Salve-se quem puder

Nesse transtorno político que se encontra o Brasil, a cada dia que passa um novo tema é discutido – o que é muito bom para o progresso do país – porém, uma questão me chamou atenção, a recente reforma da previdência que acaba de ser aprovada na comissão da Câmara dos Deputados.

Conheço muitas pessoas que dispensam a carteira de trabalho por acharem que os descontos da seguridade são altos. Essas pessoas perdem os direitos de férias remuneradas, um terço de férias, auxílio doença, 13 salário, licença maternidade, auxílio reclusão, contribuição que garante a tão almejada – e distante – aposentadoria, e tantos outros. A previdência pode ser vista como um seguro laboral, cuja função é proteger e amparar o trabalhador. Não caia nessa de achar que esse desconto faz falta no seu orçamento, esse desconto te traz diversos benefícios, inclusive o seguro desemprego.

São tantas as vantagens e eu ainda vejo muita gente tomando caminho errado, remando conta a maré dos seus direitos. Sendo lesado ou compactuando com o trabalho informal. Trabalho informal é a escravidão do tempo moderno, se você está saudável, consegue manter o sustento e colocar pão na mesa, se estiver doente fica sem renda.

Já os fundos de previdência privada, certamente, em breve, terão suas ações valorizadas, tendo em vista a óbvia e esperada procura de setores economicamente mais favorecidos de nossa sociedade. Tais fundos, que não pertencem a mim, nem a você, são controlados por bancários, centrados nas mãos de poucas famílias, grande parte doadoras regulares que sustentam as campanhas eleitorais.

A partir de agora, somos responsáveis pelo nosso próprio destino, a nossa temida velhice. Cabe a nós correr desesperadamente atrás de um emprego, sem perder um minuto na inatividade. Se a nossa aposentadoria, mesmo depois de 49 anos de trabalho, não corresponder à integridade da contribuição de todo este tempo, o problema será única e exclusivamente nosso. E é deste modo que o governo nos fala.