Karena

3 1 1
                                    

Tudo mundo tinha uma teoria sobre o submundo. Alguns me diziam que era habitada por criaturas cruéis que se alimentavam de seres humanos,outros que era completamente deserta e tudo nao passava de uma historia para assustar crianças.
Posso lhes contar uma coisa? Eles estao errados. Os ancioes estao mentindo para nos há seculos. Como eu descobri isso? Me tornando uma adaptação da primeira teoria. Fui transformada em vampira a alguns meses, e me mandaram para o submundo depois de ter atacado Rocco Salvatore. Para minha defesa, nao pretendia machuca-lo, eu ate nutria uma admiraçao platónica por ele.
Agora eu me encontro isolada de todos aqueles que amo; rodeada por infratores da lei. Essa era a funçao do submundo. Um cárcere.
Henry, o cara grandalhao foi verificar a nova remeça de mantimentos. Ele abriu a caixa com sua adaga. Seu rosto se fechou em uma careta.
_ Macarrão! Nos mandaram a merda de macarrão! - Henry cuspiu - deviamos deixa-los morrerem de sede.
_ Morreríamos de fome - interviu Nuno - ambos os povos dependem um do outro.
Henry me deu um sorriso duro.
_ Mereciamos algo melhor, por termos aceitado a vadia sanguessuga - ele avançou para a árvore em que eu estava empoleirada - nao faz muita diferença para você. Deve estar louca para enfiar os dentes em alguem.
Os olhos de Nuno voltaram para mim.
_ O submundo cortou a sede dela, e as outras habilidades. Sebastian nao dá ponto sem nó. Ele não seria tolo de manda-la para cá no intuito de nos aniquilar ou na pior das hipóteses, criar uma praga de vampiros. - Nuno trocou o peso dos pés - deixe a garota em paz, ela nao vai nos causar problemas.
Sharon deu uma piscadela.
Ontem a noite, quando os demais dormiam, desci de minha árvore seca, para comer e abrandar minhas necessidades fisiológicas. Sharon me esperava atras de uma grande rocha ( local onde costumava fazer minhas refeições) ; ela sugeriu que eu namorasse Nuno, para ficar em segurança.
_ Os caras daqui respeitam mulheres comprometidas. Nuno e o único solteiro. Quanto tempo você acha que Henry e Zion vão demorar para perceber que você é uma garota normal? Siena não esconde de ninguém seu interesse por Nuno. Porém ela está em desvantagem...
_ Porque? - murmurei.
Ela pegou uma mecha do meu cabelo.
_ Ouvi dizer, que ele prefere as louras - e foi embora.
Fiquei pensando nisso até agora. Sharon me apresentou duas opções de sobrevivência: me comprometer ou aprender a matar. As duas nao me agradavam, mais algo precisava ser feito.
Max pousou a mão em seu ombro. Ele e Sharon formavam um casal, desde que ela chegara aqui, há dois anos. Seus dedos se entrelaçaram formando um contraste bonito. Ela era negra, alta e esguia, seu rosto tinha formato de coração. Max talvez um dia fora tão bonito quanto a namorada. Era ruivo, uma cabeça alta que Sharon, em seu corpo havia várias cicatrizes, principalmente no rosto. Ou seja, várias pessoas já tentaram mata-lo. E não tiveram êxito.
Mila e Kim colocaram uma grande panela em um fogão improvisado com pedras. Vi Mila praguejar pela terra ser infértil ela parecia sentir falta de molho de tomate. Henry fez sinal para que a namorada de calasse.
Mila escondeu seu rosto entre od cabelos negros. Nao entendo como ela poderia ter escolhido Henry como seu cônjuge. Minutos depois lembrei de que ela veio para cá por ser tão má quanto seu namorado. Até a própria Sharon poderia ser uma matadora em série. Eu nao estava em condições de julgar.
Na hora do almoço todos se reuniram perto do lago. Sharon fez sinal com a mão para que eu descesse. Ela me garantiu que por hora nada me aconteceria.
_ A maioria tem medo de voce - ela sorriu. Um bando de leões com medo de um ratinho? - nao se preocupe.
Foi o almoço mais longo da minha vida. Normalmente deixava os outros comerem primeiro, e depois pegava uma grande quantidade de comida para nao precisar me preocupar com o jantar, mais nem sempre dava certo.
_ Acho que nunca perguntei seu nome - Falou Sharon em voz alta. Todas as cabeças viraram em nossa direção.
Respirei fundo ao responder:
_ Karena Riviere.
Ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. Sharon parecia fingir que estavam sozinhas. O que ela pretendia com aquilo? Me ajudar a fazer parte da familia?
_ O que crime cometeu? - eu tentava esquecer aquela noite.
