Sinopse:
Henrietta era uma jovem que não queria nada além de uma vida própria - Estudar, trabalhar, se casar e ter filhos, como qualquer outra pessoa. Mas tudo muda quando ela descobre carregar uma maldição de 500 anos pelo simples fato de ter se apaixonado. A história se repete a cada 18 anos e só há uma chance de por um fim nisso tudo. Será que a hora chegou?
Prólogo
Ela correu, e correu, e correu e já não sabia mais quanto tempo havia passado e nem até onde havia chegado. Era como se ela tivesse largado tudo e estivesse fugindo há meses. A única esperança era de que a essa altura já não conseguissem mais encontrá-la, ou que talvez tivessem desistido. Por fim o cansaço foi mais forte, e ela parou e caiu largada aos pés de um carvalho que ficava no topo de uma colina. Era o carvalho maior e mais belo daquele lugar no meio do nada. O sol dava seus últimos suspiros antes de morrer mais uma vez e dar a vida a sua amada, a Lua. Era uma noite especial. Ela tinha pouco tempo para fazer a escolha certa, e ela sabia das consequências. A consciência da fugitiva se apagou antes que ela percebesse, e ela caiu no sono. Estava tão cansada. Ela estava tendo o sonho mais doce, lembranças de tempos felizes, onde ela era capaz de rir e amar, e amá-lo. Mas por esse motivo, ela decidira que deveria partir. Ali estava ela agora, despertando, melancólica e assustada, o suor escorrendo-lhe pela testa ao ouvir sons de relinchos. Agora o dia já se fora e mal se podia ver em meio à escuridão da noite. Ela se escondeu atrás do tronco e espiou, tomando cuidado para não fazer qualquer barulho, respirando o mínimo possível. Os sons cessaram, e ouviu-se o som de alguém saltando de um cavalo. Ela pensou ter ouvido um fungar. Ela forçou os olhos para ver, mas só conseguiu distinguir a figura de um homem alto e bem encorpado, e um cavalo. O homem soltou um grito de profunda agonia e desespero enquanto socava uma árvore, e isso a assustou. Ela pode vislumbrar o contorno dos ombros largos, o brilho dos cabelos espetados, loiros da cor da mais clara areia. Ela viu a linha de seu maxilar e de seu nariz, enquanto ele rodopiava, passando as mãos nos cabelos e já não mais conseguindo segurar o choro. Seus músculos ficaram fracos e ela caiu sentada com um baque. O homem olhou para o lugar de onde veio o barulho, o espanto estampado em seu rosto. Deu dois passos a frente.
- Quem...
- Por favor, vá embora.
- Meu amo...
- Vá.
Ela não queria sair dali, mas não resistiu, se arrastou encostada a árvore, olhando para o chão e evitando ao máximo encará-lo. Ela estava envergonhada, e tinha medo de não conseguir cumprir o seu objetivo. Ele correu até ela e segurou seus ombros, seus rostos a centímetros de distância, as lágrimas secando nas bochechas dele.
- Por quê? Por que você fez isso, por que fugiu e me deixou...
- Você não deveria ter vindo até aqui. EU fui embora. EU larguei tudo e todos, abandonei a minha vida porque EU quis! Não posso suportar a ideia de perdê-lo... Mas você precisa entender. Eu não posso coloca-lo em perigo por minha causa. Isso vai ser a nossa ruína! Por toda eternidade...
- Por você, qualquer coisa valeria a pena, qualquer risco. Não vá embora... - Agora seus narizes se tocavam, e ela já não conseguia resistir. Ela balançou a cabeça em negação.
- Por favor... - Mas não resistiu e o beijou.
Eles beijaram-se e amaram-se, inocentes e alheios ao destino. Havia sangue no céu.
1 – Recomeçando
Londres, 1996
Finalmente. Eu estava livre. Livre! Eu sobrevivi. O portão automático se fechou atrás de mim. Olhei para o céu e abri os braços. Me sentia uma boba, mas não consegui parar de sorrir. Apesar de ser uma liberdade limitada... Não. Mas agora eu tinha 18 anos, e iria para a universidade. Deveria chegar lá ainda hoje caso não quisesse dormir na rua. Eu havia passado os meus últimos 16 anos presa em um orfanato da periferia de Londres, depois que o velhote que plantou a sementinha na minha mãe, que então veio a se tornar eu, a matou violentamente depois de um surto e só não me matou também porque eu era uma criancinha inteligente, que conseguiu fugir e buscar ajuda. Então eu vim parar em uma casa do século 18 cheia de titias bondosas e criancinhas irritantes que me odiavam pelo fato de ser mais inteligente que elas. Sempre fui sozinha e continuo sendo uma pessoa difícil de socializar. Mas não que eu me importe. Tendo algumas horas de liberdade, resolvi dar uma volta pela cidade antes de ir para o alojamento da universidade.