Azul

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Com uma pincelada precisa, o céu foi novamente pintado. Os tons tristes e ressentidos de azul faziam BaekHyun querer vomitar, mas não o fez.

Vomitar era difícil, e Baek gostava apenas do que era fácil.

Mas isso não o fez deixar de pintar o céu.
Azul em cima do branco e azul em cima do azul.

E pronto. O céu estava finalizado.

Porém ninguém nunca acreditou em suas palavras. Nunca nem sequer deixaram-lhe terminar de dizer o quanto foi trabalhoso pintar aquele extensão azulada.

Sofreu, chorou e sangrou. Gotas vermelhas caindo por cima da tinta fresca, transformando-se em violeta.

Uma festa de cores miseráveis.
BaekHyun, mesmo sendo um pintor, odiava o azul.

E também a cor que brilhava nos olhos de ChanYeol.

Ela era estranha, um marrom com
forte pigmento negro. Tão escura que nem a tinta mais escura seria capaz de imita-la.
Isso irritava o pequeno Byun, pois por mais que tentasse, não conseguia pintar ChanYeol de forma perfeita.

Já o Park achava os olhos de Baek uma gracinha. Pequenos, puxados e castanho-claros. Fáceis de serem pintados e decifrados.

Deixando de lado o garoto de grandes orelhas, Byun pensou em passar uma segunda camada de tinta no céu.
Pegou uma escada e subiu cada degrau em direção a ele, pintando-lhe e ignorando o desequilíbrio.

Pintou cada partezinha, até mesmo passando uma camada acinzentada nas nuvens para que futuramente chovesse.
Mas o futuro veio rápido demais.
Sentiu-se desequilibrar quando um raio atingiu o topo da escada, caindo e caindo.
Metros e mais metros de passavam e ele não sentia o solo chocando-se contra si e a dor de ter todos os seus ossos quebrados.

Isto o agoniava, a esperança de sobreviver o agoniava.

Pensou nos olhos escuros de ChanYeol, pensou no mundo de tinta que criou e pensou no seu precioso e horrível céu.
Conseguia ver ele desbotando no futuro, já que não teria mais ninguém para pinta-lo. E o infinito seria dia, pois não haveria alguém para pintar a noite.

Sentiu a chuva cair sobre si, porém o solo nunca chegava.

Abriu os seus braços e sentiu as pequenas gotas o colorirem de azul.

Mórbido, frio e desinteressante.

Ele, desde o início, era azul.

Odiava a si mesmo como a cor. Odiava-se por ser tão triste e ressentido.

Os primeiros sons de movimentação o fizeram perceber estar perto do chão.
Morte, o que ocorreria após a morte?

Outra vida? Ou ele ficaria vagando como
uma alma perdida pelo mundo pela eternidade?

Não queria ser uma alma, ele queria ser cor.

Queria se pintar de vermelho, amarelo e por fim, azul.

Queria ser a si mesmo como também ser outras pessoas.

Queria dar adeus a vida chata em que pinta o céu para uma vida onde pode ser feliz ao lado de ChanYeol.

E por um momento, antes de atingir o chão, BaekHyun se sentiu vivo.

O escarlate misturava-se ao azul, tornando-se violeta.

Tornando-se vida.

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⏰ Última atualização: May 20, 2017 ⏰

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