Capítulo XI

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Pedro

    Melissa desce as escadas e por sua expressão, sei que a conversa com Amanda não adiantou de nada. Ah, mulher teimosa da peste.

   - Pedro, ela não quer falar com você agora, a Amanda é muito orgulhosa é melhor deixa-la esfriar a cabeça. Amanhã vocês conversam.

    Vou para casa irritado, tomo um banho e deito pra dormir, reviro na cama de um lado para o outro e o sono não vem. Minha cama ainda tem seu cheiro e eu penso que em uma hora dessas, era para ela estar aqui comigo. Deveria ter quebrado a cara daquele desgraçado antes, soco o travesseiro, cubro os olhos com um braço e puxo o sono. Daqui a pouco o dia clareia.

    Acordo com Gabriel batendo em meu braço, o dia já amanheceu e estou atrasado para a ordenha, chego ao curral e os outros vaqueiros já tem terminado o serviço. Vou para a baía de Lampião e vejo que ele está bem, passo uma nova camada de pomada, em seu ferimento. Coloco feno dentro de uma cesta que fica pendurada em sua baía e saio para ver os outros cavalos.

   Ao voltar para o curral avisto Amanda saindo de casa, junto com Mel, ela está de óculos escuros e não consigo ver sua expressão direito. Elas entram na caminhonete da Melissa e partem. Se Amanda me viu, fingiu que não me notou. Se ela quer assim, não vou ficar que nem besta, correndo atrás dela.

   Coloco água e ração para os bezerros, Gabriel se junta a mim e não me aguento e acabo perguntando para onde aquelas duas foram. Ele me diz que elas foram novamente, para a cidade.

   Ao meio-dia os pais de Melissa já haviam chegado de viagem e nada delas aparecerem. Acabaram chegando só à noitinha, eu já estava quase enfartando, ao imaginar Amanda se encontrando com aquele filho de uma égua.

    O Senhor Durval veio falar comigo, disse que na vinda para a fazenda, se encontrou com o velho Raimundo Menezes, que lhe contou o que havia acontecido por aqui, na sua ausência. Já me preparei para o sermão, pensando que era sobre a briga com Ramon, mas o velho só falou dos bois e das cercas quebradas. O patrão avisou também que comprara um cavalo para vaquejada, que chegará amanhã e quer que eu o treine.

    Chego em casa e Gabriel está jogado no sofá, vendo filme.

    - Vai dormir em casa hoje, mano? – Pergunto só para fazer graça.

    - É o jeito, os sogros tão em casa. E você e a Amanda? Já se resolveram? – Ele pergunta, suspiro cansado e me sento ao seu lado.

   - Não, a Amanda é mais arisca que égua nova, me evitou o dia todo.

   - Ah Pedro, tu tá dando muito mole pra ela, chega e mostra quem manda. – Sorrio de seu jeito de falar.

   - Se eu fizer isso, aí que ela não olha na minha cara mesmo. A dona Sebastiana deixou comida? Tô morrendo de fome. – Pergunto

   - Deixou sim, tá lá na cozinha. – Ele responde e vou para o meu quarto, tomo banho e janto. Preciso dormir cedo e é isso que faço.

   Pela manhã chegou o cavalo, ele é da mais alta genética, top de linha das vaquejadas. Levo-o para o local onde treino e o ensino comandos básicos. Como se portar ao pé da porteira e como se alinhar ao boi. Após banhá-lo o levo para a baia em que ele irá ficar. Encontro Mel e Amanda, Melissa pede que eu sele um cavalo, o faço e pergunto se a Amanda quer um também, ela me olha de cara fechada. Eu sorrio, sei que ela não sabe cavalgar.

   - Mudei de ideia, vou querer um sim. – Ela cruza os braços, me desafiando. Não vou concordar com isso.

  - Não Amanda, eu não vou selar um cavalo pra você. Você não sabe montar, seria perigoso. – Eu a alerto.

Irmãos SaldanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora