Sentada sob a janela do meu quarto, eu observava a chuva cair. Grandes gotas de água batiam sobre o vidro, enquanto as árvores balançavam e faziam um barulho sinistro graças ao vento forte. Por um momento, o medo que eu sentia da chuva sumiu. Na verdade, eu não conseguia pensar em outra coisa que não fosse ela, e o clima não estava ajudando em nada.
A garota era selvagem como a chuva que caia agora. Lauren era a tempestade que invadiu meus dias de Sol, com seus raios e trovões. Era inevitável que a inundação chegasse levando tudo pela frente. E chegou, arrastando com ela meu coração. Tá. É uma comparação idiota, mas não consigo pensar em uma coisa melhor.
Coloquei as mãos sobre o rosto quando um enorme clarão tomou o céu. Eu definitivamente odeio dias chuvosos. O ranger da porta abrindo me tirou dos pensamentos diversos sobre o fim do meu relacionamento e quando olhei para trás, vi meu pai parado à porta segurando uma xícara amarela._Preciso arrumar essa porta. - Ele disse entrando em meu quarto sem esperar um convite. - Ela faz um barulho estranho.
_Faz, pai. - Saí de perto da janela fechada e me sentei na cama. Meu pai fez o mesmo.
Ele botou a xícara sobre a mesinha na cabeceira da minha cama. Havia fumaça saindo dela, o chocolate quente estava quente mesmo.
_Como você está? - Suas mãos tiraram um fio solto do meu cabelo do meu rosto. - Tem certeza que ir morar com Sinu e Alejandro é a melhor solução?
E pronto! Eu sabia que mais cedo ou mais tarde teríamos que conversar sobre isso. Eu reconheço todo o esforço que meus pais adotivos fizeram por mim durante toda a minha vida, mas ir embora agora é uma necessidade.
_Pai, eu amo você e o Heitor com todo o meu coração, e isso também não será fácil pra mim. - Pus minhas mãos sobre as dele e o olhei. - Vocês mais do que ninguém sabem que Sinu e Alejandro foram presentes na minha vida desde os meus 8 anos e eu os amo também. Eu não queria ir embora, mas não quero ter que encarar Lauren todos os dias.
O silêncio tomou conta do meu quarto por segundos que mais pareceram horas.
_Eu te amo. - Ele finalmente falou algo. - E quero que você fique bem, mas quero você em casa nas férias de verão, mocinha. Nós ainda vamos pra casa da sua avó.
Pela primeira vez nessa semana consegui dar um largo sorriso. Os braços de meu pai me envolveram em um abraço apertado, fazendo com que eu sentisse o cheiro de pinho vindo dele.
_Vou ligar pra Alejandro e confirmar a sua ida. - Peter me soltou. - Não se preocupe com os dramas de Heitor, eu cuido disso, minha menina. E tome o chocolate quente.
Sem esperar qualquer resposta, meu pai se levantou e caminhou para fora do quarto. Joguei o resto de meu corpo sobre a cama e afundei a cabeça no travesseiro. Eu queria gritar.
É incrível como a tristeza faz as pessoas fazerem reflexões da vida. É como ficar presa naquelas cenas de filme onde as mocinhas usam janelas de ônibus ou banhos quentes pra pensar.
Assim estou agora. Com a cabeça enfiada no travesseiro, lembrando de quando eu era uma criança. Eu era a única da classe a ter dois pais e sinceramente, eu achava isto incrível. Ainda acho. Lembro também de quando meus pais biológicos voltaram, e de quando eu finalmente tive a capacidade de entender o motivo para eles irem embora quando nasci e mais uma vez, fui a única da classe a ter três pais e uma mãe.
Meus pensamentos me levaram ao dia em que conheci Lauren. Ela estava de mudança para a casa em frente a minha e pode parecer besteira dos romances que leio, mas assim que olhei em seus olhos pela primeira vez, eu tive a certeza de que ela faria uma bagunça na minha vida.
Lauren era fogo em brasa, que queimava qualquer um que ousasse entrar na sua vida. Era impossível deixar de perceber a sua presença forte em qualquer lugar. Ela chamava a atenção. Em meio a tantas pessoas iguais, ela era diferente.
Me apaixonar por ela talvez tenha sido o meu erro, afinal eu sabia do seu espírito livre e indomável, mas mesmo assim, mergulhei de cabeça nesse amor. Entreguei - me de corpo, alma e coração para ela e por um tempo, ela se entregou a mim também. O problema é que Lauren não é do tipo que se prende a uma pessoa só, e eu entendi isso depois de quase 2 anos de namoro, quando com lágrimas nos olhos, ela assumiu pra mim sua traição.
Eu a amo, e ela dizia me amar também. Podem me chamar de idiota, mas eu acreditei no seu amor, e foi por isso que decidi me mudar.
Me encontrar com ela seria inevitável e eu não queria ter que passar por isso.
Heitor, meu pai, diz que foi uma decisão extrema de mais e que decepções amorosas sempre vão acontecer até que eu ache a pessoa certa. Citou até mesmo como exemplo, um namorado que teve antes de Peter. Mas pra mim, tudo isso é só uma desculpa para não me deixar ir. Sinu e Alejandro ficaram felizes em ter as duas filhas em casa, mas sentiram pela situação. Já Peter, é o tipo de pai que me apoiaria em qualquer coisa que eu fizesse, mesmo que fosse uma besteira sem tamanho.
Com tantas opiniões diferentes na minha vida, aprendi desde cedo a ouvir a todos, absorver o ponto de vista de cada um, e fazer o que eu quero. No fim, todos ficaram felizes se eu estiver feliz, é o que os pais fazem.________
Então foi isso, espero que tenham gostado! Deixem aqui embaixo sua opinião sobre o prólogo e não esqueça de dar fav para ajudar na divulgação da história! ❤
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BACK TO ME - CAMREN
Fanfiction" Quase perdi o ar ao ver ela ali, parada em minha porta. Eu sabia que voltando para casa, era inevitável o reencontro mas não esperava que fosse assim tão rápido e nem que seus olhos seriam capazes de causar tal efeito em mim novamente. " Capítul...