A chuva

14 1 0
                                    

O barulho da chuva que batia no telhado da casa, fez com que abrisse os olhos lentamente. O relógio que estava ao lado no criado mudo, marcava quinze para as seis, virou-se para a janela à direita da sua cama, a cortina estava entre aberta e assim pode contemplar um dos mais bonitos cenários da natureza. O céu nublado chorava, viu a chuva cair forte, as gotas escorriam pelas folhas das plantas e escorregavam pelo vidro da janela formando estrias. Podia sentir o cheiro de terra molhada. Ele adorava esse clima. Era sombrio o frio que fazia naquela manhã de outono. Entretanto era lindo todo aquele espetáculo cedo do dia.

Na verdade, a chuva o atraia. Fazia-o refletir, entrava no mais profundo íntimo do seu ser, o som fazia com que remontasse as mais belas lembranças. Este era o som que lhe trazia paz. Era irônico porque adorava músicas, gostava de todos os tipos, de clássica a Rock. Tocava alguns instrumentos: violão, piano e adorava cantar. Porém hoje nada para ele era tão perfeito como o som que a natureza estava compondo. Aliás, era o único som que andara escutando nos últimos tempos. O som se espalhava pela imensa casa hoje vazia.

Parecia que a chuva que caia era um sinal, que o céu estava chorando. Talvez como a sua vó lhe falava, a chuva era o sinal que o céu estava em festa por receber a ilustre presença de alguém tão especial. Sentia-se tranquilo, por que talvez um dia, se o céu realmente existisse, poderia reencontrar aquela que um dia lhe foi o tudo, foi o mundo.

Com dificuldade, deixou para trás sua cama imensa e vazia, juntou forças para sair daquele quarto gélido. Não tinha costume de arrumar sua cama. Foi a cozinha, preparou o café, sentia uma tremenda dor de cabeça. Passou a olhar para sua casa que começara a construir a dez anos, com muito esforço conseguiu terminar há um ano. Sua casa era linda, moderna, era uma casa dos sonhos. Era rodeada por enormes janelas de vidro que iam do chão ao teto. Mas agora essa casa tinha um ar de solidão. Uma casa construída com amor e trazia consigo alegria, esperança, recomeço e sonhos. Mas hoje o cenário era de tristeza, sonhos perdidos e de dor.

Pegou sua xicara de café, pôs como de costume duas colheres de açúcar e dirigiu - se a um ponto da sala onde ficava a mesa com seu notebook, sentou-se à cadeira e abriu seu computador. Abriu o documento que se encontrava na área de trabalho e que não tinha ainda um nome definido, começou a digitar. O barulho da chuva lhe dava inspiração para isso. As palavras saiam tão naturalmente, seus dedos deslizavam pelo teclado. Então percebeu que uma lágrima rebelde escorria por sua face. Após alguns minutos, fechou seu aparelho. Levantou-se, caminhou até a maior janela da sua sala e abriu a cortina, novamente passou a admirar a chuva que alimentava o bosque verde que rodeava sua casa, degustado seu café.

Tomou banho, vestiu seu terno preto por cima da camisa social branca, por fim escolheu usar a gravata azul claro. Pôs o relógio de pulso, penteou seus cabelos compridos e ajeitou sua barba, dando uma última olhada no visual. Desceu as escadas e pegou seu carro, só então deixou sua casa.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Nov 06, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Depois da ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora