No extremo sul da floresta amazônica corria uma historia conhecida em todo o país, a de um certo menino que tinha os cabelos vermelhos e os pés virados ao contrario que atendia pelo nome de Curupira.
Tal historia corria por toda a Amazônia, os índios contavam em suas noites ao redor da fogueira, os ribeirinhos o temiam e repassavam a historia em geração e geração, os quilombolas e pescadores os respeitavam e pediam a sua licença ao adentrar a mata, e muitos juravam de pé junto que já o viram.
Curupira, o grande guardião protegia os moradores da floresta, livrava-os dos males do homem e escondia todos os obscuros segredos da Amazônia e mesmo com toda sua molecagem de demônio ( que e o considerado para muitos) protegia e guardava a floresta, porém daquele mal que se aproximava nem mesmo o curupira podia os salvar.
Naquela manhã os barulhos e estrondos despertaram todos os habitantes daquela região, aquilo só podia representava o medo de muitos que lá viviam e dependiam da mata para sobreviver,as maquinas haviam chegado e com ela a ganância dos homens.
Desde aquela manhã aquela região virou um caos, índios eram enxotados como se não fossem os verdadeiros donos da região, ribeirinhos tendo que deixar suas próprias casas e o pouco que tinham construído, quilombolas vendo seu sagrado esconderijo sumir e os animas se afugentarem por causa dos incessantes barulhos que preenchiam o que uma vez foi silencio. Todos tinham suas diferenças, suas velhas rixas e discussões porém ao mesmo tempo todos tinham algo em comum , um sofrimento em comum, todos perdiam a suas casas, o seu lar,é todos ao mesmo tempo.
Um pequeno grupo de índios que agora acampavam mais para o coração da mata dormiam, se preparando para mas uma manhã de lutas e tentativas de recomeço. Em uma rede amarrada entre dois coqueiros um pequeno menino de pele e cabelos escuros descansava olhando para as estrelas quando uma movimentação estranha viu. O garotinho de aproximadamente dez anos se levantou devagar tentando ajustar seu olhar na noite e fitou uma arvore não muito distante achando que talvez ali estivesse o objeto de sua curiosidade.
antes que pudesse pensar em algo ou avisar um dos mas velhos que estavam de guarda uma mão cobriu sua boca então ele o viu,seus olhos de chamas não eram de maneira alguma como a de um mortal,seu inconfundível cabelo vermelho e arrepiado já fazia qualquer um suspeitar de sua identidade, mas do mesmo modo quando o menino fitou os pés virados para trás seus olhos esbugalharam em plena surpresa.
Ele tinha visto o próprio Curupira...
O menino até tentou gritar pelo susto porém a mão do espírito abafava o som fazendo com que ninguém o escutasse
— silencio! — ralhou — não quer ouvir a missão que eu tenho para lhe contar? A missão que vai salvar todos?
E de forma rápida e quase instantânea o menino se calou, se calou e ouviu tudo que o guardião tinha para lhe contar.
A missão era complicada, aos olhos do pequeno menino parecia até mesmo impossível
—como eu vou salvar a floresta sozinho? —O garoto de pele escura perguntou com os olhos esbugalhados
—silencio e escute! Você não pode salvar nada sozinho menino, ninguém faz nada sozinho! Nem mesmo eu consegui mas depois disso entendi, não se trata de mim, ou de poder, se trata de união, união do povo, união por um mesmo propósito, salvar nosso lar.
Na manhã seguinte o garoto não perdeu tempo correu até o líder do grupo e contou toda a verdade, de inicio ninguém acreditou no pobre garotinho, como podiam? Por qual motivo um menino seria mensageiro de um recado tão importante. mas depois de um longo minuto de silencio a resposta finalmente foi a esperada
—e verdade, o menino diz a verdade, o guardião da floresta apareceu para mim em sonho, essa e sua missão garoto, a missão que o próprio Curupira nos deu.
