Capítulo Único

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Esta fanfic estava no meu coração há um tempinho, então resolvi aproveitar a emoção do Dia das Mães para publicá-la.
Parabéns ao grande Yoshihiro Togashi, autor de Yu Yu Hakusho, por nos brindar com essa linda história de amor filial. Alguém aí tem dúvida que o Kurama é o melhor filho do mundo? hehe
Canção que embalou a escrita: 'TREM-BALA' (Versão para as Mães), da brilhante Ana Vilela. Link nas notas finais.
Sem mais, boa leitura!



***



Ela estava andando pelas ruas quando a vi pela primeira vez.

- Bom dia! - disse ela a um vizinho idoso.

Beleza ímpar, olhos que sorriam. Uma humana simples e pacata. Alguns dos meus antigos companheiros diriam que ela era sem-graça, mas, além de este ser um julgamento muito equivocado, eu não estava com muito tempo para pensar. Eu havia sido ferido gravemente por um caçador no Makai. Estava falecendo.

Não estava interessado nem um pouco em morrer. Afinal, eu sempre gostei de minha vida; sempre me orgulhei de ser quem sou.

Youko. Kurama Youko. O ladrão lendário do Makai.

Se bem que, quando me deparei com ela no mundo dos homens, eu era pouco mais do que um espírito, já que o maldito caçador havia destruído meu corpo. Eu precisava de um corpo novo e, no momento, o mais seguro para mim era me abrigar entre os humanos.

Como uma brisa, eu a rodeei, passeando de leve por seus cabelos enquanto tentava sondar seus pensamentos. Não tinha como aquela humana sequer desconfiar que não havia vento a lhe soprar, e sim um demônio-raposa.

Aquela humana tinha um sonho. Ela queria ser mãe.

Resignei-me. Não seria agradável ter que me sujeitar às limitações de ser um humano e ficar sob a guarda daquela mulher durante sabe-se lá quanto tempo, entretanto não havia outra opção. Ou eu entrava naquele útero, ou morreria. Assim que meu espírito youkai se recuperasse, eu abandonaria o mundo humano e voltaria para minha terra de origem. Não seria tão ruim, pensei. Foi assim que se deu a fusão entre um bebê humano e um youkai.

Hoje, confesso, o sorriso dela já havia me cativado. Acho que não seria capaz de escolher outra para ser minha mãe.

***

Cá estou eu como Shuuichi Minamino - um bebê humano de oito meses de idade. Meus cabelos, outrora platinados, agora são ruivos. Os olhos que eram dourados agora são verdes. E eu, que era um excelente articulista capaz de intimidar meus inimigos com minhas palavras, agora não consigo falar mais do que balbucios como "mamã", "tetê" e "nenê".

Minha mãe humana se chama Shiori Minamino; o marido dela era um operário humilde que morreu há alguns meses num acidente de carro.

Ela chora fora de minhas vistas, sente a falta dele, tem medo de não conseguir dar conta de um filho sozinha. E eu, que planejara não me envolver com essa mulher, de repente me pego chorando no berço, angustiado por não poder aliviar-lhe a dor do luto.

Shiori não sabe que eu tenho plena consciência de tudo o que acontece desde antes de nascer como seu filho.

Enxugando o pranto às pressas, ela vem ao meu encontro e me toma nos braços, indagando afetuosa se estou sentindo alguma dor. Despe o seio e o oferece a mim; o instinto humano me faz abocanhar seu seio e sugá-lo afobado, mas na verdade eu não estava com fome. Queria o colo dela, queria estender minha mão de bebezinho e tocar em sua bochecha úmida de lágrimas.

Sorriso de MãeOnde histórias criam vida. Descubra agora