Alice nunca acreditou em histórias de terror. Ela nunca gostou de coisas deste tipo.
Aliás, nunca procurou coisas deste tipo.
Mas seria mentira se dissese que ela não estava sempre navegando na internet.
Ela era uma adolescente comum, que podia passar horas na frente de um celular ou computador.
Ela não gostava de demonstrar as outras pessoas que ela tinha uma vida ruim. Gostava de passar coisas boas as pessoas a sua volta, esperando, inconscientemente, que estas mesmas pessoas lhe enviassem a devida atenção.
Alice, sendo a adolescente que era, não se preocupou com o fato de haver um acampamento no meio do ano. Pra dizer a verdade, ela não se preocupava com mais nada à tempos atrás.
Enquanto as folhas alaranjadas caiam perante o por do sol, como uma preparação tão natural quanto o canto dos pássaros, a pequena Alice corria e se trancava no quarto, em uma tentativa falha de fugir dos abusos irreparáveis daquele que um dia ela chamará de pai.
Ah se esse fosse o maior problema... Mas não era. Infelizmente, aquele não era o maior problema.
O bulliyng, os abusos, as notas baixas e a pobreza, não chegavam aos pés de seu maior problema no momento.
Para falar a verdade, o problema maior, não a afetava diretamente.
Afetava a sua mãe.
Aquele sim era o maior problema.
Ela se sentia impotente por não conseguir fazer nada por sua mãe. Protege-la de Tom, homem que um dia foi seu pai, era uma prioridade impossível.
-Ashiley, você deveria ter ensinado a sua querida filhinha a não bater a porta para o paizinho dela. -Ele praticamente gritou do outro lado da porta.
-Alice, a mamãe te ama, não se esqueça! -A mãe da garota gritou do outro lado da porta, deixando bem entendido entre linhas o seu adeus.
A garota pulou a janela e correu tanto quanto pode, para a casa de sua colega mais próxima, torcendo para que houvesse alguém na mesma.
Aquilo foi o mais próximo que a garota chegou de um adeus.
Já faziam seis anos. As torturas dela e de Ashley já haviam acabado a seis anos. Alice era uma criança de seis anos quando tudo aquilo aconteceu, o que lhe rendeu uma grande estadia em um orfanato qualquer de Seatle.
Imaginar tamanha dor para uma criança é quase desumano, mas ela era forte e nada mais a abalou desde então. Era quase normal a vida no orfanato. Ela permanecia sozinha tentando entender toda essa maldade encubada no mundo.
Ela não saberia como reagir caso aquilo acontecesse de novo.
Ela rezava entre linhas para que aquilo não acontecese de novo.
Ela era brilhante, porém, ao alvorecer de cada dia, a garota perguntava-se o porque de tudo aquilo.
Ela não tinha amigos, não tinha família, não tinha bens materiais, não tinha mais bons sentimentos, não tinha mais nada.
Ela se sentia deslocada, por mais que vivesse em um grande orfanato, com outras pessoas que passaram pela mesma situação, por coisas parecidas ou até piores, era simplesmente impossível ser popular.
Já com as barracas armadas em torno de um grande círculo de troncos, Alice esperava tediosa pela próxima atividade.
Ela não queria estar ali. Não queria estar no meio de todas aquelas pessoas hipócritas e cheias de vaidade.
Garotas que matariam para ter uma tomada ou garotos que dariam suas próprias vidas para "dormir" junto de suas garotas.
Ela suspirou pesadamente e olhou por entre as árvores.
Havia um grupinho de garotas a sua direita, que reclamavam sem parar da sua falta de maquiagem ou dos cabelos escovados. Os garotos haviam saído para buscar lenha.
Ao olhar inúmeras vezes para as árvores, ela viu uma coisa suspeita, aparentemente um desenho em uma árvore fina.
Ela levantou-se do tronco e andou cegamente até a árvore, esta que continha um desenho estranho de um boneco de pernas e tronco longos ao extremo, algo estranho e ligeiramente assustador.
Ela pareceu não perceber que sua curiosidade tomava seu corpo de tal maneira.
Ela passou sua mão em cima do desenho, estreitou os olhos e abriu sua mente e seus ouvidos, deixando que ambos explorassem o lugar.
E então ouviu um pequeno estalar mais a frente, como um quebrar de folhas secas.
Ela seguiu em frente, ignorando totalmente os pedidos e concelhos dos acompanhantes do acampamento.
Ela foi entre cada árvore, caçou o som como uma leoa caça zebras. Ela não sentiu medo, mandou que os seus sentimentos se afastassem por completo.
Então ela parou. Parou bruscamente.
Passos em cima das folhas e galhos secos foram ouvidos, ela se achou uma esquizofrênica por fora, mas por dentro, pela primeira vez em anos, ela se sentiu completa.
Ela não se virou para ver o que estava atrás dela.
Ela colocou a mão sobre o ventre e curvou sua cabeça um pouco para o lado.
Foi sentido sobre a pele da garota uma grande mão, que afastou os cabelos curtos e castanhos da garota de seus olhos e orelha.
O dono da mão aproximou seu rosto completamente vazio da orelha da garota e permitiu que ela ouvisse sua voz.
Você quer vir comigo?
-Sim.
Você não tem medo.
-É bom não sentir medo.
Vou te levar a um lugar onde você poderá ser feliz.
A garota estendeu sua mão e deixou que a figura grande a levasse embora.
Pra longe de qualquer um, pra longe de qualquer lugar, pra longe de qualquer loucura.
Só ela e o pequeno Slenderman.
...
Yey!
Bom, eis minha primeira fanfiction de creepypasta.
Espero que curtam e me desculpem por qualquer possível erro.
Beijo da tia Judy! Até mais ♥
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Little Slenderman
HorrorSangue e suor não seriam o suficiente, laminas e vidro é pouca tortura, o pior que podemos passar é o melhor que pode a atingir.