Capitulo 1 - Blank Canvas

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(Avisos: Menção de doenças mentais, mortes, eventos traumáticos e alguns pensamentos suicidas)

Palavras: 1966

(Música: Wolves, Denai Moore)

Vicki assistiu as gotas d'água correndo pela janela do carro. Percorrendo encantada as cicatrizes que ele deixava no vidro, ela quase conseguia sentir a fria dor que o líquido causaria na pele do seu dedo. Elas eram linhas tortas e brutas, assim como aquelas que colorem seu corpo. Assim como ela, a água estava perdendo a força e escorregando para longe

Ela sentiu um arrepio correr pelo corpo e se afastou da janela, cantarolando para se acalmar.

Cidade nova. Rostos novos. Ruas novas. Uma nova Vicki

A vida dela agora era uma placa vazia, uma tela em branco. Ou pelo menos é o que parecia para o olho inocente.

Para aqueles mais observadores, era fácil ver a grossa camada de tinta branca que foi pintada por cima das cores feias. Eles sabem que fechar os olhos não faz o problema desaparecer. Eles sabem que a cara sorridente da ruiva alta - cabelo ajeitado, roupas arrumadas e bonitas - não significa que ela não está gritando e se arranhando por dentro

A motorista, uma assistente social - ela era das observadoras. Desvia o olhar para a garota antes de focar na estrada a sua frente, soltando um leve suspiro.

"Você realmente vai gostar desse lugar Vicki, eu sei disso" ela reafirmou a garota; batendo os dedos no volante. "Cidade pequena, sem avenidas ou ruas cheias. Calma, querida. Você vai se encaixar direitinho."

"Eu sei que eu vou" sua voz quase um sussurro, indicando que ela não queria continuar essa conversa. Ela já tinha ouvido aquilo tudo mais de cem vezes. Lakewood é o lugar perfeito para ela. Seus parentes distantes foram muito gentis e mal podiam esperar para a conhecer. Ela escutava essas frases com tanta frequência de tantos policiais e assistentes sociais, que já não conseguia identificar quem eles estavam tentando convencer - ela ou eles.

Vicki tentou acreditar neles. Ela realmente tentou. Ela queria que tudo pudesse ser perfeito, e que Lakewood iria de alguma forma resolver todos os seus problemas. Ela queria que desse para tudo voltar ao normal.

Mas não dá

Seus pais estão mortos

Seu irmão está morto

Sua antiga vida está morta

Ela estava morrendo, mas psicologicamente. não fisicamente

Seu corpo estava crescendo e envelhecendo assim como o de qualquer garota saudável de dezessete anos. Ela tinha uma saúde perfeita - nada de ossos quebrados, nada de doenças terminais, ela raramente​ pegava uma gripe

Mas seu cérebro estava se afogando em um coquetel de insônia, alucinações e dor. E nenhuma quantia de curativos ou palavras gentis iriam consertar aquilo.

Sua sanidade estava no pico do penhasco. E só era necessário mais um empurrãozinho para ela cair.

Ela estava ficando sem ar, e não tinha nada que ela podia fazer sobre isso

Respirando trêmulo, ela olhou para sua nova casa enquanto o carro parava. Uma casinha bonita, bem cuidada, com luzes vindo da sala de estar a convidando a entrar. Ela olhou mais uma vez para o brilho convidativo antes de sair do carro para a ajudar a assistente social com as malas.

Ela não trouxe muita coisa, apenas duas malas pequenas, cheias principalmente de roupas. Algumas coisas eram dolorosas demais para guardar. Outros estavam muito manchadas de sangue para poder salvar, um lembrete do massacre que ela definitivamente não precisava.

Murderville - Audrey JensenOnde histórias criam vida. Descubra agora