabia onde iriamos conversar até ver o Alex indo para a pracinha que tem atrás da igreja.

Pelo visto nossa conversa era séria pois sempre que íamos na pracinha era para dizer um ao outro o que estava nos aflingindo, mas fazíamos isso aos quatorze anos quando todo mundo pensava que éramos namorados.