- Menina Rose... Finalmente acordou! – disse amavelmente uma senhora que nem reparei que estava presente.
- Acordei? – fiz uma breve pausa – Onde é que eu estou? – perguntei na esperança que alguém me pudesse esclarecer.
- Lembraste de mim? – questionou uma voz masculina.
- Geoff... Geoff, não é? – perguntei confusa.
- Sim, sou o Geoff, conhecemo-nos em Oklahoma... Lembraste de mais alguma coisa?
- Não estamos em Oklahoma? – perguntei semicerrando os olhos.
- Não, estamos no Texas ... - ele respondeu fazendo uma breve pausa. - Tiveste um acidente ... consegues lembrar-te de alguma coisa? – ele questionou enquanto me observava atentamente.
Não me lembrava de nada. Fechei os olhos com força na esperança que as memórias despertassem, mas nenhuma imagem me vinha à cabeça.
- O que aconteceu comigo? – perguntei a Geoff e ele torceu o nariz. – Diga-me! Por favor, o que aconteceu comigo? – insisti.
- Vá lá, diz-lhe pai. – aconselhou a mulher que estava ao meu lado.
"Pai?" pensei para mim mesma completamente confusa. Geoff desviou o seu olhar para uns papéis que trazia na mão, fez uma breve pausa e de seguida olhou-me no olhos.
- Deste entrada aqui no mesmo dia do tornado, umas enfermeiras encontraram-te deitada na entrada do hospital. Estavas com muito mau aspeto, coberta de sangue e inconsciente. Depois de vários exames concluímos que foste brutalmente atropelada – ele disse cuidadosamente fazendo uma pausa e eu olhei para os dois rostos alternadamente.
A rapariga ao meu lado mordiscava o lábio e desviava o olhar para uma bolsa de soro pendurava ao lado da minha cama e eu semicerrei os olhos olhando de seguida para Geoff.
- E mais? Eu sei que não me está a contar tudo! O que aconteceu comigo? – insisti freneticamente tentando recompor-me na cama, mas sem sucesso. Geoff observou-me com uma expressão nervosa pousando os papeis no fundo da minha cama.
- Depois de vários exames concluímos que é possível teres sido vitima de abuso sexual ... - ele disse cautelosamente e um arrepio percorreu o meu corpo. – Os testes confirmam que não houve ejaculação nem riscos de uma possível gravidez mas a cavidade vaginal mostrava indícios de grande brutalidade, as tuas coxas tinham várias nódoas negras e tinhas vários arranhões na – interrompi-o rapidamente.
- Eu quero ficar sozinha! – disse chorando enquanto apertava os meus dedos contra o colchão da cama. Geoff assentiu lentamente com a cabeça mas a rapariga pousou levemente a sua mão sob o meu ombro, acariciando-o.
- Eu quero ficar sozinha! – disse mais agressivamente.
- Vamos Ruth, vamos deixar a paciente descansar. – ele disse abrindo a porta.
- Mas pai ela precisa de apoio, ela precisa de alguém que – Geoff interrompeu-a rapidamente.
- Ruth, não me faças arrepender de te ter oferecido estágio neste hospital, sabes perfeitamente que tens de respeitar o protocolo. – disse repreendendo-a. Ela olhou para mim suspirando e de seguida precipitou-se para a porta pela qual Geoff já tinha saído.
- Achas que posso voltar mais tarde? – ela perguntou meio a medo. – Como visita talvez ... para não chatear o meu pai ... ele não gosta que eu ande pelo hospital de bata fora do horário de estágio.
Não respondi. Não queria falar com ninguém. Virei a cara para o lado oposto da porta e esperei até que ela saísse. Assim que a porta bateu senti o meu coração a palpitar e as lágrimas a escorrer pelo rosto. Não conseguia controlar, era demasiada informação para assimilar. Naquele momento cada pedaço do meu corpo doía e eu sentia-me completamente impotente. A única coisa que podia fazer naquele momento era chorar e foi tudo o que eu fiz.
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Bulletproof Heart
Teen FictionA vida por vezes é uma constante tortura, e Rose Benson vai senti-lo bem na pele. Foi confrontada com grandes problemas na sua infância que a obrigaram a amadurecer depressa. Será que esta conseguirá ter uma vida estável, sem preocupações? Conseguir...