As esperanças encheram os corações dos índios novamente, agora eles tinham um propósito, a esperança de voltar para casa. porém como o mesmo Curupira disse, nada conseguiriam fazer sozinhos, então um grupo partiu, partiu em busca dos seus mas novos companheiros de batalha.
Os primeiros a serem achados foi um pequeno grupo de quatro famílias dos quilombolas que haviam se separado do resto do seu povo .eles de inicio ficaram temerosos, mas era de se esperar, eles tinham filhos, esposas, uma família inteira com qual se preocupar, e se as coisas descem errado, o que seriam deles?
Por fim o amor por aquele lugar e as raízes lá construídas falaram mas auto nos corações daquelas pessoas, eles se comprometeram a procurar os outros r e aparecerem no dia marcado
— na manhã posterior da próxima lua cheia devemos se reunir em um só e lutar por nossa mata
Os mas difíceis foram sem duvida os ribeirinhos, eles e os índios nunca haviam se dado bem, tinham sido pivôs de inúmeras rixas por terras, porém os índios precisavam dos ribeirinhos também, na união ninguém devia ficar de fora, todos eram filhos da floresta, todos pertenciam aquele lugar, todos deviam lutar por sua casa, juntos.
Faltavam poucos dias para a data marcada, as esposas estavam com medo por seus maridos e filhos,todos haviam se reunido no acampamento da aldeia, os planos eram debatidos pelos lideres do grupo, os ribeirinhos haviam descoberto que os tais homens estavam ali para a retirada ilegal de madeira que era protegida por lei, usaram contatos com a policia e juntos e em união fizeram um grande cerco que prometia a derrota e a volta dos verdadeiros moradores para seu lugar
No dia seguinte todos marchavam em união equipados de arcos e flechas, lanças e espingardas, seria uma batalha difícil e eles sabiam disso, eles estavam preparados.
Haviam quase cinquenta homens da empresa ilegal, porém os que tinham ali lutaram sem remoço algum, tudo pela sua ganância, o dinheiro que achavam que iam receber e os futuros lucros que poderiam ter
Houve sim uma batalha,uma batalha de sangue, que mesmo com todos os pedidos e avisos foi adiada.
Muito sangue foi derramado naquela tarde, do dois lados, índios ,ribeirinhos e quilombolas morreram pelo que acreditavam pelo que lutavam, pela certeza de uma terra sua. Quando o resto dos trabalhadores viram os primeiros cair, fugiram apavorados deixando um rastro vermelho de destruição.
Mas tarde quando os feridos estavam sendo cuidados, os incêndios controlados e o choros de luto cessado eis que o líder dos índios olha em volta,completamente desolado, uma grande área onde já tinha tido arvores agora restava apenas pedaços de seu tronco , onde havia existido plantações estava queimado, tudo havia sido perdido.
O velho líder então sentiu uma mão em seu ombro, ao virar para trás viu os outro dois lideres
— não se preocupe vamos reconstruir... — o homem de pele negra e cabeça branca começou cheio de esperanças
—...juntos,vamos reconstruir nosso lar juntos— o até então rabugento lideres de ribeirinhos completou agora com um sorriso triste porém esperançoso, a esperança de que tudo iria ficar bem.
Ali ao longe uma cabeleira observava orgulhoso, Curupira era sim o guardião da natureza , mas nada podia fazer sozinho, o povo tinha feito tudo, tinha lutado pelo que acreditava, e essa sim, era a essência de um guardião, aquele povo deveria virar uma lenda
E virou, gerações depois as crianças ouviam a historia de como juntos o povo curupira havia salvado a mata e lutado por seu lar
Juntos...
FIM
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O povo Curupira
General FictionCurupira é uma lenda do folclore brasileiro que todos conhecem, no extremo sul da amazônia não é diferente, os índios ribeirinhos e quilombolas são fieis a essa historia, quando um grande problema afeta todos da região o curupira seria o grande he...