3 - Apagando os Rastros

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OBSERVANDO o corpo sem vida sob mim, apanhei o celular de minha bolsa e contactei a polícia. Não, eu não estou louca, o veneno aplicado em minha presa simula bem um infarto e como tivemos uma noite de grande agitação... sairei ilesa.

Algumas horas depois da ligação, e Renato seguir para o IML, um agente da polícia civil, como procedimento padrão, decide me interrogar por ali mesmo, instigando é claro, meu melhor lado atriz.

- Srta Bastos, pode me dizer com riqueza de detalhes como fora o momento do óbto? - ele me direciona o questionamento e eu o olho com uma esplendida falsa indignação.

- Você quer mesmo que eu detalhe a nossa transa? ora Renato era um cara casado, tinha uma família, não quero que ninguém passe constragimento. - digo ajeitando meu cabelo, demonstrando desconforto.

- É preciso Srta, trata-se de uma morte! - Ele insiste e então eu começo a construir um álibi em minha cabeça.

- Se insiste, e é bom para esclarecimentos, irei contar... - me sentei numa poltrona diante da cama onde Renato " Sofreu de uma mal súbito"

Conheço Renato à alguns anos, sempre flertamos nas festas de negócio e saímos algumas vezes. Ele nunca me escondeu o fato de ser casado, nunca escondeu de ninguem de nosso meio, e como nosso encontro sempre fora casual, acreditava que não havia nenhum tipo de necessidade de faze-lo - O investigador me interrompe.

- A senhora sabia de seus problemas cardíacos? - pergunta.

- Absolutamente - faço um gesto negando com as mãos e a cabeça, desse detalhe eu não sabia mesmo, a sorte está ao meu lado.- Nunca pensei que um homem com um porte daqueles, poderia ter qualquer problema.

- Ele o tinha Srta, por isso praticava tantos esportes e conquistou o tal porte... Continue...

- Bem, nessa noite nos encontramos, conversamos, mais uma vez flertamos e decidimos sair novamente, estávamos com saudade se é que me intende - fiz aquela cara de obviedade.

- Pelas minhas informações, foi a primeira vez que a sociedade os viu juntos não? Porque não se importaram dessa vez?. - Sua pergunta me pegou desprevinida, não nego, pois essa fora a única vez que saí com o Dom Porco que agora rasteja no inferno.

- Todo o nosso meio desconfiava, Renato era obssecado por mim - Isso era completamente verdade, eu o fiz rastejar em meus pés - Não é o primeiro e nem será o último caso extraconjugal entre nós. Posso prosseguir...?- fixo meus olhos no policial demonstrando o quão desagradável era aquela situação.

- Claro, deve.- disse sussinto

- Eu pedi para que me trouxesse em sua casa na Serra e fui atendida, aqui nós trasamos pela primeira vez, fomos para o banheiro - apontei a direção - aonde trocamos algumas carícias e após um pequeno descanso do Renato, transamos uma terceira vez, tenho de dizer que estranhei a respiração do Renato, estava afobado demais e parecia um pouco cansado - digo para que este seja mais um ponto ao meu favor.

- Se não me engano, no ano passado você também estava com um empresário que faleceu, não é senhorita? - O homem era bom no que fazia. - as más línguas te chamam por estas terras de viúva negra.

- Sim, o meu namorado Tomás, foi um incêndio... Mas isso são coisas distintas senhor policial, como o senhor mesmo disse: as más línguas - Porque as boas me chupam! Pensei comigo mesma dando um sorrizinho interno - Não tenho culpa se a fatalidade me me persegue senhor. - disse em um drama bem meia boca.

- Mas é claro que não tem senhorita - ele sorriu e eu o odiei, precisava ser mais convincente... - E o óbto?

- Rrumrrum - pigarreei - estávamos no ápice da segunda transa quando eu atingi o orgasmo e o esperei... até que ele deu sinais que era a sua vez e então se sufocou, não sei... ficou todo roxo e desinqueto até parar imóvel, completamente estático. - Uma lágrima desceu pelo meu rosto e o agente me olhou com uma careta estranha, o que me fez dizer num tom alto.

- Nós tínhamos só um caso extraconjugal, mas isso não significa que estou feliz pela morte de Renato está bem? - disse exasperada, mais pelo medo de não ser acreditada.

- Se acalme senhorita, entendi perfeitamente ok? Vou levar o material de nossa conversa para delegacia e se precisamos de alguma coisa entraremos em contato. Por hoje a Srta está liberada, vá para casa e descanse. - O alívio me corroeu quando ouvi aquelas palavras. É com muita certeza que irei, minha champanhe me espera!

- Obrigada, disse me levantando e apertando um pouco mais o roupão em meu corpo.
                          
                             ***
Antes de ir embora, meu olhar de rapina fez a varredura para verificar se havia deixado algum rastro (algo que nunca acontecia). Renato ainda estava de corpo quente quando passei álcool pelo apartamento inteiro e derreti a seringa com ácido e a joguei pelo esgoto, com uma lupa observei o local do furo feito no pescoço que já havia desaparecido, a agulha importada da Rússia, além de rígida era muito fina, qualquer pele regenera em segundos após sua aplicação.

Tudo nos conformes, planejei tanto o fim desse ordinário que nada poderia dar errado, não agora.

                                ***
Em casa, fui de encontro aos prazeres, minha banheira e minha bebida... 

Faltara pouco para retornar para os meus mais doces e pertubadores pesadelos.



PURO VENENOOnde histórias criam vida. Descubra agora