Morar no Rio de Janeiro é perfeito pra quem ama mar, e parando pra pensar, em alguma outra vida eu devo ter sido sereia. Sentar na frente do mar e fumar um baseado, era o melhor presente que você daria a Marcela Melo antes dos 18. Angra sempre foi um lugar afrodisíaco, o que significava que algo estava errado, estar com o Caio ali. Era realmente muito errado.
- Eu tô namorando - Disse rápido enquanto colocava minha mala no guarda-roupas.
- Ainda bem que eu pedi um quarto com duas camas de solteiro.
- É só isso?
- É só isso o que? - Ele perguntou.
- Nada - Suspirei.
- O que quer que eu diga Marcela? Que eu enchi o saco? Que eu fiz de tudo pra você vir comigo e agora que chegou você me diz que esta namorando? Ou quer que eu banque o melhor amigo feliz? - Ele gritou e saiu batendo a porta.
Sentei na cama e chorei. Eu chorava quando as pessoas gritavam comigo. Aquela viagem era um erro. Mas eu gostava de errar. Pensei em pegar minha mala, ligar pra alguém e ir embora, mas eu resolvi ficar.
- Desculpa - Disse mais tarde quando acordei o Caio estava na cama ao lado mexendo no celular.
- Tudo bem - Ele fez uma breve pausa - Eu só me lembrei de como era gostoso namorar com você e pensei que outra pessoa está no meu lugar.
- Eu posso ter a sua amizade? Eu vim pra cá por ela, porque eu acreditei quando você disse que não tinha segundas intenções.
- Acreditou mesmo?
- Não - Sorri - É que eu comecei a namorar depois que aceitei seu pedido de viagem.
- Ele deu a vida por você, entendo essa sua paixão.
- Não tem n...
- Posso te pedir uma coisa? - Ele perguntou me interrompendo. Assenti com a cabeça - Não vamos falar sobre isso.
- Certo.
- Vamos jantar? - Conheço um restaurante ótimo.
- Vamos.
Nos arrumamos e saímos de carro em direção ao centro, o restaurante era decorado como uma espécie de discoteca, junto com algo bem chique e retro, o ambiente em si, era pouco iluminado e o som ambiente relembrava os melhores rocks dos anos 80.
Jantávamos quando uma menina esbarrou em nossa mesa e deu em cima do Caio, ele correspondeu, e disse que nós dois éramos apenas amigos, no final da noite, quando fomos embora, a menina nos acompanhou, em frente a nossa pousada desci do carro.
- Vocês não vem? - Perguntei.
- Não - Ele piscou pra mim.
Dei de ombros e segui para o quarto. Os homens tem essa mania nojenta de não estarem nem ai, ou fingirem isso muito bem. Eu não admiti em nenhum minuto, mas eu morri de ciúmes do começo ao fim. Falei com o Luis até adormecer com o celular no rosto, era de manhã e o Caio ainda não havia voltado.
***- Mais uma? - Ele me perguntou enquanto jogava minha garrafa de cerveja no lixo.
- Sim - Respondi.
Pensava no Luis o tempo inteiro, mas por algum motivo, depois daquelas cervejas eu estava completamente exitada, era o nosso último dia naquela viagem, e eu me sentia muito promíscua, mas quem nunca aos 16 não sentiu-se promíscua? Quando uma mulher perde a virgindade, ela fica exitada com qualquer coisa. Resistir ao Caio durante uma semana tinha sido bem fácil, porque eu estava com raiva, raiva de quando dormi sozinha, e ele dormiu com a menina do bar retrô. Mas a raiva tinha passado, aos poucos, e naquele momento, eu só me imaginava em cima dele. Sentindo o beijo que só ele tinha. Não me levem a mal, cada beijo tem seu gosto, cada beijo tem seu sabor especial, e o do Caio, sempre teve gosto de sexo, até quando eu era virgem.
A noite foi passando devagar e cada vez mais eu bebia, meu objetivo era ficar bêbada o suficiente pra não conseguir me mexer, só assim eu conseguiria passar por aquela noite sem trair o Luis, mas a cada gole, a única coisa que eu conseguia era ficar mais exitada.
- Porque você ta me olhando assim a noite inteira? - Ele perguntou, também estava bêbado, mais que eu.
- Porque só perguntou agora? - Retruquei mordendo os lábios - Quero dizer, se eu tô te olhando assim desde o começo da noite, porque agora a pergunta?
- Porque só tive coragem agora - Disse se aproximando de mim.
O beijei, o beijei porque estava bêbada e porque eu queria. Eu sempre quis. Estamos falando da Marcela de coração enorme e mente indecisa. Nossos lábios se encontraram num misto de saudade, mas o que falava mais alto era a vontade, como tínhamos vontade daquilo, porque o errado chama atenção dos adolescentes, e a minha sempre. Nossos corpos já eram apenas um, num só beijo, a nossa conexão era imensa, e eu não pensava em mais nada. Tirei sua camisa e beijei sua barriga, ele puxou meu cabelo e me fez o encarar.
- Marcela, você namora o meu melhor amigo. - Ele disse, respirando fundo - Você é a minha melhor amiga, você tá bêbada, para. - Disse embaralhando as palavras, e me tirou de cima dele.
Tirei minha blusa e o meu sutiã e o encarei.
- Diz que você não quer - Sussurrei em seu ouvido, peguei suas mãos e coloquei sobre os meus seios.
- Que se dane - Ele disse depois de cinco segundos de silêncio e admiração ao meu corpo, e me beijou de novo - Amanhã nós vamos nos arrepender
- Dizem que o álcool faz a gente fazer o que não tem coragem de fazer sóbria - Sussurrei - Eu sempre quis transar com você.
Ele me pegou no colo e me levou para o nosso quarto, juntou as duas camas, o joguei na cama e passeei com a minha boca pelo seu corpo, eu queria dominar aquela situação de qualquer maneira, meu ego queria aquilo. Depois, ele fez o mesmo comigo. Era a terceira vez que eu fazia sexo, a primeira vez bêbada. Se cada beijo tem seu gosto, cada sexo tem a sua magia, cada toque tem o seu encanto, e cada orgasmo tem sua maneira de se tornar único. Aquela noite merecia mais do que uma nota dez. Talvez pelo álcool, mas eu tenho certeza que foi pela vontade que tínhamos de fazer aquilo.
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A doce ilusão da adolescência
Historical FictionMuitas pessoas de todo o Brasil já ouviram falar nessa história. Tudo começou no orkut, vários anos atrás, eu tinha o sonho de ser escritora e ocupei meses da minha vida escrevendo sem parar uma história que me apaixonou cada vez mais pelas letras...