#01 | Uma Morte em Família

1.1K 39 8
                                    

BAR SUJÃO DO NOOMAN

GOTHAM CITY

TERÇA-FEIRA – 18H30


  Jason estava sentado em uma mesa próximo a um pôster do Beastie Boys, ele se lembrava de como visitava aquele lugar e provavelmente muitos não o reconheceria e boa parte já estariam mortos. O tempo havia passado para todo mundo e as coisas haviam mudado de uma maneira que ninguém esperava. A jaqueta marrom que Jason usava fazia lembrar as que usava antigamente, a barba não estava feita e a cada dia crescia um pouco mais, a calça jeans deixava algum espaço para as pernas respirarem. O bar não estava muito cheio, alguns rostos velhos e outros novos demais.

 Jason fez sinal para que Nooman fosse atende-lo, já havia se passado quinze anos desde que bebeu pela última vez naquele bar e se recordava muito bem disso, e com os anos que vieram, Jason estava surpreso que Nooman ainda estivesse vivo e nem esperava que aquela espelunca existisse.

 – O que vai querer? – Nooman encostou sua pança na mesa.

 Jason encarava um homem próximo a mesa de sinuca, os cabelos negros, a jaqueta preta e uma tatuagem no pescoço, quase que escondida pelo cabelo. – Sabe preparar Bola de Fogo?

 Jason encarou o rosto velho de Nooman.

 Uns sessenta anos? Talvez setenta? Jason se perguntava a idade que ele teria e como sobreviveu por tanto tempo e como manteve aquele lugar, provavelmente não tinha créditos suficiente com a previdência social e então precisava de alguma fonte de sustento.

 – Um Schnapps de canela com molho de tabasco. – Nooman olhou para o balcão, observando sua nova atendente.

 – É minha bebida favorita.

 Jason pousou as mãos sobre a mesa, a região do dedo indicador estava manchada de sangue, Nooman não resistiu e desviou o olhar, sabia que aquele homem estava ali atrás de encrenca.

 Quem não estava?

 – Algo mais?

 – Não pude deixar de notar aquele cavalheiro. – Jason olhou em direção ao rapaz de jaqueta preta. Nooman apenas acompanhou o olhar. – Bebendo cerveja barata, você já foi melhor, Nooman.

 – Põe essa na conta da Crise. – Nooman olhou rapidamente para Jason com um sorriso.

 – Pode deixar. – Jason forçou um sorriso. – Sirva para ele um Cosmopolitan.

 Nooman ironicamente riu.

 – Está falando sério? – Nooman retornou a olhar para Jason. – Pensei em vodca.

 Jason encarou aquele homem na mesa de sinuca novamente e em seguida sacou o dinheiro do bolso, colocou sobre a mesa, próximo de onde Nooman estava. Era mais do que custava aquelas duas bebidas... bem mais.

 – Não. – Ele continuou olhando para aquele rapaz. – Sirva o Cosmopolitan mesmo. – Ele olhou para Nooman – Pode deixar. – Nooman deu os ombros.

 – E fique com o troco.

 Nooman tinha certeza que seu bar teria encrenca naquela noite, talvez isso movimentasse o bar depois de tanto tempo, ele pegou o dinheiro na mesa e achou mais estranho ainda, ninguém pagaria US$100 em duas bebidas e como nos velhos tempos ele pegou e foi em direção ao balcão. Jason voltou a encarar aquele homem com a jaqueta.

 Aquela náusea o jogava para longe a todo instante, estava acordado a bastante tempo e exigido muito de si. Era como se passasse um trem na máxima velocidade e descarrilhasse, doía tanto e Jason esforçava, talvez mais um pouco... talvez muito mais. Eu preciso. Ele dizia para sua mente exausta como se pedisse para aguentar uma noite mais. Eu posso.

Capuz Vermelho - Nunca MaisOnde histórias criam vida. Descubra agora