Murderville - Audrey Jensen

Capitulo 23 - Home

(Avisos: ameaças de violência

Palavras: 2812

Música: Paint, The Paper Kites)

Vicki vestiu um suéter cinza simples, com uma margarida costurada na frente, e correu seus dedos pelo tecido com felicidade. Fazia um tempo que ela não usava aquele suéter, ele era um de seus vários favoritos. A margarida se destacava bastante na cor triste, a pétala dobrada a fazia sorrir. Era triste mas lindo, como sua vida no momento. Todos perto dela estavam morrendo de novo, mas as pessoas estavam perto dela de novo. Ela não percebeu o quanto sentia falta de outras pessoas até se mudar para cá e descobrir de novo a felicidade de se importar com alguém. E a tristeza.

Ela pegou um par de jeans confortáveis, com várias flores subindo o quadril. Achou um par de botas cinzas com salto, acabou o look com um batom vermelho, e claro, seu anel.

Parecia que fazia uma década desde que tinha se orgulhado da sua aparência, mas se encarando no espelho enquanto colocava as mechas ruivas em uma trança, ela quase conseguia sentir um sorriso no canto da sua boca. Quase.

Ela sabia que isso era só mais outra distração. Tinha pintado um desenho bonito em cima de um rosto feio. Na verdade, uma garota condenada a encarava de volta, com os olhos de um cachorro velho que tinha visto coisas demais e com a expressão de uma mãe sofrendo.

Noah bateu na porta dela, perguntando se estava pronta para ir e conseguiu desviar sua atenção do espelho. Ela escolheu responder abrindo a porta e abraçando ele. Sabia que ele estava sofrendo tanto quanto ela.

"Isso é...inesperado" ele riu nervosamente, colocando os braços ao redor dela com cuidado como se ela fosse se irritar com ele "Mas não de um jeito ruim"

"Acho que eu percebi que faz um tempo que a gente não conversa " a garota admitiu, se afastando "E eu senti sua falta"

"Tem certeza que não bateu sua cabeça?

"Só vai pro carro, idiota"

***

Quando Vicki viu Audrey os esperando do lado do seu carro, ela sentiu seu coração congelar por um segundo. Parada na luz da manhã, a garota parecia quase brilhar. Ela achou isso natural para a garota; Vicki tinha começado a associar certas pessoas com certas palavras. Para ela, Audrey era luz e calor, mas mais importantemente, ela era seu lar.

Sua mente viajou para uma antiga citação, enterrada na sua cabeça.

Qual é a luz que brilha através daquela janela?

É o Oriente, e Julieta é o Sol.

Ergue-te, ó Sol resplandecente, e mata a Lua invejosa.

Era algo que sua mãe tinha lido para ela quando era muito pequena. Nunca tinha gostado muito de Shakespeare mas quando sua mãe lia, as palavras quase pareciam mágicas, como um feitiço. Agora, ela estava começando a ver a beleza de novo.

Noah notou o olhar de desejo da garota.

"É melhor esconder isso rápido, antes que ela veja" Ele murmurou, fazendo sua prima se assustar um pouco.

"Não sei do que você tá falando" Vicki deu de ombros, abaixando o espelho do passageiro pra ajeitar seu batom.

"Claro que não" Noah a empurrou levemente antes de sair do carro pra ela não poder revidar. A garota saiu pouco depois dele, murmurando alguma coisa sobre o que ia fazer pra se vingar dele em breve.