5 de novembro de 1994.
Jenna Miller.
Não sei como estava conseguindo mover minhas pernas, me sentia fraca, sem forças e prestes a despencar ao chão, mas o menino chorando em meus braços me fez segura-lo rente ao peito e rezar para que a casa simples e pouco iluminada aparece-se no meu campo de visão logo, antes que se tornasse impossível dá mais alguns passos.
Sentia como se eu estivesse prestes a travar, minha mente não funcionava mais, estava no modo automático, apenas sendo levada pelo choro do meu filho e as lembranças que deixei em Chicago.
A cidade pequena a minha volta está às escuras pela hora da noite que é, já deve passar das dez, além de ela não ter tanta iluminação assim normalmente. Essa é uma cidade pequena demais e escondida do resto do país, onde os recursos normais para os outros no mundo chegam aqui anos e anos depois, como se ela fosse parada no tempo, mesmo assim, continua sendo a minha amada Fox, a simples cidade aonde nasci e lamento ter um dia a deixado.
Me arrastei rente ao acostamento na estrada de terra, cercada por vegetação e plantações, tentando me concentrar em cada passo que dou, como se pudesse contar os segundos que faltam até minhas pernas pararem de se mover por completo e me levarem ao chão, sinto que isso irá acontecer, as forças que estou tentando arranjar não estão sendo mais suficientes.
Estou tentando ter forças desde que sai as pressas de Chicago, com alguns dólares e a roupa do corpo, apenas eu e o meu bebê de oito meses em meus braços, que depende mais de mim agora do que qualquer coisa.
Sinto como se eu estivesse fora de mim, como se a minha alma tivesse saído do meu corpo e deixado apenas o meu sangue pulsando o suficiente para me manter viva e consciente até o meu destino final, apenas pelo menino em meus braços, era tudo por ele.
A minha voz não existe mais, já gritei o suficiente comigo mesma nas horas que caminhei da cidade mais próxima até a minha, eram gritos de dor, como se tivesse centenas de facas sendo fincadas em meu coração, agora não grito mais, não dói mais, estou sem vida a horas.
Finalmente a minha antiga casa, com poucas luzes acesas, algumas partes velhas de madeira soltas na faixada, uma típica casa de Fazenda do interior, pobre e precária, em um terreno enorme deixado pelo meu pai, mas que nada pode realmente se aproveitar dele.
Por essa razão larguei tudo logo após o falecimento de meu pai, precisava arranjar um trabalho para ajudar minha mãe, somos tão pobres que dependemos muitas vezes de doações para viver, então achei que Chicago seria a melhor opção, mas me enganei tão profundamente que doí de uma forma absurda.
Eu nunca deveria ter saído daqui.
A dor que dilacerava o meu peito só fazia aumentar, meus soluços quase não eram ouvidos por conta do choro do meu bebê, eu queria acalma-lo, mas quem iria me acalmar?
Sinto como se uma parte de mim tivesse sido arrancada brutalmente, e foi, me tiraram metade do meu coração, metade da minha vida, e sinto que jamais conseguirei respirar ou viver novamente.
Parei em frente ao pequeno caminho da entrada, as lágrimas que a tempos não aparecem e pensei que haviam secado, tomam conta dos meus olhos de novo, não achei que eu tivesse forças para chorar ainda mais, porem, ver a minha antiga casa depois de tudo que passei, me faz lembrar do motivo de eu ter voltado para cá.
O choro do bebê em meus braços estava ecoando na minha cabeça e pela milésima vez me pegava pensando em tirar a minha vida para fazer essa dor em mim passar, para diminuir esse terrível sentimento que queimava dentro, eu não vou conseguir seguir em frente, a minha vida acabou em Chicago, ninguém vai trazer ela de volta como era antes, e só me mantenho de pé pela vida desse bebê em meus braços.
Ele não tem culpa, ele é uma vítima como eu e só quero protegê-lo.
Ele é tudo que me restou...
Bati na porta velha de madeira com um suspiro de força que me resta, sentindo uma falta de ar enorme e uma tontura absurda. Pareceu horas até eu ouvir o som da porta se destravando, contando os segundos, finalmente apareceu a figura da minha mãe, com seus cabelos ruivos médios e um olhar cansado, que ela adquiriu com o tempo que leva costurando para fora. Ela me olhou nos olhos, tão assustada com a minha presença que me fez pensar em como devo está fisicamente agora, um lixo com certeza, uma morta viva.
Meus braços fraquejaram e minha mãe me aparou com cuidado, tirando o pequeno menino de mim, com certeza sem conseguir entender como tudo isso foi acontecer.
Fox não tem postes telefônicos, mal tem postes de luz, aqui não há nenhum meio de comunicação rápido com o resto do país, minha mãe nem sequer sabia que já era avó... E agora sabe, e da pior forma possível.
A dor aumentou em meu peito, junto com a falta de ar, e o desespero. Quero morrer, quero nunca mais ter que abrir os olhos e lembrar do que vivi, da dor imensa que meu peito carrega a dias, apenas quero esquecer que existo ou do que presenciei com os meus olhos.
Minha mãe me olhou mais uma vez, com os olhos confusos, alternando entre mim e o bebê, ela parecia tão angustiada, querendo explicações e preocupada com o meu estado.
Olhei para o menino que ainda chorava muito em soluços, talvez seja fome, já que não consegui mais amamenta-lo depois de tudo.
Meu bebê, meu frágil bebê, ele não tem culpa, nunca teve, eu o amo com a minha vida.
Coloquei minha mão sobre o pequeno rostinho dele, encarando seus olhos cor de mel que amo mais do que tudo, e meu coração parecia parar de bater lentamente enquanto eu me lembrava de cada grande semelhança, simplesmente iguais.
Eu sentia que estava morrendo aos poucos, e apenas quero me despedir do meus bebê. E com isso, a única palavra que conseguiu sair da minha boca antes de eu cair no chão, foi apenas o nome.
— Justin...
Notas da autora:
Bem vindos a Swap uma história intensa de suspense e amor que aposto que vocês vão gostar! Próximo capítulo terça que vem!
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Swap
FanfictionDois jovens, criados em cidades diferentes e de formas diferentes, descobrem serem bem mais parecidos do que imaginam. Um è o grande herdeiro de uma famosa empresa de publicidade, a Bieber's, sempre mimado e desde cedo aprendeu a passar por cima das...