Prefácio

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Quando caímos na real?

    A adolescência, em média, dura 8 anos. Tempo suficiente para passar por uma transformação imensa (dolorosa, diria eu). Primeiro amor, decisões importantes, ensino médio, amizades, perdas, traições, tentações e dificuldades.
    Ainda que nossos pais nos digam que podemos sempre contar com eles, não é bem assim. São gerações diferentes e visões de mundo divergentes. Lutamos para defender um amigo gay, ou um partido de esquerda, ou alguém que saia na rua com uma cor de cabelo diferente e já é julgada.
Me dei conta de que havia entrado na adolescência quando me vi sozinha em uma situação e tive que me virar sozinha para lidar com ela.
Tinha 13 anos e acabei me apaixonando (na verdade, amando, porque nunca senti nada mais forte e intenso) por um garoto da crisma.  Mamãe havia me obrigado a ir sozinha em um ambiente que não conhecia ninguém, e o resultado foi um desastre.
    Meu primeiro amor se chamava Augusto, e tinha um sobrenome peculiar. Era alto, do cabelo dourado e ondulado, aparentava ser mais velho do que sua data de nascimento provava. Não me pergunte como aconteceu, apenas aconteceu. Quando ele surgiu na porta e nos cruzamos -ao que tudo indica - pela primeira vez, não soube o que fazer a não sei encarar e questionar o que se passava comigo naquele momento. Minhas mãos gelaram e tremeram, meu coração pulsava em ritmo frenético. Assim foram 10 meses - e mais 6 sem ele.
Não há nada mais forte, complexo e angustiante em mim do que lembrar o quanto sofri com isso.
Sofrer é uma palavra forte, e retoma algo como passar fome, frio e necessidades, por exemplo. Mas depressão também pode ser sofrimento, não pode?
Não querer sair de casa para não expor ao público sua falta de autoestima é sofrimento, não é? E chorar todos os dias a noite pelo tempo perdido, pelo arrependimento e pelo peso carregado, é?
    A culpa não foi dele. Minha falta de autoconfiança, timidez e receio me impediram de demonstrar o que sentia. Não o vi mais, e não sei se pretendo logo após reconstruir todos os meus pedacinhos.
    Dois anos se passaram desde então. O alívio e a admiração por ter passado por tudo é o que me resta. Entretando, a adolescência nos prega desafios a todo momento, e esse foi só mais um da minha pequena lista.

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⏰ Última atualização: May 19, 2017 ⏰

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