_ Ataquei o filho do prefeito - minha intençao nao era chamar atenção. Porém surti o efeito oposto. Eles pareciam empolgados com que contara, era cono se achassem que planejei uma maneira de atingir os poderosos.
_ Estadistas de merda. Espero sinceramente de que tenha sugado com vontade - disse Zion, dando uma risada estrondosa. Mila me encarou com cara de nojo.
Enquanto comíamos, Sharon tagarelava sobre a infração que a trouxe ate aqui.
_ Eu apliquei golpes em toda a metrópole, e também na cidade de Abastança - ela levou o garfo a boca - eu tinha uma quadrilha lá, só de mulheres. Voce ia gostar...não matávamos muito - Sharon arqueou as sobrancelha - na maioris das vezes, só roubavamos...sequestros eram raros.
Os homens, exceto Nuno; pareciam empolgados em narrar suas façanhas. Zion e Henry atuavam juntos como matadores de aluguel.
_ Uma vez assassinamos uma familia inteira...- Zion alisou a barba loura - Como se chamavam Henry?
_ Os Clak - Henry estreitou os olhos numa expressão divertida - Aquelad mulheres nos deram trabalho, mais costumo apreciar um joguinho... se nao fosse pelo choro de bebe, eu nao as teria encontrado.
Max o interrompeu:
_ Vocês matam mulheres e crianças?
Henry suspirou.
_ Que diferença faz? Não se ache superior a nós, pois na verdade é bem pior...matou uns sete caras naquele bar em Abastança. De graça.
Sharon afagou o braço do namorado, dando a entender que nai valia a pena discutir.
Nuno levantou-se e foi descansar em sus caverna. Isso ers comum por aqui, os três casais dividiam suas respectivas cavernas. Siena também possuía uma. Pelo pouco que eu sabia, ela mal conseguia dormir, sempre a espreita com uma faca na mão. Isso nao era vida para ninguém, nao sei como Siena suportava tantas noites mal dormidas.
Acho que seu interesse por Nuno, era baseada somente na possibilidade de dormir direito.
Voltei para minha árvore, tentando não ser notada. Já fora muito exposta hoje. Sei que as intenções de Sharon eram ganhar mais tem para mim. Os criminosos ainda teriam dúvidas sobre minha alimentação, e possivelmente me deixariam em paz. Por enquanto.
O céu cor de açafrão tornou-se cinzento. Relâmpagos cortaram a atmosfera, trazendo o prenúncio de chuva. Nao recordava a última vez que vi chover, já que a mais ou menos há duas décadas a cidade de Fiúza foi atingida por uma enorme seca; procuraram por agua incessamente até a encontrarem no submundo. Não sei muito bem essa parte da história, pois só vivo aqui, há duas semanas; como prisioneira. Queria que houvesse algum tipo de livro em que eu pudesse encontrar todas essas respostas.
Sorri ao pensar na possibilidade de documentar minhas experiências em um diário.
Rocco iria gostar de ler minhas memórias, ele era um curioso nato. O submundo era o lugar mais exotico que meus olhos já viram. Não havia fauna ou flora, apenas um monte de pedras, rochas, cinco cavernas e um bocado de água. ( Ah e minha arvore tao podre que me perguntava como se mantinha em pé.)
Porém, eu não conhecia o lugar em sua totalidade; tenho certeza absoluta que não somos os únicos presos aqui em baixo, deve haver centenas, ou milhares de bandidos por toda a parte.
Senti um arrepio. Não sabia ao certo se sua causa era somente pelo temporal que se invertia contra mim ou pela minha constatação anterior.
De repente um brilho apareceu no céu; ele se movia com rapidez vindo em minha direçao; mal tive tempo de pular da árvore antes que este a destruisse por completo.
Fiz uma averiguação completa em meu corpo. Fora alguns arranhões na coxa e um joelho dolorido, eu estava bem. Fisicamente.
Fechei os olhos, e chorei.
Meu abrigo se foi. Se ficasse seria uma questão de dias até que investissem sua violência contra mim, se eu fugisse morreria de fome, ou assassinada por criminosos que fariam Henry parecer uma garotinha, se fingisse ser uma vampira com sede, me apunhalariam no meio do peito.
Eu nao queria morrer. Nem na mais remota possibilidade de fuga, eu poderia voltar para casa, pois minha sede voltaria, e poderia atacar àqueles que mais amo.
Uma mão pousou em meu ombro. Me virei pensando se tratar de Sharon.
_ Escutei o barulho la de dentro, e vim ver o que tinha acontecido.
_ O barulho do raio? - perguntei meio desnorteada.
Ele deu um meio sorriso.
_ Não. O do seu choro.

O submundoOnde histórias criam vida. Descubra agora