GIOVANA

Parte Um

Meu nome é Giovana. Tenho dezesseis anos. Estou cursando a Primeira Série do Ensino Médio em um colégio localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro, no qual ingressei ano passado. Moro com a minha mãe e meus avós maternos em um apartamento pequeno desde que meus pais se separaram. Já fiz questão de ter muitos amigos, mas atualmente priorizo os verdadeiros. Sou deficiente auditiva.

Quando tinha doze anos, quis uma festa de aniversário semelhante às que frequentava. Meus pais haviam se divorciado poucos meses antes e minha mãe ainda estava na tentativa de estabilizar nossa família, agora com duas integrantes: eu e ela. No instante em que fiz o pedido, pude observar uma lágrima escorrendo pelo seu rosto. Fiquei sem palavras e somente abracei-a. Nesse ano, não tive a festa que tanto idealizava, mas minha família preparou uma surpresa no apartamento que, na época, era residido apenas pelos meus avós maternos.

Atualmente, tenho o sonho de cursar Psicologia em uma faculdade pública, mesmo sabendo que diversos obstáculos poderão surgir na minha jornada. Esse ano farei o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) pela primeira vez para testar não só meus conhecimentos, mas meu organismo sob pressão. Vou aproveitar as tantas opções destinadas aos deficientes auditivos para, quando for vestibulanda, estar bem ambientada e realizando o melhor modelo de prova.

Minha família sempre apoiou e incentivou as metas estipuladas por mim. Muitos acham que deficientes auditivos possuem restrições nos âmbitos social e profissional, mas garanto que o esforço, a dedicação e as experiências são capazes de modificar estereótipos. Quando criança, sofri muito com a exclusão, mas a vida tem me ensinado que o principal é ter pessoas verdadeiras ao meu lado e que não me julguem pela deficiência que possuo.