Nada está tão ruim que não possa piorar

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Bom dia sol, bom dia mar, bom dia mundo!

Hoje é o dia em que retorno a Universidade de Stanford para regularizar e entregar os últimos documentos para a confirmação da minha matrícula.

Camila Cooper, eu mesma, a garota nerd típica do ensino médio conseguiu uma bolsa de estudos nesta renomada Universidade.

Se alguém me contasse isto há alguns anos atrás, eu diria: RÁ pode parar com a palhaçada.

Mas não.

Eu estou aqui.

Em Stanford.

Na Califórnia.

Efetivando minha matrícula.

***

—Senhorita Cooper, creio que já disse o quanto o seu currículo é excelente. Temos um imenso orgulho de poder tê-la em nosso campus. Agora você só precisa preencher este formulário e assinar no final da segunda página.

A secretária que estava em minha frente era baixinha, com cabelos loiros presos em um coque bem elaborado e usava um terninho preto identificado pelo logo da instituição.

Agradeci e peguei o papel de suas mãos. Suas perguntas eram fáceis e relacionadas à educação: quais matérias que gostava de estudar, o que fazia no meu tempo livre, quais esportes praticava, o que eu achava importante em um perfil universitário.

Para uma garota que sempre morou no Arizona, a Califórnia seria uma experiência... Digamos diferente já que é um estado com praias, o que eu odeio.

É sério que as pessoas vão à praia para ficar que nem um croquete passado de areia e ainda por cima tem o risco de adquirir uma insolação?

Ah qual é. Quem fica se lembrando de usar protetor solar de duas em duas horas? E não me diga que só passando uma vez você estará protegida desse efeito estufa.

Bem, para uma garota não totalmente nerd como eu estas observações são totalmente aceitáveis. Aluna excelente que nunca tirou notas ruins, amigos nerds que odeiam festas como eu e que gostam de Star Wars. Aliás, aqui vai uma lista de coisas que Camila faz ao invés de curtir a vida de um jeito adoidado: montar um cubo mágico, jogar videogame em um sábado a noite, ler, passar uma tarde inteira na biblioteca estudando. É, a lista fica longa se citar o restante.

Tudo bem, tudo bem. Eu explico o porque do termo 'não totalmente nerd': quando estava cursando o primeiro ano do Ensino Médio eu conheci Claire Santiago e nada mais foi como antes. A minha amiga pseudo-normal me arrastou para o seu lado negro da normalidade. Esta normalidade inclui: comprar roupas rosa, usar adereços como brincos e pulseiras, fazer uma escova progressiva e usar um batom cor da pele. Ah, e inclui também tomar café no shopping uma vez por semana.

Ok, você pode pensar que surtei e a resposta é sim.

Mas o que você faria se uma garota nova-iorquina tivesse se mudado para a sua escola um mês depois de começar as aulas e pedisse a sua ajuda?

O fim desta trágica história foram dois anos e meio de intensa amizade e a triste realidade de que eu só era considerada nerd por ainda jogar vídeo game e gostar de filmes nerd. Além de continuar tirando notas boas.

Por que eu gostava do que fazia com a Claire. Tirando a parte de ir a festas e ficar com qualquer garoto.

Não que ela fosse de ficar com muitos garotos. OK, ela ficava com muitos garotos, mas ela é uma pessoa carente e isso explica muita coisa.

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