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Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre (Clarice)

Meu nome é Violeta mas todos me chamam de flor, é todos não só os mais íntimos como meu pai, minha melhor amiga Júlia, e meu melhor amigo Miguel. Esse nome quem escolheu foi minha mãe eu não cheguei a conhece-la, ela morreu quando eu ainda era de colo, meu pai diz que ela ama a flor Violeta, e que quando quis colocar esse nome em mim eles brigaram muito, meu pai achava estranho uma criança com o nome de uma flor, mas ele acabou concordando, por que segundo ele minha mãe sabia muito bem convence-lo de algo. Ele a amava muito e era muito feliz ao seu lado, mas nada era perfeito por que vida não é assim, meu pai nunca me contou o que realmente aconteceu, mas sempre deixava escapar coisas como:' A vida não era tão fácil," "As pessoas que confiamos no final nos decepciona, por isso tenho medo que sinta essa dor flor."

Por isso meu pai é um tanto protetor, eu não o julgo porque sei que ele faz para o meu bem, na verdade eu não consigo dizer o que sinto ou como me sinto não gosto de pensar na possibilidade de magoar alguém. Por isso sempre me esforço para entender essa superproteção do meu pai, eu sou cega, não enxergo desde que nasci, por isso tudo a minha volta é adaptado para mim, minha casa, meu quarto, e até mesmo nossos empregados, não tenho telefone por que não sou muito ligada a isso, mas ando com uma relógio que contém os números mais importantes, do meu pai, o de casa, dos meus dois melhores amigos Julia e Miguel, e é claro da polícia. O aparelho que uso no pulso foi completamente adaptado para mim. Mas com todos esse cuidados exagerados do meu pai eu acabo me sentindo estranha, como um peixe fora da agua, isso é sufocante e se me perguntarem se eu me sinto normal a resposta será não, só tem um lugar e uma coisa na vida que faz com que eu me sinta normal e até mesmo viva, é a minha dança, sim eu sou uma bailarina, danço desde que tinha nove anos, quis seguir o caminho de minha mãe, sempre fui muito decisiva em meus sonhos. Meu pai diz que ela era uma das melhores bailarinas do Rio de janeiro, e ele era cantor de uma banda de rock, essa combinação parece impossível mas não é, ele se apaixonou por ela quando a viu dançar em uma apresentação em seu colégio, correu atrás dela por muito tempo, até que um belo dia ela aceitou sair com ele, os dois viveram uma paixão intensa e feliz, então ela engravidou de mim, e tiveram que deixar o sonho de lado para poder cuidar de mim, mas em nenhum momento ele parou de ama-la.

Hoje é o primeiro dia de aula me levanto com um despertador tocando, vou para o banheiro fazer minha higiene, volto me troco e desço para meu café. Eu consigo me movimentar muito bem em casa até por que como eu disse ela é adaptada para mim, mas quando estou fora daqui preciso de minha bengala e até mesmo a ajuda de meus amigos.

- Bom dia pai! – digo animada entrando em nossa cozinha, sei que ela está movimentado por conta de nossos empregados escuto muito bem cada passo e movimento, mas sei também que meu pai está aqui pois sinto seu cheiro de pós barba de longe, é o seu cheiro sua marca, tenho essa mania que não é nada normal de distinguir as pessoas pelo seu cheiro, eu sei que é estranho mas para mim fica bem mais fácil e até me faz me sentir única, por que sinto que isso é algo meu, unicamente e exclusivamente meu.

- Bom dia flor- ele diz beijando minha testa

- Então animada para seu último ano – ele pergunta

- Estou sim pai

-Não gosto da ideia de não poder te levar, mas é que hoje eu realmente estou lotado de reuniões para fazer.

- Tudo bem pai, eu intendo- sorrio pra tranquilizá-lo, mas sei que não irá funcionar

- Mas é o seu primeiro dia, é nossa tradição sempre te levo no primeiro dia. sinto que ele está um pouco desapontado

- Pai tudo bem, não é o fim do mundo, e outra o Miguel e a Julia iram cuidar de mim. Ah por falar nisso obrigada por convencer o pai do Miguel deixá-lo terminar o ensino em nosso colégio.

O pai do meu melhor amigo queria que ele fosse para o seu último ano em um colégio preparatório, com carta de recomendação e tudo para as faculdades mais conceituadas de Direito. Mas meu amigo não queria assim como Julia e eu, então pedi para meu pai eu praticamente implorei para que ele conversa-se com o seu melhor amigo, e assim ele fez.

- Que isso querida não foi nada, não faz menor sentido no que ele estava pensando, o colégio de vocês é um dos mais conceituados do rio, claro que ele vai conseguir entrar em uma ótima faculdade.

- Certo, não sei porque os pais ficam nessa paranoia, no ultimo ano dos filhos, sobre faculdade e tudo mais, é muita pressão – digo fazendo meu pai dar uma risada

- é por que pensamos no bem de vocês querida, mas você sabe que eu não sou assim, quero que saiba bem o que quer cursar – meu pai diz me deixando feliz, eu não preciso nem pensar duas vezes, eu sei que quero ser uma bailarina profissional.

Terminamos o café e ficamos do lado de fora esperando meus amigos, assim que chegam meu pai me ajuda a entrar no carro e colocar o cinto de segurança, fechando a porta na sequência. Comprimento meus amigos, eles me cumprimentam de volta.

- Então podem repetir a regras, para que eu me sinta mais seguro- meu pai diz

- Cuidar de Violeta, não a deixar sozinha e nem com estranhos. – os dois repetem como num coro, se divertindo muito com a situação. Coloco as mãos em meu rosto para tentar amenizar a vergonha, meu pai exagera demais.

- Chega pai – digo

- E você mocinha, nada de tirar esse relógio do seu pulso, como você fez da última vez na aula de artes

- Tudo bem pai, agora precisamos ir

- Certo...- ele parece lutar internamente para deixar que eu vá, ele beija minha testa pela última vez, desejando uma boa aula. Então partimos

- Acho que é isso nosso último ano-digo para meus amigos sorrindo

- ISSO! – Julia grita

- MUITA ORGIA, FESTAS MULHERES PELADAS E DROGAS, COMO EU AMO SER JOVEM- Miguel grita de um modo exagerado como sempre, dou risada

- Miguel! – digo o repreendendo fazendo ele e Julia darem risada.